Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 221

Perto das estações de trabalho.

Amanda vinha escutando toda a conversa, especialmente o tom de Beatriz, que falava com certo orgulho sobre sua boa relação com o Sr. Eduardo.

Cerrou os punhos. Em seus olhos baixos, brilhou por um instante algo entre ódio e inveja, misturado à frustração e a uma indignação contida.

O Sr. Daniel não a havia demitido. Mandou que se desculpasse publicamente no grupo geral da empresa. E agora, mais essa...

A senhorita da família Martins era amiga de Beatriz, ainda por cima tinha uma relação próxima com o Sr. Eduardo, e o Sr. Daniel... Bem, esse deixava evidente que gostava dela. Já havia até se declarado abertamente.

Era inevitável: Beatriz ganharia cada vez mais espaço no departamento. Ser efetivada e ainda promovida a líder de equipe? Era quase certo. Enquanto isso, ela, Amanda, que já a havia provocado no primeiro dia, agora só podia esperar represálias.

Estava cada vez mais preocupada com o próprio futuro — arrependida até os ossos de ter implicado com Beatriz logo no início e, mais ainda, pela cena que protagonizara na noite anterior, tentando humilhá-la.

Na estação de trabalho, restavam dez minutos para o fim do expediente. Beatriz, à vontade, matava o tempo reclamando com Letícia sobre o irmão. Digitava com tanta força que parecia que o teclado soltaria faíscas. Fazia questão de deixar claro o quanto estava furiosa.

Letícia, por sua vez, já jantava.

O celular dela vibrava sem parar. Ao dar uma olhada, nem teve tempo de responder. Bia havia mandado nada menos que vinte e oito mensagens seguidas.

Rolou até o início da conversa e começou a ler uma a uma. Quando terminou, ficou paralisada. A mão com o garfo parou no ar.

“Meu Deus, meu Deus!

O homem super ultra narcisista, o sem noção mal-educado, o cachorro escroto que me fez passar vergonha de propósito, o lixo dos pés à cabeça...

Era o irmão dela.

Sim, o próprio irmão dela!”

Passado o choque inicial, uma dúvida ainda maior a invadiu.

“Por que o meu irmão teria motivos para provocar a Bia daquele jeito? Será que já se conheciam? Mas... Quando teriam se encontrado?”

Confusa e sem entender absolutamente nada, Letícia continuou lendo. As mensagens continuavam chegando. E então, descobriu como os dois haviam se conhecido. Sua expressão...

Era simplesmente impossível de descrever.

Acontece que os dois já haviam se encontrado no dia em que o irmão dela voltara , bem naquela noite, na frente do Restaurante Mistura.

Naquele dia, Letícia havia brigado feio com a família, por estarem forçando ela a “dar uma chance” ao Gabriel. Acabara pedindo para a Bia ir buscá-la.

Estava até com medo de responder às mensagens. Tinha receio de sobrar para ela também. A Bia, que sempre foi calma e paciente, agora o estava destruindo no WhatsApp, sem dó.

E pensar que no início ainda entrou na brincadeira, fazendo piada com a Bia...

Dava vontade de voltar no tempo e dar um tapa na própria cara por ser tão bocuda.

Olhando para o celular, sentia-se culpada, ansiosa, inquieta. Não queria nem encarar a tela. Depois de pensar muito, reescrevendo várias vezes, enfim enviou uma mensagem:

Do lado de fora da Aurora.

Dez minutos já haviam passado. Beatriz pegou o celular quando saiu para jantar. Só quando entrou no elevador e desceu é que viu a resposta de Letícia:

[Então, Bia... Olha, culpa de irmão não deve cair na família, né? Eu continuo sendo sua melhor amiga, certo? 😇]

Beatriz respondeu, seca:

[Você e seu irmão são julgados separadamente.]

Letícia soltou um suspiro de alívio. Ufa, ainda bem. Bia era uma mulher justa, amor e ódio bem separados.