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Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 675

Depois daquele episódio, Beatriz foi obrigada a voltar para casa. E, como não eram do mesmo curso, não se viam nas aulas.

Nas refeições também não. Letícia jamais pisava no refeitório.

A universidade era enorme. Por mais que tentasse, Letícia quase nunca encontrava Beatriz. Chegou até a esperar em frente ao prédio do outro departamento, mas Beatriz estava sempre ocupada e muitas vezes voltava para casa sem ao menos vê-la.

Ainda assim, a persistência trouxe frutos. Um dia, finalmente conseguiu capturá-la e perguntou se não queria dividir um quarto duplo. Não demorou a dar um jeito para trocar de dormitório.

— Eu nunca imaginei... Que no primeiro ano você já tivesse reparado em mim. — Murmurou Beatriz, surpresa ao ouvir Letícia relembrar fatos que ela própria quase esquecera: competições em que participara, prêmios exibidos no telão da universidade.

— Claro que reparei. Você brilhava demais. E morando no mesmo alojamento, como eu poderia não notar? — Respondeu Letícia.

O que ela não disse era que, apesar da boa condição financeira, crescera sob pressão extrema dos pais, obrigada a estudar com professores particulares e a suportar cobranças diárias.

Naquele ambiente sufocante, sempre sentira uma admiração especial por quem se destacava nos estudos.

E Beatriz era exatamente esse tipo de pessoa. Além disso, tinha aquele jeito: fria por fora, mas com o coração gentil. Letícia pensara consigo mesma que talvez valesse a pena tentar uma amizade.

E não se enganara.

Beatriz era realmente uma pessoa incrível.

Mesmo depois de descobrir sua verdadeira origem, nunca tentou bajulá-la ou se aproveitar da amizade. Estar com ela era completamente diferente da convivência artificial com as filhas das elites e herdeiras que conhecia.

— Enfim... Você era tão brilhante naquela época que, quando partiu para o exterior, achei que fosse conquistar o mundo. Quem diria... — Suspirou Letícia. Olhou para a amiga com pesar e completou, sem disfarçar a revolta. — Tirando o fato de não ter nascido numa família poderosa, você é perfeita. Já Gabriel... Sinceramente, ele não merece você. Uma boa família é apenas uma questão de nascer no lugar certo. Gabriel não tem mérito nenhum além disso. Como pessoa, não passa de um sujeito desprezível.

Letícia pensava consigo mesma e não conseguia esconder o desprezo.

Amiga de verdade nunca gosta do namorado da outra, mas também jamais tentaria roubá-lo.

Beatriz apertou a mão da amiga. O sorriso brotou do fundo da alma, os olhos se curvaram em ternura.

Naquele dia, com representantes da família Cardoso vindo negociar a indenização, Letícia fez questão de acompanhá-la, com medo de que fosse intimidada.

Renato a escutava em silêncio. Aquilo coincidia com a impressão que tivera ao ouvir a voz de Beatriz pelo telefone.

— Há mais uma coisa. — Continuou a secretária, hesitante. — É difícil descrever, mas havia nela uma espécie de... Melancolia. Como se fosse uma árvore velha, seca, sem vida. Algo pesado, estranho para alguém tão jovem.

Renato franziu os lábios, pensativo.

“Seria apenas por causa do ferimento?

Afinal, não havia sido vítima de um tiro, apenas intoxicada por um entorpecente. Não parecia motivo suficiente para mudar tanto sua aura.

Concluiu, então, que provavelmente Beatriz já era assim em seu dia a dia: calma, apagada, sem brilho.“

E aquilo destoava por completo da imagem que ele fizera dela no início.

Imaginara uma mulher astuta, venenosa nas palavras, agressiva nas exigências, pronta para arrancar-lhe tudo que pudesse.

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