Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 396

— Ele já agrediu homens que se aproximaram de mim sem motivo algum. Depois, começou a me seguir em restaurantes e até causou confusão na empresa onde trabalho. Só parou de aparecer na minha frente porque a família dele o tem controlado. — Beatriz repetiu, com a voz firme.

— Após o divórcio, qualquer atitude agressiva dele não é mais considerada questão familiar, mas sim crime direto. — Explicou a policial. — Se algo semelhante voltar a acontecer, a senhora precisa denunciar imediatamente.

Beatriz pensou consigo mesma:

“Eu já denunciei.

Mas, na Cidade A, a família Pereira era praticamente uma muralha.

Com o Sr. Henrique por trás, como Gabriel poderia realmente ser punido?”

Ela estava exausta daquela vida. Mesmo longe dele, parecia impossível escapar de suas garras.

O Sr. Henrique colocava gente para vigiar Gabriel e restringir seus movimentos, mas, mesmo assim, ele ainda arrumava meios de monitorá-la, seguindo cada passo seu, cada pessoa que encontrava, cada lugar onde entrava.

Era como viver com uma sombra podre e úmida grudada nas costas.

Algo que se arrastava silenciosamente, mas nunca sumia.

Assustador. Doentio.

Passaram-se pouco mais de dez minutos.

Dois homens entraram na delegacia, um deles era Gabriel, o outro, seu assistente Rafael, que o acompanhava.

Gabriel parecia completamente transtornado.

Como um rato que passou a vida espreitando pelos cantos e, de repente, teve a tampa do bueiro arrancada, exposto, à luz do dia.

Ele estava tenso, com as costas rígidas, suor frio escorrendo pela testa.

As palmas das mãos tremiam, sem força.

Ele estava com medo.

Medo de Beatriz odiá-lo.

Medo do olhar dela, gelado, afiado como uma lâmina.

Medo de não conseguir mais voltar atrás.

— Você é Gabriel? — Perguntou a policial, olhando diretamente para ele.

Terno caro, aparência impecável...

Mas por dentro? Um verdadeiro rato de esgoto.

Impressionante como alguém podia parecer tão limpo por fora e ser tão podre por dentro.

Mas Gabriel nem ouviu a pergunta.

O olhar dele varria a delegacia, desesperado, procurando por alguém.

E então viu, através do vidro da recepção, Beatriz.

Correu até a porta, quase tropeçando, a voz rouca de urgência:

— Beatriz! Eu... Eu não queria te vigiar! Juro que não era minha intenção te fazer mal! Você tem que acreditar em mim! Sim, fui eu que contratei aqueles homens, mas... Eu nunca quis te machucar!