Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 57

Afinal, mesmo que mostrasse a gravação, Gabriel iria dar um jeito de arranjar alguma desculpa para livrar a cara da Vitória.

Quem ama, não vê defeitos. Para ele, tudo o que Vitória fazia era certo. E quanto a Beatriz... Ele só sentia desprezo.

Talvez, no fundo, ele até desejasse que ela tivesse morrido.

Beatriz curvou os lábios num sorriso amargo. Dois anos de dedicação… E o que recebeu em troca foi o desejo dele de vê-la fora da própria vida.

Naquele momento...

Vitória já havia voltado para casa de táxi, e imediatamente chamou um técnico especializado em informática.

Descobriu que o computador no escritório de Gabriel tinha senha. Tentou digitar sua própria data de nascimento... E no segundo seguinte, o sistema foi desbloqueado.

Seus lábios se curvaram num sorriso de vitória.

“A senha do computador e do celular são baseadas em mim... Se isso não é amor, o que seria?”

Vitória mandou o técnico apagar todos os registros das câmeras. Quando ele terminou, ela perguntou:

— Tem certeza de que tá tudo apagado?

— Pode ficar tranquila. Até os backups na nuvem foram deletados. — Garantiu o técnico, confiante.

Satisfeita, Vitória sorriu com alívio. Um peso enorme saíra de suas costas.

“Beatriz, Beatriz... Você continua sendo uma idiota. Teve a coragem de me contar que tinha câmeras em casa. Se não fosse por isso, eu nem teria notado. Apostou que eu não saberia a senha do computador do Gabriel, né? Que pena... Todas as senhas dele são baseadas no meu aniversário~”

Mais tarde, já passava das nove da noite quando Gabriel saiu do trabalho. Como de costume, foi direto ao hospital visitar Vitória, levando o lanche da noite que ela mais gostava.

— Gabi, leva um pouco lá pra cima, pra Bia. Ela acordou hoje. — Disse Vitória com um tom doce.

— Você foi ver ela? — Gabriel franziu a testa, desconfiado.

— Fui à tarde... Mas... A Bia parece que não quer muito me ver. — Respondeu Vitória, baixando os olhos, com a voz mansa.

— É ela que não tem coragem de te encarar. Olha o que ela fez com você! Até agora você ainda sente aquelas tonturas como sequela! — Respondeu Gabriel, visivelmente irritado.

— Mas a Bia também tá sofrendo... Vai ver ela, por favor. Tenho certeza de que tá morrendo de saudade de você. — Insistiu Vitória, com um tom doce.

— Não vou. — Gabriel respondeu sem hesitar, com uma firmeza cortante. — Já foi generosidade demais da minha parte não ter processado ela. Se ela tivesse um pingo de vergonha na cara, já estaria ajoelhada na sua frente pedindo perdão!

Vitória o observava fingindo preocupação, mas por dentro estava satisfeita com a raiva dele. Ainda insistiu um pouco, fingindo estar do lado de Beatriz… Até que finalmente mudou de assunto, contente por tê-lo ainda mais sob seu controle.

O prazo do contrato havia terminado. Ela estava livre.

Na portaria do condomínio, Beatriz esperava o carro com apenas uma mala pequena e uma bolsa. O porteiro até perguntou, sorrindo:

— Indo viajar, moça?

Mal sabia ele que aquilo era tudo o que ela possuía no mundo.

Tão simples. Tão vazio. Como se, durante dois anos, ela só tivesse estado ali de passagem.

O carro chegou, e ela partiu.

Antes de ir, lançou um último olhar para o lugar onde viveu por dois anos. Uma despedida definitiva.

Ter amado Gabriel foi o maior erro da sua vida. Uma mancha na sua história. E o arrependimento mais profundo de todos.

Ergueu os olhos para o céu. O sol rompia por entre as nuvens.

A partir dali, uma nova vida a esperava.