Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 890

Letícia lançou um olhar a Daniel e depois encarou a secretária inflexível.

Pensou em ligar para Renato, mas logo se lembrou de que no dia anterior Daniel já havia sido barrado por ele.

— Seu chefe não permite que ele veja a Beatriz. Mas qual é a razão? Eu até entendo proibirem o Gabriel, mas por que impedir também um amigo? — Questionou Letícia.

— O motivo, o Sr. Daniel sabe muito bem. — Respondeu a secretária, voltando o olhar para ele.

— Que motivo é esse? — Letícia franziu a testa e se virou para Daniel.

Daniel permaneceu em silêncio. A verdade era que a família Cardoso o culpava pelo casamento de Beatriz com Gabriel e por todo o sofrimento que ela enfrentara. Para eles, ele era um dos responsáveis.

Embora Beatriz tivesse dito desde o início que aceitara o casamento por amor a Gabriel, era fato que, graças a ela, a Aurora conseguira um investimento milionário.

Ele fora o beneficiado, e Beatriz lhe deixara uma dívida de gratidão, tanto pessoal quanto profissional. Por isso, Daniel optou por calar-se.

— Ah, não! Justo agora você vai bancar o misterioso? O que é que eu não posso saber? — Irritou-se Letícia.

Vendo que Daniel não conseguia soltar uma única palavra, ela acabou se exasperando.

— Vão vocês dois, você e o Sr. Eduardo, visitar a Beatriz. Eu fico esperando aqui. — Disse Daniel.

Letícia revirou os olhos. Ora essa! Foi ele quem pediu para que eu o trouxesse, e agora se cala desse jeito?

Daniel limitou-se a pedir desculpas, repetidas vezes, sem acrescentar mais nada. Aquilo fez Eduardo observá-lo com as sobrancelhas levemente franzidas.

A secretária, por sua vez, manteve a expressão impassível, mas pensava em silêncio: “Com certeza se sente culpado diante da Srta. Beatriz, por isso não ousa dizer a verdade.”

No fim, Letícia acabou subindo com o irmão. Caminharam pelo corredor até chegarem ao quarto onde Beatriz estava internada.

A secretária abriu a porta, e logo Letícia escutou as vozes embargadas do Sr. Luciano e da Sra. Lorena, que choravam diante da filha:

— Filha, por favor, coma um pouco… Eu sei que você nos culpa, mas não se maltrate assim.

— Bia, nós erramos com você. Perdemos você no passado e depois ainda confundimos sua identidade… Papai e mamãe reconhecem os erros. Olhe para nós, fale alguma coisa, por favor…

— A Bia, neste momento, não está pronta para vê-los. Peço que saiam um instante.

As palavras fizeram os dois se engasgar na emoção. Com lágrimas nos olhos, não tiveram escolha a não ser recuar, passo a passo.

“Caramba… Tentei falar de forma delicada, mas só entenderam quando precisei ser clara.” pensou Letícia, observando-os se afastarem até pararem junto à porta.

Com um novo olhar de Letícia, a secretária se viu obrigado a conduzi-los, respeitosamente, para fora.

Já do lado de fora, eles ainda pensaram em ficar perto da porta para ouvir ou espiar, mas Eduardo foi implacável: fechou a porta do quarto de uma vez, sem a menor cerimônia.

O silêncio, enfim, tomou conta do ambiente.

Letícia se voltou para a amiga e disse em voz baixa:

— Pronto, Bia. Agora ninguém mais vai te pressionar.