Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 656

O velho olhou para o homem ajoelhado junto à porta. Apenas ergueu um dedo, o semblante austero, e imediatamente os seguranças retiraram Gabriel dali à força.

Por fim, o quarto mergulhou novamente em silêncio absoluto.

Letícia, Eduardo e Daniel desviaram o olhar da porta e voltaram-se novamente para a cama.

Letícia se aproximou, sentou-se à beira do leito e tomou a mão de Beatriz, trocando com ela um olhar silencioso, cheio de cumplicidade.

Eduardo puxou um banco e se acomodou, comentando de maneira casual:

— Você tem ideia de quanto valem cinco por cento das ações do Grupo Pereira?

— Mesmo que seja uma fortuna astronômica, no fim não passa de uma sequência de números. — Respondeu Beatriz, com voz calma. — O que tenho hoje já me basta. Se com isso eu puder garantir a tranquilidade do resto da minha vida, tudo terá valido a pena.

Daniel a observava em silêncio.

Sabia que aquelas palavras ditas a Henrique só nasceram porque ela fora empurrada ao limite.

E em seus olhos havia apenas dor e a amarga frustração de se sentir incapaz.

Ele não era suficientemente forte para protegê-la.

Gabriel havia pressionado os fornecedores de Aurora com facilidade, forçando Daniel a ceder e se submeter.

Eduardo nada disse.

Percebia que a serenidade de Beatriz não era fingida, tampouco um desprezo absoluto pelo dinheiro.

O que acontecia era simples: para ela, a liberdade tinha um valor maior.

— De certa forma, é até bom… — Comentou Letícia. — Agora você nunca mais vai precisar viver em alerta, com medo de ser seguida ou vigiada por Gabriel. E nunca mais vai passar por algo como esse sequestro. Se ele não puder se aproximar de você, Vitória não terá motivo para sentir inveja. Essa será a última provação da sua vida.

Ao dizer isso, Letícia pareceu lembrar de algo. Seu rosto mudou, e as palavras ficaram presas na garganta.

— Bia… Tem uma coisa que você precisa estar preparada para ouvir… — Murmurou.

Beatriz a encarou, esperando pela continuação.

— É que… Se os criminosos forem capturados e ficar provado que Vitória realmente estava por trás de tudo… — Letícia hesitou antes de concluir. — É provável que não consigamos fazer nada contra ela.

Beatriz ficou imóvel por um instante.

— Por quê? — Perguntou.

Que forças ela teria para lutar contra uma família ainda mais poderosa do que os Pereira?

Isso seria apenas procurar sofrimento.

Um ato insensato, como um inseto frágil tentando barrar uma carruagem em disparada.

Ela suportaria. Sempre tivera essa capacidade.

Quando era criança, sem conseguir encontrar a própria família, sobreviveu no orfanato.

No ensino médio, mesmo sendo isolada, enfrentou a solidão.

Não foi assim, passo a passo, que chegou até aqui?

Vitória, por outro lado, tramara contra ela de mil maneiras… E ainda assim permanecia impune.

De órfã a filha legítima de uma família nobre, transformara-se de repente em uma jovem senhora de prestígio.

Elevada às alturas.

Enquanto isso, a vilã sorria vitoriosa… E os que vinham de baixo, como ela, acabavam sempre derrotados.