Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 710

Desde o primeiro dia em que Beatriz começou a trabalhar na empresa, os boatos em torno dela nunca cessaram.

Por fora, parecia discreta, mas na prática era uma verdadeira senhora da alta sociedade.

Amiga íntima da herdeira do Grupo Martins, atraía a atenção de vários empresários jovens e ricos. Alguns chegaram a se declarar em público, outros mandavam presentes. E agora, até mesmo um caso de sequestro a envolvera.

Era como se um roteiro de novela sobre famílias milionárias tivesse saltado para a vida real. As colegas mal acreditavam, parecia um sonho.

Afinal, a Aurora ainda era uma empresa pequena, praticamente uma startup, com pouco mais de dois anos de existência. Quem poderia imaginar que uma de suas funcionárias seria, na verdade, uma dama da alta sociedade?

O dia de trabalho passou rápido. À noite, Letícia chegou na hora combinada para buscar Beatriz.

— O que você quer jantar? Já estou recuperada, posso preparar algo simples em casa. — Disse Beatriz, sentando-se no banco do passageiro.

— Compre o que você gosta. Eu, daqui a pouco, preciso ir a um coquetel de negócios. — Respondeu Letícia. — Você sabe, sempre vou com o mesmo objetivo: procurar marido. Porque, convenhamos, não entendo nada das conversas comerciais.

Pelo tom de Letícia, Beatriz percebeu claramente que ela não tinha nenhuma vontade de ir. Mas também entendia: como herdeira de uma família poderosa, não lhe era permitido ter liberdade total nos relacionamentos.

— E aqueles rapazes de antes? Nenhum serviu? — Perguntou Beatriz, puxando conversa.

— Hum... Alguns eram cafajestes de primeira: playboys, infiéis, preguiçosos que vivem às custas da família. — Exemplificou Letícia. — Outros eram os importados, que se achavam incríveis só porque estudaram fora, mas viviam cheios de regras. Nem começamos a conversar e já vinham impondo: depois do casamento, tem que ser esposa dedicada, ter filhos, não aparecer em público... E por aí vai.

— Você não imagina quantos esquisitos circulam no nosso meio. — Disse, rindo. — Claro, também tem alguns mais certinhos, que herdaram as empresas da família e trabalham direitinho.

— E esses, por que não servem? — Beatriz a olhou com curiosidade.

Letícia fez uma pausa dramática e respondeu:

Para essas recepções e bailes, as roupas de gala eram escolhidas direto nas lojas das grifes e nunca eram usadas mais de uma vez.

— Tchau, querida! Se ficar entediada, me manda mensagem. Claro, se eu me entediar antes, vou te chamar para reclamar. — Disse Letícia, mandando-lhe um beijo estalado no ar.

Beatriz riu, acenou em despedida e entrou no condomínio carregando as sacolas de compras. Passou o cartão no portão de acesso.

Ao erguer os olhos, notou que o porteiro habitual havia sido substituído por um jovem robusto.

Não deu muita importância. Pensou apenas que a administração do condomínio havia contratado alguém novo. Quando o portão se abriu, entrou normalmente.

Mais atrás, quando ela já estava distante, o jovem segurança levou a mão ao colarinho, onde havia um minúsculo comunicador, e falou em voz baixa:

— A Srta. Beatriz já entrou no condomínio. Reforcem a vigilância em todos os pontos e iniciem patrulhas no entorno.