Ficar ou correr? romance Capítulo 138

"Como? Ele não consegue renunciar à Rebeca, e não quer me dar o divórcio. Diga-me, Márcia, como eu deveria ter uma conversa calma com ele?"

“Então, você se divorcia dele. Escreva com clareza o que você quer, e rompa com ele de maneira respeitosa. A partir desse momento, ninguém tem o direito de interferir na vida privada um do outro."

Eu queria, mas não seria assim tão simples. Jogando a toalha de lado, sentei-me na poltrona e suspirei: “Encontrei Marcelo na estação, ele foi embora comigo. Então, demos de cara com o Pedro na saída da estação. Pedro agora acha que estou de caso com o Marcelo, então ele se recusa a se divorciar."

"Merda", ela disse. "Que tipo azar maldito é esse?"

E você pergunta para mim?

"O que vai fazer agora?"

Segurando o telefone, murmurei: “Eu não sei. Só posso esperar ter esse bebê com segurança agora.” Minha barriga tinha crescido, e eu não podia mudar de ideia quanto a gravidez agora. Marcelo estava certo. Eu era uma loba solitária que não pertencia a lugar nenhum. Esse bebê seria a única pessoa em quem eu poderia confiar plenamente. Não tinha razão alguma para não ter esse bebê, já que essa criança não era para o Pedro. Meu filho era a minha única salvação.

O sol se pôs quando encerrei a ligação. Alguém bateu na porta. Abri e descobri que era a Sra. Espíndola. Ela trazia uma tigela de canja de frango quente em suas mãos, e me disse:

"Você deve estar com fome. O Sr. Pedro me disse para preparar uma canja para você."

Almocei tarde, e Marcelo me forçou a comer uma porção maior do que eu estava acostumada. Por isso, naquele momento, não estava com fome. Contudo, olhando para o sorriso no rosto dela, me dei conta de que não poderia rejeitá-la. Então, respondi: “Está bem. Obrigada, Sra. Espíndola."

Estendendo a mão para pegar a tigela, Sra. Espíndola disse com pressa: “Não! Farei isso. Está muito quente, e temo que você possa se queimar" Após colocar a tigela na mesa e limpar as mãos, ela perguntou: "Você brigou com o Sr. Pedro?"

Era normal que ela tivesse ouvido nossa discussão barulhenta lá de baixo. Portanto, assenti e me sentei ao lado da mesa. "Sim."

Ela suspirou, aparentemente exasperada. “Vocês, jovens, estão sempre tão mal-humorados. Por que não conversam com calma? Vocês precisavam mesmo brigar?” Sorri, mas não disse nada. Sabia muito bem o que aconteceu entre nós dois, ela não. "Letti!" Ela se sentou ao meu lado e segurou minha mão. “Você está nesta família há quase três anos. Eu mesma praticamente criei o Sr. Pedro. Ele é um homem mal-humorado e quieto, então ele vai manter muitas coisas para si. Suspirando, continuou: "Quando você chegou, o falecido Sr. de Carvalho pensou que o Sr. Pedro se tornaria uma pessoa mais aberta e gentil à medida que passavam mais tempo juntos. No entanto, vocês dois continuam discutindo dia e noite. Já que vocês dois são casados, por que não tentam facilitar as coisas?”

Sabia que ela dizia aquilo com boas intenções, então dei um tapinha na mão dela e consolei:

“Sra. Espíndola, a coisa mais absurda que alguém pode fazer é tentar mudar uma pessoa. Eu não vou tentar mudar o Pedro, e não poderia mesmo se quisesse. Este é o meu destino. Vou fazer o meu melhor para me evitar brigar com ele de agora em diante. Não se preocupe."

Com os olhos marejados, ela balançou a cabeça suavemente. "Você é jovem e precisa se lembrar de valorizar os dias que passam juntos. Caso contrário, quando você envelhecer e olhar para trás, você vai perceber que desistiu de alguém muito facilmente, que você deixou o amor da sua vida escapar. Quando estiver no fim da vida, vai perceber que sua vida está cheia de arrependimentos. É normal ter arrependimentos, mas se você tiver só isso, não se sentirá bem consigo mesma."

Acenei com a cabeça concordando, sem saber o que dizer a ela. Com essa perspectiva, pensei que o muro entre mim e Pedro não era intransponível. Era um pequeno muro, construído por muitos assuntos insignificantes. No entanto, quando acumulados, essas pequenas coisas eram suficientes para me fazer explodir. Não podia listar tudo o que me incomodava, pois as minhas queixas se fundiram em uma.

"Obrigada, Sra. Espíndola." Sabia que ela queria que vivêssemos uma vida melhor do que aquela.

Contudo, ela percebeu que não queria mais conversar, então ela suspirou: "Você é muito teimosa."

Uma risada me escapou e eu balancei a cabeça. "Você tem razão."

Sentindo-se impotente, ela parou por um segundo antes de continuar:

“Letti, não pense que você não tem um lugar no coração do Sr. Pedro. Ontem à noite, ele perguntou onde você estava várias vezes depois que voltou para casa. Você mudou seu número de telefone, então ele pensou que tinha ido embora para sempre. Ele estava tão ansioso que fez tudo o que podia para descobrir onde você estava. Quando descobriu que você estava em São Vicente, ele quase foi lá te procurar. Você sabe que ele acabou de sair do hospital, e ainda não se recuperou completamente; ele deveria estar descansando. O Dr. Cruz temia que algo pudesse acontecer com ele se ele fosse procurar você, então ele o impediu. Foi por isso que ele saiu cedo esta manhã para buscá-la.” Algumas batidas depois, ela suspirou novamente. “Posso ver o quanto ele se importa com você. E é óbvio que você também se importa com ele. Por que vocês dois não podem viver em paz?"

"Sra. Espíndola, você não estava cozinhando?" Eu a interrompi.

Imediatamente, ela parou sentindo um cheiro no ar. Então, ela se levantou. "Ah não! Estava fazendo ensopado para o Sr. Pedro!"

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