Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 458

— Vai se ferrar, rapaz! Só fala besteira! — Riu Emerson, dando um tapa de leve no ombro de Leonardo.

Leonardo então olhou para Letícia, assumindo um tom protetor, quase de irmão mais velho:

— Lelê, aproveita a festa, tá? Eu já vou indo. A gente marca um dia pra sair com seu irmão.

— Eu também vou. Já fiquei o suficiente. Posso dizer pro meu irmão que cumpri a missão. — Respondeu Letícia, com um sorrisinho travesso.

Leonardo entendeu o recado na hora.

Ou seja, Eduardo é quem a tinha empurrado pra essa festa.

Lembrou-se de quando ela comentou que, nos fins de semana, não podia sair sozinha.

“Meu irmão cuida muito de mim.” Fazia total sentido agora. Combinava perfeitamente com o jeito controlador de Eduardo.

Como é que ele não ligou os pontos antes?

Pensando nisso, Leonardo quase soltou um suspiro alto.

No fundo, sabia que esse era o tipo de noite em que não deveria ter saído de casa sem consultar o horóscopo.

Fazia anos que não passava por uma vergonha tão grande, e logo na frente da irmãzinha de um velho amigo.

— Então deixa que eu te levo pra casa. — Disse, tentando se recompor e recuperar a compostura.

— Não precisa. Vim dirigindo. Mas podemos sair juntos. — Letícia respondeu com naturalidade.

Desceram do cruzeiro lado a lado e seguiram até o estacionamento.

Durante todo o caminho, nenhum dos dois disse uma palavra.

O único som era o das solas dos sapatos tocando o chão.

Um silêncio incômodo, quase sufocante.

Leonardo, que sempre tinha assunto pra tudo e pra todos, agora não conseguia dizer absolutamente nada.

A única coisa que queria era chegar logo ao carro e desaparecer dali.

Chegando perto dos respectivos veículos, prestes a se despedirem, Leonardo tomou coragem e chamou:

— Ei... Lelê...

Letícia parou e olhou por sobre o ombro.

— Então... sobre hoje à noite, entre a gente dois... — Murmurou Leonardo, visivelmente sem jeito, tentando dizer tudo sem dizer nada.

Porque, se Eduardo soubesse o que ele aprontou, ia invadir o escritório dele na manhã seguinte com uma faca na mão.

Mas, antes que ele completasse, Letícia respondeu, com um sorriso gentil:

— Obrigada por ter me ajudado mais cedo, Leonardo. E também por me ensinar aqueles detalhes de dança. Aprendi bastante com você.

Leonardo forçou um sorriso.

Literalmente congelado.

Os cantos dos lábios subiram, mas a alma ficou pra trás.

— Ah... Não precisa agradecer. Eu nem te ensinei nada de verdade. Foi só uma troca de ideias. — Respondeu Leonardo, com um tom claramente culpado, a voz mais baixa do que o normal.

— Mas foi uma troca muito valiosa pra mim. — Letícia respondeu, com um sorriso gentil e natural.

E assim, os dois se despediram.

Leonardo não entrou no carro imediatamente.

Ficou parado ali, observando Letícia entrar no veículo dela.

Somente depois que ela deu partida e saiu do estacionamento é que ele finalmente se jogou no banco do motorista.

Ficou alguns segundos com os olhos fixos no volante, sem foco, sem expressão.

E o pior, não tinha com quem desabafar.

Qualquer pessoa que ouvisse chamaria ele de monstro.

Apoiou a cabeça no volante, os braços caídos ao lado do corpo, soltando suspiros profundos um atrás do outro.

A mente girava sem parar, repassando cada detalhe da noite no cruzeiro.

Letícia... Tinha feito de propósito?

Desde o começo ela sabia quem ele era, o reconheceu logo de cara, e mesmo assim não o chamou pelo nome.

Deixou ele se embananar todo, flertar sem saber...

Fez papel de idiota, ao vivo.

Será que foi de propósito?

Será que ela queria ver ele se ferrar?

E ele... Ele que passou semanas tentando marcar com ela, e nada.

Se tivessem se encontrado antes, essa noite vergonhosa nunca teria acontecido.

Mas então...

Ele lembrou do olhar dela.

Tão puro.

Tão verdadeiro.

Aquele sorriso leve...

Não parecia ter malícia nenhuma.