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Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 639

— Eu sou a exceção. Só a sua presença, até a respiração, já incomoda a Bia. — Disparou Letícia.

Gabriel ficou em silêncio por alguns segundos. Seus olhos se estreitaram, carregados de um perigo contido, antes de cuspir as palavras:

— Letícia, não pense que só porque tem o apoio do meu avô, eu não teria coragem de te colocar para fora daqui.

Ela soltou um riso curto e debochado pelo nariz.

Em seguida, avançou até ele, tentou empurrá-lo para longe da cama, sem sucesso. Irritada, puxou uma cadeira e se sentou ao lado de Beatriz, como se fosse disputar território.

Levantou a mão para tocar a testa da amiga, mas foi imediatamente bloqueada. Gabriel lhe estendeu um lenço umedecido.

Letícia piscou, surpresa, e soltou um suspiro carregado de desprezo.

“Sério isso? Desde quando você tem essa mania de frescura? E quem você acha que é para ter esse tipo de direito sobre ela?”

Beatriz era o quê dele agora? Ex-esposa. Mas ele agia como se fosse uma relíquia exclusiva, como se fosse a joia mais preciosa do mundo.

Com o olhar transbordando repulsa, Letícia ainda assim puxou um lenço, limpou a mão e contra-atacou com um sorriso venenoso:

— Acho que você não precisa se preocupar em limpar, Gabriel. Por mais que esfregue, essa sujeira aí dentro não sai.

O olhar dele a cortou como uma lâmina. Ela, porém, não recuou. Continuou, ainda mais provocadora:

— Não me diga que tocou na Bia enquanto eu estava jantando, né?

Gabriel não respondeu.

— Olha aqui. — Rosnou ela, inclinando-se para frente. — Não ouse se aproveitar dela nesse estado. A Beatriz é sua ex-mulher. Se eu descobrir qualquer coisa, eu mesma te denuncio por assédio.

Dentro de si, Letícia estava convencida: ele era, sim, capaz de aproveitar os momentos em que ela não estava para se aproximar de Beatriz. Caso contrário, por que diabos lhe ofereceria um lenço para se limpar?

“Santo Deus… Este hospital é um verdadeiro covil de lobos. Nem o Sr. Henrique impede esse cara de entrar aqui…”

A cada pensamento, a imagem ficava pior. Gabriel acariciando o rosto de Beatriz, tocando sua mão… Talvez até a beijando enquanto dormia.

Só de imaginar, Letícia virou o rosto com raiva, os dentes cerrados. Seus olhos faiscavam quando lançou o ultimato:

— Gabriel, não me faça passar nojo. Se me der mais um motivo, eu transfiro a Bia para outro hospital na mesma hora.

— Bia… Você acordou?!

As palavras dela caíram como uma bomba.

Gabriel saltou da cadeira de imediato; o móvel quase voou para trás. Ele deu dois passos largos até a beira da cama, o corpo inclinado para frente, os olhos fixos nela.

Na cama, a figura frágil mexeu-se levemente. As pálpebras de Beatriz se ergueram com esforço, como se pesassem toneladas.

Era quase imperceptível, mas aquele pequeno gesto fez o coração de Gabriel disparar. O rosto dele se iluminou de esperança. Rapidamente, apertou o botão de chamada para trazer o médico.

— Bia, está me ouvindo? Como você se sente? Está com dor em algum lugar? — Letícia apertava a mão magra da amiga, os olhos marejados, misturando alegria e preocupação.

Os olhos de Beatriz se abriram uma fresta, a visão lentamente entrando em foco. O primeiro rosto que viu foi o de Letícia.

Tentou falar, mas a garganta parecia obstruída. O corpo estava pesado como chumbo, e a mente, enevoada, não respondia.

Sem forças para mais nada, ela conseguiu apenas mexer um dedo. Foi o bastante para que Letícia percebesse e, tomada pela emoção, seus olhos se encheram de lágrimas.

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