Ficar ou correr? romance Capítulo 230

“Bem, se ainda assim não quiserem cooperar, talvez tenhamos que sujar nossas mãos. Deveria ser fácil se safar de alguns assassinatos, já que vocês foram capazes de cometê-lo", eu disse em um tom sério enquanto olhava para os dois ameaçadoramente.

"Por favor, não faça isso! Sra. Machado, faremos tudo o que quiser. Deixe nossas esposas e filhos fora disso. Eles são inocentes. A culpa é toda nossa. Se é vingança o que você quer, então pode tirar nossas vidas no lugar das deles. Nós lhe daremos tudo o que quiser!"

"Sim, faremos qualquer coisa, desde que deixe nossas famílias fora disso."

Eles agiam de forma lamentável, o que me deixou enojada. Eu me acalmei antes de olhar para Marcos e sugeri:

“Já que ambos concordaram, vamos fazer com que eles recriem a cena!”

Marcos assentiu e trouxe a atriz que iria interpretar uma mulher grávida. Ela estava vestida com as roupas que eu usava no dia do incidente. A atriz que encontramos se parecia comigo. Mas depois de alguns toques do maquiador, a semelhança entre nós era surreal. Para completar, Marcos também pediu que seus homens trouxessem um espelho idêntico ao daquela noite. Depois de organizarem tudo, o armazém voltou a ser como era durante o incidente há dois meses. Quanto ao mau tempo naquela noite, preparamos uma iluminação adicional e efeitos sonoros para reproduzir o mesmo ambiente.

Como não queria reviver aquela noite horrível, dei a atriz uma explicação lacônica do que passei naquela noite. Em seguida, pedi a Marcos que trouxesse alguns de seus homens para me escoltar para casa, já que não tinha interessa em assistir à peça. A gravação em vídeo da peça era o que eu realmente queria, porque poderia usá-la como evidência. Quanto à confissão dos dois homens, já sabia quem era o cliente deles, então não havia necessidade de ouvir o que eles tinham a dizer. Queria a admissão deles porque precisava de testemunhas para que eu pudesse entregar à polícia. Com aquilo em mãos, poderia ter a certeza de que eles seriam indiciados pelos crimes que cometeram e receberiam a punição adequada.

Tenho que admitir que as pessoas mudam após passarem por certas experiências. Ficamos mais fortes à medida que nos tornamos imunes às coisas que nos machucam. Aqueles que são vulneráveis aprenderão a endurecer seus corações e a seguir em frente.

Ao chegar em casa, tomei um banho rápido e depois caí de sono na cama. Há tempos não tinha uma noite de sono tão boa. Era a mais pura mentira que as pessoas não conseguiam dormir após fazerem algo ruim. Na verdade, nenhuma pessoa ruim jamais se arrependeria das coisas terríveis que fizera. Rebeca e Carmen eram o exemplo disso. Mesmo depois cometerem as piores atrocidades, elas ainda eram capazes de dormir bem. Para ser sincera, até se sentiam aliviadas em saber que as pessoas que estavam em seu caminho estavam mortas.

...

No dia seguinte, Marcos me entregou a gravação da peça encenada pelos dois homens enquanto estávamos na empresa.

"Então, o que planeja fazer agora?", ele perguntou.

Foi uma tortura sem fim assistir à gravação, pois senti como se estivesse revivendo os eventos daquela noite. Então me virei para Marcos e disse:

“Marque uma reunião com Marcelo o mais rápido possível.”

"Por que você quer vê-lo?", Marcos perguntou sem entender.

“Ele é um especialista em informática. Com a ajuda dele, poderemos enviar o vídeo para Rebeca anonimamente. Além disso, ele com certeza agiria contra a família Leão quando souber o que fizeram comigo”, eu disse com naturalidade, pausando o vídeo.

“Scarlett, você mudou. É como se estivesse disposta a fazer qualquer coisa para conseguir o que quer.” Marcos franziu a testa novamente, mas desta vez parecia enojado.

“Olha, acho que nunca me arrependerei de me vingar da família Leão. No entanto, acho que no futuro provavelmente vou me arrepender de ter que tirar vantagem de você e Marcelo. Não é como se eu tivesse uma escolha, já que vocês são as únicas pessoas que podem me ajudar.”

Marcos suspirou em resposta.

A reunião com Marcelo aconteceu no final da tarde em um café ali perto. Eu não o via há dois meses, e ele parecia um pouco tenso. Ao ver meu rosto, ele pareceu estar tomado de culpa e tristeza. De início, ele se mostrou muito taciturno, mas depois de um tempo, quebrou o silêncio entre nós e disse:

“Scarlet, naquela noite quando você me ligou, fui o mais rápido que pude. Mas quando cheguei, a única coisa que vi foi um carro queimado do lado de fora do armazém. Sinto muito por ter demorado tanto para chegar. Nos últimos dois meses, tenho me culpado pelo que aconteceu com você naquela noite. Pode me dizer o que realmente aconteceu? Como seu filho morreu?"

A dor que permanece em seu coração e não desaparece, não importa quanto tempo passe, é chamada de ódio.

Demorei um pouco antes de conseguir responder em um tom calmo:

“Não posso lhe explicar, pois não quero evocar as memórias dolorosas daquela noite. Toda vez que falo sobre o assunto, minha cabeça começa a doer até o ponto em que não consigo respirar. Aqui, você pode ver esse vídeo que foi gravada por uma câmera encontrada no armazém. O vídeo basicamente mostra tudo o que aconteceu naquela noite.”

Apertei o play e entreguei o telefone para ele. Enquanto assistia ao vídeo, Marcelo ficava cada vez mais irritado com uma expressão ameaçadora no rosto. Ele estava segurando o telefone com tanta força que suas veias saltaram, não só na sua mão, mas também em sua testa.