Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 303

Eduardo levantou os olhos, mas logo voltou a abaixá-los. Espetou o último pedaço do filé e comeu, sem pressa.

— Não tô curioso. Não tem nada a ver comigo. — Disse ele, limpando a boca com o guardanapo, num tom calmo e distante.

Leonardo arqueou a sobrancelha.

— Pela sua cara pensativa agora há pouco, eu jurava que você estava morrendo de curiosidade.

— Só achei estranho. Foi a primeira vez que ouvi falar de um casamento por contrato de dois anos, só isso. — Respondeu Eduardo, impassível.

Leonardo deu uma risadinha, mas não insistiu no assunto. Terminaram a refeição, e Eduardo se adiantou em pagar a conta.

— Valeu, amigo. Na próxima é por minha conta. — Disse Leonardo.

— Não precisa. — Respondeu Eduardo.

— Ih, não vai aceitar? A Beatriz falou que vai me chamar pra um jantar de agradecimento. Eu podia te levar junto, hein. — Disse Leonardo, sorrindo com malícia.

Eduardo ficou em silêncio por meio segundo.

— Não é comigo o convite. Não vou. — Respondeu, com o rosto inexpressivo.

Ao sair do restaurante, Leonardo observou o jeito dele se afastar.

“Tinha alguma coisa naquela resposta... Parecia birra.”

— Você ajudou a encontrar as provas. Ela devia te agradecer, né? — Disse Leonardo, apressando o passo para acompanhá-lo.

— Não precisa se preocupar. — Disse Eduardo, seco.

Ele sabia que a irmã dele com certeza contaria à Beatriz. Na hora certa, ela viria agradecer.

— Ué, fazer o bem e não deixar o nome? Vai ser o santo anônimo agora, todo altruísta? — Provocou Leonardo.

— Você não contou que fui eu quem ajudou a encontrar aquelas provas? — Perguntou Eduardo, parando por um instante.

— Não. — Respondeu Leonardo, simples assim.

Eduardo franziu a testa.

— Então ela deve achar que foi você?

— Tá com medo de eu ficar com os créditos pelo seu esforço? Você tem boca, né? Vai lá e conta pra ela. — Disse Leonardo, balançando a cabeça, como quem não acredita no que tá ouvindo.

Mas agora, se ele mesmo fosse contar...

Ia parecer que queria se exibir, cobrar reconhecimento, como se dissesse: ‘Olha o que eu fiz por você’.

Não. Melhor esperar a Letícia contar. Ele não ia falar nada.

Enquanto conversavam, chegaram ao estacionamento subterrâneo e pararam ao lado dos carros.

Eduardo abriu a porta do dele, e Leonardo ficou parado com os braços cruzados, encarando:

— Então? Quer que eu fale ou você vai falar?

— Não precisa você falar. — Respondeu Eduardo.

Leonardo ouviu aquilo e abriu um sorriso de orgulho, como se dissesse: “Esse garoto tá aprendendo.”

Eduardo deu partida no carro. Leonardo também entrou no seu e colocou o cinto.

Mal tinha ajeitado o espelho, o carro do amigo já dava a volta e parava ao lado do seu. O vidro baixou.

— Eu e a Beatriz nos desentendemos um pouco da última vez que nos vimos. Depois, mandei um perfume como forma de pedir desculpas. Nada demais aconteceu, então não tem por que perguntar nada pra ela. — Disse Eduardo, olhando de lado pela janela.