Do outro lado da linha, assim que ouviu aquela voz, Sr. Henrique engasgou o grito na garganta.
Não esperava que Renato estivesse ali mesmo, ao lado de Gabriel.
Gabriel também ficou em choque.
Olhou para Renato, incrédulo.
“Ele conhece meu avô?
E ainda fala com essa intimidade toda?!
Puta merda...”
Nenhum dos dois tinha dito nada!
Achava que não se conheciam, mas agora...
Só ele estava no escuro, enquanto os outros dois estavam claramente em sintonia.
Como se tivessem combinado tudo pelas costas dele.
— Entre mim e o Sr. Gabriel... Existe um certo histórico. — Disse Renato, com calma. — São questões pessoais, entre nós, da geração mais nova. Peço desculpas por qualquer transtorno, Sr. Henrique.
A voz era educada, polida. O tom cortês.
Nada do homem sombrio de minutos atrás, que parecia saído de um filme de máfia.
Gabriel soltou uma risada curta, debochada.
Duas caras. Que showzinho bem ensaiado.
Mas então ouviu algo ainda mais inacreditável vindo do viva-voz:
— Ah, com certeza foi culpa do Gabriel, aquele cabeça de vento! — Disse Sr. Henrique. — Não se preocupe, meu querido, não vale a pena perder a cabeça com ele. A culpa é minha, por não ter educado direito esse moleque. Vou dar um jeito nisso depois.
Gabriel ficou sem palvras...
“Como assim?!
Não era ele quem tinha apanhado?!
Como é que o avô podia tomar partido dos outros assim? E ainda sem nem perguntar o que aconteceu!
Afinal, quem é o neto de verdade aqui?!
Gabriel, indignado, não se aguentou e se meteu:
— Vô! Quem levou a surra fui eu! O Renato que partiu pra cima sem investigar nada! Eu sou a vítima aqui!
Do outro lado da linha, Sr. Henrique ficou em silêncio por alguns segundos.
— Renato não é do tipo que age sem pensar. — Respondeu, por fim. — Se ele fez algo, é porque tinha um motivo. E você, claro, não mencionou nenhum dos seus erros até agora.
“Beleza.
Tá claro.
Esse Renato é o neto favorito, e eu sou o adotado. Certo.”
Ele estava com tanta raiva que mal conseguia raciocinar.
“Desde quando esses dois se conhecem?
E como é que meu avô confia tanto nele?!”
Enquanto isso, Renato, tranquilo como sempre, se pronunciou:
— Sr. Henrique, pode deixar que eu e o Gabriel resolvemos isso entre nós. Não precisa se preocupar. Está tudo sob controle.
“Então foi ele o responsável por isso também?
Que tipo de neto faz o próprio avô parar no hospital por estresse?!”
Gabriel, sendo alvo do julgamento silencioso dos dois ao mesmo tempo, quase explodiu.
“Tudo bem, vô me xingar eu até entendo。
Mas esse Renato... Por que também tá me olhando assim?”
Ele revirou os olhos, depois lançou um olhar duro, direto, de volta.
Mas então veio o golpe final. A frase que doeu mais que qualquer soco:
— Ah... Estou ficando velho mesmo. Não tenho mais o mesmo pique do seu pai. Se ao menos tivesse um filho como você... Tão capaz, tão tranquilo. — Suspirou o velho, com certo pesar. — Se o Gabriel tivesse um décimo do seu caráter, eu nem teria motivo pra me preocupar tanto.
Aquilo parecia cena de filme em que os pais comparam o filho com o filho perfeito do vizinho.
Mas o problema era...
Ele já tinha vinte e quatro. Quase vinte e cinco.
E ainda assim, o avô não pensava duas vezes antes de elogiá-lo na frente de outro e rebaixá-lo como se não valesse nada.
Publicamente.
Na cara dele.
Na frente do homem que mais queria socar naquele momento.
Foi aí que Renato, talvez tentando suavizar a situação, disse educadamente:
— O senhor está exagerando. O Sr. Gabriel também tem suas qualidades, sim.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle
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Eu não entendo: se eu quero pagar pra ler porque os capítulos tem que estar bloqueados???? Isso desestimula a leitura!!!! Desbloqueia por favor!!!!...
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Eu não entendo. Quero pagar pra ler e vcs não desbloqueiam!!!!...
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