Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 89

A mão de Gabriel parou no meio do movimento de abrir a porta. Ele virou levemente a cabeça e respondeu com frieza:

— Eu não estou apaixonado por ela.

— Hah... Vai enganar quem com isso? — Vitória apertou os punhos, a raiva crescendo. — Você claramente se apaixonou por ela! Por isso deixou de gostar de mim, por isso tá me expulsando!

Gabriel franziu o cenho, o rosto impassível:

— O fato de eu não gostar mais de você não tem nada a ver com gostar ou não da Beatriz. Eu já disse antes, nós dois terminamos há dois anos. Você me traiu por dinheiro, me abandonou. Depois disso, não existe mais nós.

Vitória balançava a cabeça, inconformada. Para ela, estava claro, Gabriel a tinha deixado por Beatriz.

— Quando voltei pro Brasil, você mesmo disse que não se importava mais! Disse que entendia o que aconteceu! — Ela chorava, a voz embargada. — Naquela época... Como eu podia lutar contra seu avô? Ele me ameaçou! Queria que eu fizesse o quê? Que eu fosse expulsa da Cidade A?

Gabriel cerrou os lábios, a expressão rígida.

— Eu disse que não me importava para podermos manter uma amizade. Só isso. Nunca disse que queria voltar a ter um relacionamento com você.

Ele também já havia refletido muito sobre isso. Mesmo com toda a proximidade que tiveram nos últimos dias, ainda assim, ele nunca conseguiu dar o passo final. Algo dentro dele travava e esse algo tinha nome: Beatriz.

Toda vez que se aproximava de Vitória, um sentimento de culpa crescia dentro dele, como se estivesse traindo Beatriz.

E foi aí que percebeu, aquilo que achava que ainda sentia por Vitória... Era só uma ilusão. Uma lembrança. Não era mais amor de verdade.

— Ah, para de jogar com as palavras! — Vitória rebateu, com um riso irônico. — “Amizade”? Desde quando amigos se beijam? Dormem no quarto da esposa? Você ainda me ama, só não quer admitir! Foram três anos de namoro, Gabriel! — Ela continuou, agora usando o tom do desespero. — Dois anos separados não apagam tudo isso! A não ser... Que desde o começo você nunca tenha me amado de verdade.

Ela estava usando tudo, mágoa, manipulação, chantagem emocional.

— Eu admito que sair do país foi um erro, tá? Eu te magoei. Mas eu não tive escolha! Eu fui uma vítima também! — Ela gritava, os olhos inchados de tanto chorar. — Se você me amasse de verdade, teria vindo comigo! Teria me protegido do seu avô! Mas não... Ficou parado, assistindo eu partir. E ainda teve coragem de me culpar depois!

Vitória sabia exatamente como inverter os papéis, distorcer os fatos, fazer Gabriel vacilar. E conseguiu, ele ficou em silêncio.

Por alguns segundos, ele não achou uma única palavra para responder. Apenas virou as costas e entrou no quarto principal sem dizer nada.

Porque... No fundo, talvez ele realmente não soubesse como refutar tudo aquilo.

Não importava se era uma cópia, um original enviado ao avô, nada daquilo era válido. Era falso.

Seu olhar voltou a focar, a razão finalmente começando a retomar o controle.

Levantou-se e foi direto para o banheiro. A voz insistente de Vitória do lado de fora foi completamente ignorada.

O vapor tomou conta do ambiente. A água escorria sobre seu corpo, mas sua mente não estava ali. Havia apenas uma pergunta, martelando dentro dele como um eco impossível de silenciar:

Será que ele gostava mesmo da Beatriz?

Desde que Beatriz foi embora, ele não teve um minuto de paz. Procurou por ela em todo lugar, movido por raiva, sim, mas, principalmente, por um pânico sufocante. Uma ansiedade que ele nem sabia nomear.

A ausência dela transformou tudo.

A comida perdeu o sabor. O sono se tornou raso. Cada canto da casa parecia carregar sua presença. Qualquer objeto... Qualquer gesto... Evocava Beatriz sem querer.

Ele já estava acostumado com ela. Com a existência dela ao seu lado. E agora que ela se foi... O vazio era insuportável.

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