Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 478

— Trouxe os fios de cabelo antes de sair. —Disse Vitória com naturalidade e um tom calmo e confiante. — Assim poupamos tempo. E, se o resultado não bater, cada um segue sua vida sem prejuízo.

Objetiva. Segura. Impecável.

Renato estendeu a mão e pegou o pequeno saco plástico.

Observou os fios de cabelo dentro dele, com atenção.

Depois, ergueu o olhar para ela e disse:

— Você pensou em tudo. Agradeço por sua colaboração, Srta. Vitória.

Vitória respondeu com um sorriso doce, a voz suave e perfeitamente medida:

— É o mínimo. Afinal, reconhecimento de família não é uma coisa qualquer.

Renato guardou o saquinho no bolso do paletó.

Depois, se recostou levemente no banco estofado do canto, cruzando as mãos sobre a mesa com naturalidade.

Era hora de esclarecer o que restava de dúvidas.

Com um tom ponderado, começou a perguntar:

— Qual era o nome do orfanato onde você ficou?

Ao ouvir isso, o olhar de Vitória brilhou discretamente.

Exatamente como previsto.

Ela já sabia que essa pergunta viria, e por isso havia se adiantado em modificar os arquivos.

— Antigamente se chamava Casa dos Anjos. —Respondeu, com serenidade. — Hoje em dia mudaram o nome. Agora é Lar Sol e Esperança.

Renato anotou mentalmente.

Depois prosseguiu:

— Você entrou no orfanato com quatro anos, certo? Como conseguiu escapar dos sequestradores?

Vitória inspirou fundo. Seu olhar ficou mais sombrio, umedecido por uma tristeza cuidadosamente construída.

— Não me lembro com clareza… —Disse, com um leve tremor na voz. — Só sei que corri muito naquele dia. Caí várias vezes, me machuquei... Lembro da dor. Depois, acho que alguém… Alguém me encontrou. Me levou até lá.

Era uma resposta vaga, mas carregada de emoção.

Suficiente para parecer verdadeira.

Do outro lado da mesa, Renato cerrou levemente os punhos sem perceber.

A ideia de uma garotinha de quatro anos, desesperada, correndo, assustada, caída no chão, sozinha...

Partia o coração.

Mesmo que a memória fosse fragmentada, o simples fato de ela guardar aquela sensação de fuga, dor e desamparo já dizia muito.

E, para ele...

Essa lembrança carregava mais peso do que qualquer palavra.

Mas, por mais cruel que fosse admitir...

Renato sentiu o peito arder.

Um nó se formou na garganta.

Ela havia sofrido tanto…

E mesmo assim, ali estava, forte, compreensiva, resiliente.

Ela deveria ter crescido cercada de amor, em uma casa segura, como uma princesinha feliz.

Mas o destino a lançou num mundo cruel e desconhecido.

E ela sobreviveu.

Se o resultado do teste confirmasse...

Se ela fosse mesmo sua irmã...

Ele não mediria esforços.

Daria tudo a ela. Tudo.

O melhor do mundo.

Compensaria cada dor, cada lágrima, cada noite de medo e solidão.

Eles conversaram mais um pouco, o clima agora mais leve, embora ainda envolto por uma tensão silenciosa.

Até que Renato tocou em um detalhe importante...

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