Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 788

Eram duas garotas... Será que não estavam, na verdade, se jogando na boca do lobo?

Além disso, a secretária havia dito que Beatriz quase tinha sido...

— Por que foi ela quem quase sofreu... — Renato franziu ainda mais o cenho. — O alvo daquele desgraçado não era a Vi desde o início?

— O senhor tem certeza de que quer ouvir os fatos como realmente aconteceram? — Retrucou a secretária.

Com o rosto carregado, Renato já pressentia o rumo da conversa. Sua voz saiu gélida:

— Não me diga que quer insinuar que foi a própria Vi quem armou tudo, chamando Beatriz de propósito para cair na armadilha.

— Não, não, naquela época a Srta. Vitória ainda não tinha se tornado tão cruel. — Apressou-se a negar a secretária.

Renato suspirou aliviado, mas o alívio durou pouco.

— Mas... Também não foi muito diferente disso. Porque, depois de chamar Beatriz, quando as duas estavam tentando escapar, a Srta. Vitória entrou em um quarto e trancou a porta por dentro, impedindo Beatriz de entrar. Beatriz só conseguiu se refugiar em outro cômodo mais tarde e assim escapou por pouco. Isso não é relato de testemunha, é o que consta na gravação analisada pela polícia na época.

Ao ouvir, Renato permaneceu em silêncio. A maldade de Vi já não o surpreendia.

Foi ela quem chamou Beatriz para ajudá-la, mas, no momento decisivo, fugiu sozinha, deixando Beatriz diante do perigo.

— Foi exatamente isso que aconteceu. No fim, aquele verme foi condenado a cinco anos de prisão e recebeu o castigo que merecia. — Concluiu a secretária. — E quanto à compensação em dobro? Ainda devemos pagar?

— Pague apenas o valor referente às mensalidades e às despesas com artes, sem duplicar. — Disse ele em tom firme.

A secretária assentiu, limpou os respingos de café que ainda estavam sobre a mesa e preparou uma nova xícara para o chefe.

Renato, então, virou o olhar para a janela e mergulhou em pensamentos silenciosos.

Quanto mais investigava o passado, mais descobria que as maldades de Vi contra Beatriz haviam começado muito antes do que imaginava.

E pensar que, no início, ainda cogitou esconder de Beatriz toda a verdade sobre aquele sequestro...

Renato levou a mão ao peito. O peso no coração era a própria consciência o acusando.

Beatriz encerrou o expediente pontualmente. Como naquela noite era o aniversário de Letícia, ela precisava se apressar. Daniel a levou de carro até em casa.

Ao chegar, deixou uma sopa cozinhando no fogão e foi direto ao quarto, abrir o guarda-roupa.

Às oito horas deveria estar no Palácio Tangará.

A família Martins havia reservado todo o salão de eventos para celebrar o vigésimo quarto aniversário de Letícia.

Beatriz planejava aparecer apenas por cortesia e logo depois sair. Mas, por se tratar de um ambiente requintado, não poderia ir vestida de qualquer jeito. Precisava escolher algo adequado.

O problema era que a maioria de suas roupas eram trajes formais de trabalho. Poucas peças serviam para ocasiões sociais, e um vestido sem mangas certamente não parecia apropriado.

No fim, decidiu-se por um vestido longo branco, sóbrio e elegante.

Nos pés, calçou sapatos Mary Jane de couro e, para completar o visual, pegou uma bolsa de mão discreta.