Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 475

Seu rosto era mais alongado, enquanto o de Beatriz tinha o formato mais arredondado, um típico rosto em forma de ovo.

Seus traços eram mais abertos e marcantes, ao passo que os de Beatriz se concentravam no centro do rosto, com sobrancelhas e olhos de curvas suaves e delicadas.

Vitória refletia frente ao espelho, avaliando os detalhes.

Precisava decidir qual maquiagem usar para se aproximar da aparência de Beatriz.

Aquelas maquiagens pesadas, com batom vermelho vibrante que ela sempre adorou, estavam fora de questão.

Agora teria que adotar um estilo mais sutil.

Mais neutro.

Um visual suave que diminuísse a intensidade de seus traços naturais.

Enquanto pensava, começou a aplicar base, corretivo e pó no rosto, ajustando cada ângulo, cada linha.

Com cuidado, raspou até as sobrancelhas arqueadas no estilo europeu que costumava usar, aquelas que chamavam atenção de longe.

Mais de uma hora depois...

Ela encarou o reflexo com atenção.

Aquela mulher no espelho, de visual um tanto apagado, até simplório, agora lembrava muito mais Beatriz.

Vitória sorriu de lado.

Ótimo. Estava chegando lá.

Não deixou nada ao acaso.

Até o detalhe das pálpebras foi pensado: como tinha olhos pequenos e monolíneos, decidiu que usaria fita para criar a ilusão de pálpebras duplas, inclusive enquanto dormia.

Além da maquiagem, também precisaria repensar completamente seu guarda-roupa.

Se antes adorava roupas sensuais, agora teria que adotar um visual discreto, quase brega.

Roupas que cobrissem tudo, sem deixar pele à mostra.

Uma mudança completa.

Olhou com desdém para o vestido branco sem graça que havia comprado às pressas.

A expressão no rosto era de puro desprezo.

— Fazer o quê... —Murmurou. — É a última etapa.

E se é pra se transformar, que seja dos pés à cabeça.

Não podia haver falhas.

Nenhuma brecha.

Nenhum erro.

Essa era a última chance.

Uma oportunidade maior que qualquer prêmio de cem milhões.

Era o passaporte para uma nova vida.

Vitória queria virar o jogo.

Queria sair do anonimato e entrar de cabeça no topo da sociedade, cercada de luz, riqueza e olhares de admiração.

Até hoje, não tinha conseguido descobrir de qual ramo da família Cardoso aquele tal de Renato fazia parte, dentro da elite da Cidade A.

Mas isso também não importava.

O que importava era que ele tinha dinheiro.

Muito dinheiro.

Deu mais uma volta em frente ao espelho.

Ajeitou o cabelo, conferiu o perfil.

E como sempre foi de ação, não de palavras... Vitória já começava a fazer contatos.

Enquanto isso, em outro canto da cidade...

Na cela da detenção provisória.

O tempo corria, e o julgamento de segunda instância estava marcado para depois de amanhã.

Gabriel continuava preso, impossibilitado de comparecer pessoalmente.

Restava apenas confiar no advogado.

Dessa vez, ele não usou Rafael como intermediário.

Pegou o telefone e ligou diretamente para o defensor.

Mas manteve-se cauteloso.

Usou a palavra “projeto” como código durante toda a conversa.

— Você tem que fazer de tudo pra garantir esse projeto. —Disse Gabriel, com voz firme, quase uma ordem. — Não posso perder isso. Já falharam uma vez. Agora não quero mais decepções.

— Pode ficar tranquilo, Sr. Gabriel. —Respondeu o advogado do outro lado da linha. — Já revisei toda a documentação. Está tudo muito sólido. Temos chances reais de vitória. Não vamos errar.

Ao receber a resposta afirmativa e confiante, Gabriel se deu por satisfeito.

Encerrada a ligação, olhou ao redor daquela cela quadrada e sufocante, uma gaiola de ferro decadente.

Se ganhassem o processo, ele sairia dali.

Livre.

E a primeira coisa que faria...

Seria buscar Beatriz. Levá-la de volta.

E dessa vez, nem o avô teria argumentos para impedir.

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