Ficar ou correr? romance Capítulo 121

Sra. Espíndola preparou diversos pratos na cozinha. Por ser extremamente preguiçosa, eu raramente entrava lá. E quando o fazia, preparava um misto quente. Em termos de cozinha, Márcia e eu éramos do mesmo jeito. Quando viva, vovó sempre dizia que o lugar de uma mulher não era na cozinha, mas sim lendo livros, e se aprofundando em atividades mais poéticas. Com o passar do tempo, a cozinha se tornou um lugar estranho para mim, já que, parando para pensar melhor, minha vó me amava e não queria que eu trabalhasse na cozinha. Foi por isso que ela me disse aquelas palavras.

Já que eu estava em casa, não queria perder meu tempo só descansando. Portanto, decidi cozinhar alguma coisa. Após separar todos os ingredientes, coloquei um pouco de óleo na panela. Nesse momento, Pedro desceu depois do banho. Parei ao vê-lo arrumado.

"Vai sair hoje?"

Ele acenou com a cabeça em resposta. Entrando na cozinha e vendo a comida ainda crua, ele disse:

"Vou dar uma saída. Vai ficar bem em casa sozinha?”

Murmurei em resposta e coloquei a carne na panela. Quando a carne bateu no fundo da panela, um pouco de óleo espirrou na minha mão, e instintivamente puxei o braço, sibilando de dor. Com rapidez, Pedro tirou a panela da minha mão e me empurrou para o lado.

"Coloque a mão de baixo da água fria. Eu cozinho."

Após colocar minha mão debaixo da água, sentei-me no canto, e o observei andar pela cozinha. Seus movimentos eram suaves, sem um vestígio de hesitação. Aquilo o diferenciava de outros homens ricos. Não tendo nada para fazer, peguei uma laranja e perguntei:

"Com quem você vai se encontrar mais tarde?".

Ele colocou um pouco de macarrão na panela, enquanto olhava para mim.

"Rebeca e Fábio vão voltar para Nova Itália, então eles nos convidaram para um almoço."

Congelei, até que vi uma mancha de óleo em sua roupa. Só então tirei o avental e coloquei nele.

"Tudo bem. Não beba, e volte para casa cedo."

Na vida, todos têm a sua própria caminhada, e eu não podia forçar Pedro a romper seu laços com Rebeca. Afinal de contas, eles eram pessoas, não máquinas. Ele assentiu e beijou minha testa.

"Não se preocupe. João, Armando, Carmen e Fábio estarão lá também. Você está grávida, então não seria conveniente para você."

Assenti em resposta antes de pegar um prato no armário e levar para a sala de jantar. Depois de pegar um pouco do macarrão para si mesmo, ele tirou o avental e pegou a minha mão para examiná-la.

"Ainda está doendo?" Em seguida, ele se levantou e foi até o armário. Quando o vi pegar o kit de primeiros socorros, disse apressadamente:

"Estou bem. Não dói mais."

No entanto, ele ignorou minhas palavras. Sentando-se ao meu lado, ele aplicou uma fina camada de pomada na queimadura.

Tivemos uma refeição tranquila, antes de ele murmurar alguns lembretes e sair. Pouco tempo depois, comecei a me sentir entediada, sozinha naquela casa enorme. Então fui até o escritório e peguei A Breve História do Tempo e comecei a ler.

Quando Márcia me ligou, estava prestes a dormir.

"O que você está fazendo?” Ela falou animada. “Seu homem provavelmente va-"

"Vai o quê? Está de dia." Estava na varanda, o sol quente me deixava ainda mais sonolenta.

“E daí se for de dia? Você não tem sentimentos durante o dia? Pedro e Rebeca acabaram de entrar no Hotel Cruzeiro do Sul. Você não vai lá ver o que eles estão fazendo?"

Ela falava com urgência, conclui que ela estava fazendo compras, já que pude ouvir o barulho do seu salto batendo no chão.

"Você está grávida, então fique em casa. Pare de usar salto alto." Bocejei antes de olhar para o relógio. Eram cinco da tarde, já haviam se passado algumas horas desde a saída de Pedro. Passei muito tempo sentada, então minhas costas estavam doendo.

"Calma aí, estou falando sobre o seu marido. Você não vai lá investigar?" Ela ainda falava com urgência. "Aquela mulher, Rebeca, está toda produzida. Na minha opinião, seria melhor você dar uma olhada."

Murmurei, desinteressada, em resposta:

"Você já jantou? Quer vir jantar na minha casa?"

"Vai se ferrar!" ela grunhiu: "Você... Esquece. Não vou à sua casa. Vou direto para a minha assim que sair do shopping.”

Ao desligar o telefone, saí do escritório e passeei pelo jardim. Era um belo dia para um passeio. No jardim havia uma fileira de jacarandás azuis com as flores desabrochando. As flores azuis se espalhavam pela grama, era a cena mais deslumbrante. Não muito depois, alguém tocou a campainha. Quando estava prestes a me dirigir à porta, meu telefone tocou. Pedro estava me ligando. Quando atendi, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele falou:

“Abra a porta. Contratei alguém para mobiliar o quarto do bebê. Além disso, o solário no último andar não é o melhor lugar para descansar, então pedi para reformarem o nosso quarto também. Você vai poder descansar melhor lá."

Murmurei em resposta e abri a porta. Um homem de meia-idade apareceu do lado de fora da casa, olhou para mim e cumprimentou:

“Olá, Sra. de Carvalho. O Sr. de Carvalho nos contratou para mobiliar o quarto do seu bebê."

Assenti antes de deixá-los entrar. Então murmurei no telefone:

“Onde você está? Quando você volta?"

“Estou no Hotel Cruzeiro do Sul. Talvez eu me atrase um pouco. Pedi uma sopa para você e pedi que o Dionísio deixasse aí mais tarde.”

Ele parecia indiferente, embora tivesse cuidado de tudo perfeitamente para mim.

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