Ficar ou correr? romance Capítulo 241

Assenti, fazendo algumas suposições. De fato, Marcelo foi trazido de volta à Nova Itália pela família Machado há alguns anos. Não perguntei nada sobre o que aconteceu depois disso, então não sabia os detalhes. Ainda éramos crianças quando ele veio para a Passo Largo, e a vovó nunca nos contou sobre o investidor que havia se suicidado. Nunca perguntei a Marcelo sobre a sua origem, durante todos aqueles anos. Após uma noite inteira de conversas, me recostei no banco, sentindo-me cansada. No meu estado de sonolência, notei vagamente que o carro havia entrado na área residencial. Marcos parou o carro. Ao ver que eu cochilava, ele desceu e abriu a porta para mim.

"Você quer que eu te carregue?"

Naquele momento abri meus olhos, e rapidamente balancei a cabeça.

"Posso subir sozinha!" Clara tinha razão. Se alguém nos fotografasse em uma situação como aquela, o negócio ficaria feio para os envolvidos.

Não fiquei surpresa ao ver Pedro no portão, contudo, fechei a cara. É assim que quer me convencer a voltar com ele? Ele estava sentado na porta, parecendo uma criança abandonada. Após ficar vários dias sem vê-lo, notei que ele havia perdido peso. Sua arrogância e ar desafiador haviam desaparecido e notei seus olhos vermelhos.

"Vou subir", Marcos disse, franzindo a testa.

Assenti em resposta e voltei meu olhar para Pedro, que se levantava lentamente, e tive um vislumbre do curativo em sua mão. Se pudesse mudar o passado, faria de tudo para nunca o ter conhecido. Mesmo que isso significasse levar uma vida mais humilde, estaria mais do que disposta. Estava física e mentalmente exausta. Em apenas três anos, estava completamente irreconhecível. Olhamos um para o outro por um longo tempo. Tentei pensar em algo para dizer, mas não consegui. Por fim, disse com uma voz seca:

"Vá embora e não volte aqui nunca mais!" Ignorando seu olhar intenso, passei por ele e caminhei em direção à porta.

"Vocês dois estão morando juntos?", ele perguntou com uma voz cansada.

"Não é da sua conta!", respondi sem acreditar em sua pergunta.

"Hum. Então”, ele continuou com uma voz fraca e rouca: "É assim que as coisas vão ser agora?"

É assim como as coisas vão ser? Sinceramente, não sabia. Pensei em várias maneiras de torturá-lo, mas sabia que, no final, eu seria a única a sair machucada. Por isso, desisti da ideia.

“Sei que você me odeia e me culpa! Sou o responsável por tudo, por não ter protegido você e nosso filho, mas Scarlett, não consigo aceitar como as coisas estão entre nós agora. Se você me odeia, pode se vingar de mim, mas no mínimo volte para casa. Somos marido e mulher. Ainda temos que enfrentar isso juntos, certo?”

Com os lábios franzidos, senti meu coração apertar em meu peito.

"Então vamos nos divorciar!" Aprenderia a abandonar meu ódio por ele. Parar de odiar a pessoa que um dia amei seria como ultrapassar meus limites.

Sentia meu coração despedaçar aos poucos, e uma dor intensa em meu peito. Os humanos são irônicos. É errado amar, mas parar de amar também. Sem nada mais a lhe dizer, me virei para subir as escadas.

"Depois de tudo o que passamos, você vai terminar assim?", ele disse com uma voz tão baixa que mal consegui detectar qualquer emoção nela.

Parei de súbito, mas não olhei para trás.

“Scarlett, se você realmente me odeia, está disposta a me deixar escapar assim? A melhor vingança é fazer da vida da outra pessoa um inferno. O que está fazendo é considerado vingança ou desistir?”

Confusa com o que levaria um homem tão orgulhoso como Pedro a dizer algo tão fora do comum, olhei para ele por cima do ombro, com a cara fechada.

“Você sabe que não vai adiantar me provocar Pedro!”

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