Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 459

Afinal de contas... Por que ela faria isso com ele?

Letícia não tinha razão nenhuma pra querer zoar com a cara dele.

Ele nunca a tratou mal. Nunca lhe fez nada de ruim.

Pensando bem, tudo o que ela disse e fez naquela noite fazia sentido.

A surpresa no rosto dela quando o viu...

Era por tê-lo reconhecido, não foi encenação. E por isso, foi embora com ele sem hesitar.

Quando ele ofereceu o suco, ela aceitou e bebeu sem desconfiança, porque confiava que ele jamais faria mal a ela.

Disse que não estava namorando.

Disse que o irmão era protetor.

Disse que Leonardo tinha mais ou menos a idade do irmão...

Tudo se encaixava.

Leonardo ficou parado, olhando pro nada.

Então o problema era ele mesmo.

Ele é que não perguntou o nome.

Preferiu começar o jogo da conquista, envolver, encantar, pra só depois saber quem ela era.

Confiança demais na própria lábia.

Sempre deu certo no passado.

Dessa vez, quebrou a cara.

“Quem vive na beira do rio, uma hora acaba molhando o pé”, pensou, enquanto escondia o rosto nas mãos, sem forças nem pra xingar.

Ficou assim por uns bons dez minutos.

E então soltou um longo suspiro, ligou o carro e saiu em direção a casa, derrotado.

A única coisa que o consolava era saber que Letícia não contaria nada pro Eduardo.

Pelo menos não precisaria lidar com o melhor amigo tentando matá-lo ao vivo no escritório.

Naquela mesma hora, do outro lado da cidade...

A estrada larga, bem asfaltada, ecoava sob as rodas velozes de uma Ferrari conversível, que corria rente ao limite de velocidade.

O vento zunia nos ouvidos, os cabelos voavam descontroladamente.

Mas nem o barulho da estrada era capaz de abafar a voz de Letícia, que soltava sua indignação no banco do passageiro.

Beatriz, ao volante, ouvia tudo com perfeita nitidez.

— Pelo amor de Deus! Aquele cretino! Não me reconheceu, tudo bem... Mas me confundir com uma daquelas mulheres que ele vive tentando pegar?! Sabia até o compasso exato da valsa: “gira mais meia volta no terceiro oito”... Olha o nível! Só pode ter dançado com mais de cem mulheres pra decorar assim! E aquele comentário idiota: “parecia um eunuco conduzindo a princesa”... EU, a princesa?! Ele que virasse mesmo um eunuco, vê se me poupa! E ainda teve a cara de pau de dizer que só tinha três anos a mais que meu irmão... Três o quê?! SÃO CINCO ANOS, VELHO SAFADO! Se fazendo de novinho pra enganar!

Naquele momento, Letícia não fazia mais questão de manter a pose de dama.

Estava furiosa, os dentes cerrados, vomitando tudo o que tinha entalado na garganta desde o início da noite.

Acho que, até aqui, ele ainda não perdeu o último pingo de dignidade.”

Mas aí veio o golpe final:

— No final ele ainda veio com aquelas mãos de tarado, segurou minha mão à força e enlaçou minha cintura! — Disse Letícia, revoltada.

“Tá... Melhor. Ele é um cafajeste, mas pelo menos não é criminoso... Ainda.” pensou Beatriz.

— Na real, isso era de se esperar. Dançar junto implica em contato. — Beatriz tentou apaziguar.

— E eu não tava segurando o PULSO dele, por acaso?! Já era claro que eu não queria toque direto! — Letícia rebateu, irritada. — E ele ainda teve a pachorra de me girar no final, como se fosse cena de filme de romance! RIDÍCULO! Ele fez de propósito. Com certeza. Só pra tirar uma casquinha. Que NOJO. Hoje eu vou tomar banho por DUAS HORAS. Me sinto suja!

Letícia estava à beira de um colapso.

Beatriz pensou, com certo receio:

“Duas horas de banho? Vai sair sem pele desse chuveiro...”

Ela já tinha avisado antes, Cuidado com Leonardo.

Ele era astuto, cheio de manha, com anos de estrada nas costas.

O número de mulheres com quem ele já brincou dava pra formar um batalhão.

E Letícia...

Letícia tinha tentado caçar o caçador.

Agora, pagava o preço.