Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 893

No leito, Beatriz mordeu levemente os lábios ao ouvir aquilo. Também achava que a família Cardoso se metia demais em sua vida.

Daniel sentou-se numa cadeira ao lado e começou a conversar com ela, comentando algumas coisas sobre a empresa.

— Daniel, me ajuda a pedir uma licença longa ao diretor. Meu celular ficou em casa, não tenho como falar com ele. — Pediu Beatriz.

— Claro, mas não se preocupe agora. Primeiro recupere a saúde, depois resolvemos isso. — Respondeu Daniel.

Enquanto falavam, Eduardo voltou trazendo o café da manhã.

— Este eu mesmo fui comprar. Nem minha irmã tem esse privilégio. — Disse, colocando a sacola sobre a mesinha.

— Muito obrigada… — Murmurou Beatriz.

— Não quero agradecimento. Quero é que você coma pelo menos um pouco, já que me dei ao trabalho de sair para comprar. — Insistiu Eduardo, destampando o pote.

Letícia pegou a tigela de mingau e começou a alimentá-la com cuidado. Eduardo, por sua vez, ajustou o encosto da cama até deixá-la numa posição confortável.

Do lado de fora, o Sr. Luciano e a Sra. Lorena observavam pela vidraça. Ver que Beatriz finalmente aceitava comer enchia seus corações de alívio e alegria, mas, ao mesmo tempo, trazia-lhes uma dor amarga.

Eles sabiam bem: o motivo de a filha recusar comida antes não era a falta de apetite, mas sim… Por causa deles.

Lorena mordia os lábios, sem saber o que fazer para que a filha a perdoasse.

Se ao menos Beatriz brigasse com eles, ainda seria alguma forma de reação. Mas o silêncio dela, a recusa em dizer qualquer palavra, a indiferença em sequer querer vê-los… Isso os deixava completamente perdidos, sem rumo, impotentes.

No quarto, Letícia continuava a alimentá-la devagar, colher por colher. Beatriz aceitava em pequenos goles, enquanto Eduardo e Daniel observavam em silêncio, aliviando um pouco o peso que traziam no coração.

Se ela conseguia comer, significava que o corpo já estava bem melhor. O resto… era ferida da alma.

Beatriz tomou umas dez colheradas. Quando Letícia a tentou oferecer mais uma, ela balançou a cabeça.

— Não quer mais? — Perguntou Letícia.

Beatriz confirmou com um leve aceno. O apetite ainda era mínimo; algumas poucas colheradas já a deixavam saciada.

A postura agressiva de Renato deixou Letícia e Beatriz momentaneamente atônitas. Daniel, no entanto, não reagiu nem se defendeu.

Os olhos de Renato ardiam de raiva. Olhando para aquele homem, que para ele não passava de um covarde, sentiu um ímpeto quase incontrolável de acertar-lhe um soco no rosto. Mas conteve-se: afinal, estavam num quarto de hospital, e a irmã precisava de repouso. Mesmo assim, decidiu arrastá-lo para fora dali.

Letícia se levantou às pressas, interceptando Renato quando o viu puxar Daniel pela gola para tirá-lo à força.

— Ei! Precisa mesmo agir com tanta violência? Se tem algo a dizer, fale direito! — Exclamou.

— Por favor, saia da frente. — Respondeu Renato, frio.

— Não. Primeiro solte ele. — Insistiu Letícia.

— Não tem problema, Srta. Letícia. Eu e o Sr. Renato podemos conversar lá fora. — Disse Daniel, agradecendo a boa intenção dela.

Letícia o fitou, indignada, sem palavras diante da passividade dele.