Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 907

Mas, ao tentar se mover, acabou puxando os ferimentos do corpo. A dor veio de repente, e ela franziu o cenho, soltando um gemido abafado antes de cair de volta no colchão.

— Bia! — Exclamou Letícia, ao ouvir o barulho. Virou-se depressa e correu para ajudá-la a se deitar de forma mais confortável.

Nesse instante, Luciano também olhou para a filha.

— Vou levar sua mãe para o médico. Não se preocupe, concentre-se em se recuperar. — Disse ele.

Com isso, saiu do quarto acompanhando Lorena. Beatriz seguiu com os olhos as silhuetas dos dois até que desapareceram na curva da porta.

Letícia voltou-se para a amiga na cama e falou suavemente:

— Não deve ser nada grave. Eu vou te manter informada sobre o estado da sua mãe.

Beatriz recolheu o olhar aos poucos. Quando seus olhos passaram pelo criado-mudo, ficaram presos ali.

Havia um coelhinho de pelúcia branco, enfeitado com um lacinho cor-de-rosa. Fragmentos de lembranças da infância emergiram de sua mente, encaixando-se de repente na visão daquele brinquedo.

Seu rosto assumiu uma expressão de leve desorientação. O olhar se desviou e pousou na fotografia da família inteira.

Percebendo o movimento, Letícia se adiantou, pegou a moldura e a ergueu diante da amiga para que Beatriz pudesse enxergar melhor.

Ela já havia compreendido os pensamentos da amiga. Beatriz estava, pouco a pouco, aceitando sua família. Caso contrário, não teria demonstrado tanta preocupação com Lorena instantes atrás.

— Você se parece muito com a sua versão de criança, principalmente nesses olhos e nesses lábios. — Comentou Letícia, também olhando para a fotografia. — E o formato do seu rosto é idêntico ao da sua mãe quando era jovem. Não é à toa que Renato a reconheceu de imediato, só de te olhar.

Beatriz observava atentamente a foto da família de quatro pessoas, traçando com os olhos cada detalhe dos rostos, até que seu olhar se fixou na menininha de quatro anos.

Era ela mesma. Uma versão pequena de si, usando no peito o mesmo colar que, mais tarde, Vitória lhe roubaria.

Do jeito que todos diziam, era verdade. Ela sempre havia sido amada. Nunca tinham desistido dela.

Letícia chegou a imaginar a cena em sua mente e achou que não ficaria nada mal. Sem perceber, a ponta dos lábios se ergueu num sorriso divertido.

Discretamente, pegou o celular e registrou a foto. Não sabia bem o motivo, mas tinha a sensação de que aquilo lhe seria útil no futuro.

Depois de admirar um pouco mais as imagens, Letícia sugeriu que Beatriz descansasse sozinha no quarto, enquanto ela ia buscar notícias sobre Lorena.

Algum tempo depois, voltou trazendo novidades:

— Está tudo bem agora. Sua mãe desmaiou por causa de uma mistura de emoção forte com cansaço. A pressão subiu um pouco, mas já foi controlada. — Disse Letícia.

Ao ouvir aquilo, Beatriz sentiu um alívio sutil no peito.

Conhecendo a amiga como conhecia, Letícia logo acrescentou, temendo que ela se culpasse:

— Dona Lorena não desmaiou por sua causa, viu? Não coloque isso na cabeça. A saúde dela já não era das melhores, e o emocional também estava frágil. Encontrar você devia ser só alegria… Se não fosse aquela praga da Vitória, que apareceu só para estragar tudo. Até agora essa desgraçada continua escondida, ninguém consegue pôr as mãos nela. Como consegue sumir tanto assim, né?