Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 329

— Aquele lá de fora... O Sr. Henrique autorizou que ele vá trabalhar na empresa. E não em qualquer lugar, na sede. — Disse o mordomo, com tom comedido, mas firme.

— É um alerta. Um aviso claro. O senhor construiu muito até aqui, mas não jogue tudo fora por uma birra. — Completou.

“Aquele” quem era, Gabriel sabia muito bem.

O filho bastardo do pai. O irmão que ele nunca reconheceu.

No passado, o avô sequer aceitava pronunciar o nome dele, muito menos permitir que entrasse no registro familiar. Agora... Estava admitido na sede da empresa?!

— O vovô aprovou isso mesmo?!! Quando? — Exclamou Gabriel, os punhos se fechando, a voz tomada por fúria e incredulidade.

“O filho da amante? No Grupo Pereira?

Ele nem é um Pereira de verdade!”

— Foi ontem à noite. — Respondeu o mordomo, com calma resignada. — E não foi impulso. Tudo o que o senhor tem feito ultimamente tem deixado o Sr. Henrique profundamente desapontado.

— O que eu fiz de tão errado?! Só não quero me divorciar! É proibido um homem lutar pelo próprio casamento agora?! — Gritou Gabriel, entre os dentes.

A fúria subiu tão rápido que o estômago voltou a se revoltar. Ele levou a mão ao abdômen, tentando conter a dor, respirando fundo para se acalmar.

O mordomo, do outro lado da linha, permaneceu em silêncio. Ele era apenas o mensageiro. Não tinha o poder de discutir, muito menos de alterar as decisões do patriarca.

Por fim, Gabriel encerrou a ligação com força. Ainda calçando as sandálias descartáveis do hospital, saiu do quarto e ordenou ao segurança à porta:

— Pra casa. Família Pereira.

No carro.

O segurança o levou de volta. Durante o trajeto, Gabriel pegou o celular e ligou para Rafael, seu assistente, que atendeu com voz sonolenta, claramente tirado da cama.

— Os advogados ainda estão na Cidade A? — Perguntou Gabriel, direto, com tom gelado.

Rafael engoliu seco.

— Não, senhor... Eles... Já voltaram... A passagem foi emitida ontem à noite, cada um seguiu para sua cidade...

— Foi ordem do Sr. Henrique! Eu... eu não pude desobedecer... — Explicou rapidamente, quase gaguejando.

— Mande eles voltarem. Agora. — Ordenou Gabriel, de olhos fechados, o punho trêmulo de raiva.

— Sr. Henrique proibiu. E… E os honorários já foram pagos. — Respondeu Rafael, quase sussurrando, como se tivesse medo de levar uma bronca ao vivo. — Além disso, acatamos oficialmente a decisão da primeira instância. A apelação foi cancelada.

Tudo aquilo fora resolvido durante a madrugada.

Rafael leu o texto e sentiu um arrepio percorrer a espinha.

Toda a sonolência desapareceu na hora.

Suspirou fundo. De um lado, Sr. Henrique. Do outro, Sr. Gabriel.

No meio disso tudo, ele. Um simples assistente tentando sobreviver.

Mas ordens eram ordens. Teria que fazer e com discrição. Começou a preparar os contatos com novos advogados.

Do outro lado da cidade, Gabriel acabava de chegar à mansão da família Pereira.

Sr. Henrique mal havia terminado o café da manhã, quando viu o neto cruzar o pátio apressado, praticamente marchando com raiva nos olhos.

Com um olhar sarcástico, soltou:

— Então já tá curado? Pelo jeito, não estava à beira da morte como parecia.

Gabriel cerrou os punhos, respirou fundo e foi direto ao ponto:

— Vovô... Por que o senhor autorizou aquele bastardo a entrar na sede da empresa? O senhor sabe muito bem que ele não tem lugar! E também sabe o que meu pai fez com a minha mãe! Ele matou ela de desgosto!