Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 886

Ele virou o rosto e percebeu que o Sr. Luciano e a Sra. Lorena estavam do lado de fora. Não disse mais nada. Apenas caminhou até a janela.

Dentro do quarto, Letícia permanecia ao lado de Beatriz. Ela já havia despertado, mas ainda parecia muito frágil.

Eduardo ficou em silêncio, observando-a com atenção. Atrás dele, os três da família Cardoso também não tiravam os olhos dele. Principalmente Renato, que analisava cada gesto, cada expressão. Não parecia haver paixão intensa em seu olhar, mas, ainda assim, não piscava, como se quisesse decifrá-lo por completo.

Eduardo, naquele instante, olhava para Beatriz com a intenção de lhe explicar a decisão precipitada que sua mãe tomara por conta própria. Mas, pelo que via, naquele dia não haveria como falar sobre isso. Decidiu esperar até o dia seguinte ou, quem sabe, o outro, quando Beatriz estivesse mais recuperada.

Pouco depois, Letícia se levantou da beira da cama. Já estava ali havia meia hora e não queria se prolongar mais. Beatriz acabara de acordar e precisava descansar.

— Bia, amanhã eu volto para te ver. Agora descanse bem. — Disse Letícia, em tom suave.

Beatriz assentiu com um leve movimento de cabeça. Letícia então se virou para sair, mas, ao erguer os olhos, deparou-se com o Sr. Luciano, a Sra. Lorena e também o irmão dela, que observavam pela janela.

A família Cardoso também a encarava, e o olhar deles parecia carregar palavras não ditas. Letícia hesitou por dois segundos, depois voltou o rosto para Beatriz.

— Bia… Você quer vê-los? — Perguntou com cautela, testando o terreno.

Beatriz sabia exatamente a quem a amiga se referia. Também não ignorava o fato de que eles estavam do lado de fora do quarto. Mas, em silêncio, balançou a cabeça e virou-se por completo para o lado oposto à janela.

Seu coração estava em desalinho. Ainda precisava de tempo para digerir tudo aquilo e, naquele momento, não tinha ideia de como encará-los.

Letícia compreendeu o recado.

— Então eu aviso a eles para não entrarem hoje. Melhor deixá-la descansar. — Disse suavemente.

Em seguida, virou-se e saiu do quarto, fechando a porta com delicadeza.

Lorena se aproximou quase de imediato, ansiosa, perguntando sobre o estado de Beatriz.

— Bia, no geral, está bem, mas as emoções dela estão muito frágeis. Por enquanto, ela não quer vê-los. Melhor que só a visitem amanhã. — Explicou Letícia.

Lorena a fitava com olhos súplices.

— Srta. Letícia… Agora Bia só aceita vê-la. Você voltará amanhã, não é? — Perguntou quase implorando.

— Claro que sim. — Respondeu Letícia, sem hesitar.

— Então… Será que poderia, por favor, falar algumas palavras em nosso favor? — Pediu Lorena, a voz embargada. — Eu sei que fomos nós que falhamos com Bia, mas também fomos enganados por aquela Vitória… Não sabíamos de nada!

As lágrimas escorriam pelo rosto dela.

— Se desde o início tivéssemos sabido que Beatriz era nossa verdadeira filha, como poderíamos ter lhe causado mal?

Letícia olhou para a mulher diante de si e suspirou em silêncio, sem responder.