Ficar ou correr? romance Capítulo 242

Sem olhar para ele, endireitei-me e entrei no meu quarto. Neste mundo, ninguém se esforçaria tanto para ajudar alguém sem nenhum motivo aparente. Tinha que haver um motivo. Era inteligente o suficiente para saber por que Marcos me tratava tão bem. Às vezes, queria continuar fingindo não saber, para que eu pudesse ficar. No entanto, os seres humanos eram complexos. Não poderia fingir não saber para sempre, para não dizer que a pessoa que eu era agora não podia mais se dar ao luxo de ser ignorante.

"Scarlett!" Ele fez uma pausa antes de perguntar em voz baixa, "Você já... sentiu alguma coisa por mim?"

Sua pergunta me pegou de surpresa e por um tempo, não consegui encontrar uma resposta.

"Sinto muito, Marcos!"

Ouvi uma risada atrás de mim.

"Tudo bem. Eu entendo."

Suas palavras, apesar de simples, foram acompanhadas por um peso. Não havia nada que eu pudesse fazer a respeito. Abri meus lábios, procurando o que dizer, mas nenhuma palavra saiu. De volta ao meu quarto, senti um aperto desconfortável em meu peito. Mesmo depois de me revirar a noite inteira, não conseguia adormecer. Durante os últimos dois meses, nunca pensei em como seria o resto dos meus dias. Além de resolver os assuntos entre Pedro e eu, também havia a situação com Marcos. Não tive escrúpulos em aceitar seu cuidado rigoroso. Na verdade, até gostei. No entanto, parecia ter esquecido que não havia nada para lhe oferecer, e no final do dia, ele seria o único a sair machucado. Estava despedaçada, sem chance de remendo, e por isso não poderia arrastá-lo para a minha bagunça. A noite passou tão devagar que pensei que o sol nunca iria nascer.

No dia seguinte, depois de uma noite sem dormir, minha cabeça zumbia.

Marcos já estava na sala. Ao notar minha presença, ele olhou para mim com uma expressão neutra no rosto.

"Tome o café da manhã primeiro."

Respondi com um aceno de cabeça, meu olhar pousando na refeição caseira composta por ovos, bacon e pão servidos na mesa de jantar. Enquanto nos sentávamos um de frente para o outro, ele permaneceu em silêncio e comeu sua comida elegantemente. Ao perceber as olheiras sob seus olhos, perguntei sem pensar muito:

"Não dormiu bem ontem à noite?"

Ele encontrou meu olhar e respondeu sucintamente: "Coma mais." Em seguida, ele me serviu mais comida.

Observei-o por algum tempo, mas optei por permanecer em silêncio. Estava perdida em pensamentos quando meu telefone tocou. Quando senti os olhos de Marcos em mim, voltei a realidade e olhei para o meu telefone. O número do Pedro estava piscando na tela. Percebendo a minha falta de reação, Marcos ergueu as sobrancelhas.

"Você não vai atender?"

Depois de pegar meu telefone e deslizar para atender, levei-o até minha orelha e esperei que ele falasse primeiro.

“Você tem muitas coisas? Posso subir e te ajudar. Estou aqui embaixo.", Pedro falou com uma voz monótona.

Levantei-me e caminhei até as janelas, em seguida abri as cortinas. Ele estava dizendo a verdade. Ele realmente estava no térreo, ostentando seu porte alto e orgulhoso vestindo um terno preto.

"Pode deixar." Recusei em voz baixa, depois acrescentei: "Te encontro aí embaixo."

"Tudo bem. Vou esperar por você.", ele respondeu no mesmo tom que o meu. Acho que sempre interagimos assim.

Depois de encerrar a ligação, Marcus olhou para mim com os lábios franzidos.

"Você ainda não terminou de comer."

Olhei para ele e hesitei por um momento, sabendo que ele estava de mau humor.

“Obrigada, Marcos." Além daquilo, não sei mais o que poderia dizer. Como ele comprou tudo o que estava no quarto, não tinha nada para levar comigo. Desviei dele saindo do quarto, mas ele de repente agarrou o meu pulso. Antes que pudesse reagir, ele agarrou a parte de trás do meu pescoço. Tudo aconteceu tão rápido que não pude me esquivar dele. Imediatamente o empurrei para longe e massageei meu pescoço enquanto uma raiva fervia em mim. "Marcos, pensei que você me respeitasse!"

Ele soltou uma risada. “Você sempre vê o melhor nos outros!”

Minha expressão era séria quando olhei para ele, então disse com intensidade:

"Adeus." Aquilo aconteceu por minha causa, portanto não tinha o direito de passar um sermão ou criticá-lo. Por isso, tive de arcar com as consequências.

Pedro estava esperando perto dos portões lá embaixo. Ao me ver sair, o vinco entre as sobrancelhas diminuiu ligeiramente, e ele estendeu a mão para mim.

"Vamos pra casa." Sua voz era tão suave que quase foi levada pelo vento.

Ignorei sua mão estendida, depois passei por ele e marchei em direção ao carro. Naquele momento, ouvi a voz ameaçadora de Marcos logo atrás de mim.

"É melhor cuidar bem dela, Pedro, ou não a deixarei ir da próxima vez."

Vacilei em meus passos e olhei por cima do ombro para descobrir que os dois homens se encaravam em uma batalha silenciosa. Ignorando-os, entrei no carro e ouvi Pedro dizer vagamente:

“Não haverá uma próxima vez."

Pedro deu a partida e começou a dirigir. Como ele ficou em silêncio, também fiz o mesmo. Em vez disso, olhei pela janela para ver como os prédios altos passavam zunindo. À medida que passávamos por mais edifícios, comecei a perceber que Nova Itália era muito mais do que apenas uma cidade movimentada.

"O que gostaria de comer?" Pedro finalmente quebrou o silêncio, me perguntando com leveza. Quando ele olhou de soslaio para mim, seus olhos escureceram ligeiramente com uma frieza crescendo dentro deles.

Irritada, respondi de maneira curta e seca:

“Não estou com fome." Era verdade, pois já havia comido mais cedo.

Ele voltou a ficar em silêncio e estacionou o carro em frente a uma padaria, e disse, parando para olhar para mim:

"Bem, eu estou." Depois de sair do carro, ele entrou no estabelecimento e encontrou uma mesa. Com um rosto inexpressivo, ele perguntou: "Você come panquecas?"

Para começar não estava com fome, então respondi com um aceno de cabeça.

"Qualquer coisa serve!" Logo depois, abaixei a cabeça e comecei a mexer no meu telefone. Nesse momento, recebi uma mensagem de Marcelo. Você vai se encontrar com o presidente da OrbitTech em Augusta nesta quarta-feira?

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