Ficar ou correr? romance Capítulo 260

Acho que não deveria ter grandes esperanças, já que estava falando com um bêbado.

Assim que ouviu minhas palavras, ele olhou para mim com seu par de olhos profundos e um olhar franzido. Ele me abraçava enquanto acariciava minha cabeça. Eu o afastei porque sabia o que ele tinha em mente.

"Marcos, você está bêbado!"

No entanto, ele sequer se moveu. Como estávamos na calçada, tive medo de empurrá-lo para a rua movimentada e acabar causando um acidente. No fim das contas, parecia que estávamos nos beijando no meio da rua.

"Marcos...", gritei para expressar minha frustração quando ele começou a acariciar minhas costas.

Antes que pudesse continuar a repreendê-lo, senti seu corpo ser lançado para longe de mim com força. Alguns segundos depois, ele emitiu um grunhido abafado. Quando despertei do choque, vi Pedro e Marcos engalfinhados numa luta intensa. Para ser precisa, Pedro começou a bater em Marcos com todas as suas forças. Em poucos segundos, seu rosto estava completamente machucado. Talvez porque estivesse muito bêbado, ele se encontrava incapaz de reagir aos vários socos disparados por Pedro de forma implacável. Corri e puxei a bainha da camisa de Pedro para contê-lo. Temendo que algo ruim acontecesse:

"Pedro, para! Ele vai morrer assim!”

Seu rosto ganhou um brilho severo, então perguntou insensivelmente:

"Está preocupada com ele?"

Respondi com uma cara fechada enquanto Marcos comentou sarcasticamente:

“Scarlett, eu sabia! Você ainda se importa comigo, não é?"

Não soube o que dizer diante a declaração de Marcos, ele parecia estar com vontade de morrer, como se mal pudesse esperar que Pedro o mandasse para a cova. Como esperado, Pedro ficou ainda mais furioso e arrastou o homem que estava preso ao chão, socando-o sem demonstrar qualquer sinal de misericórdia. Por outro lado, Marcos parecia ter perdido a cabeça, uma vez que não parava de sorrir, não importava o quão bruto Pedro fosse.

"Pedro, quanto mais você me bate, mais Scarlett se preocupa comigo!"

Algo estava definitivamente errado com ele. Suas palavras funcionaram como mágica, Pedro o jogou no chão e chutou seu abdômen.

Podia ouvir seus grunhidos abafados enquanto ele tentava ficar de pé. Quando Pedro estava prestes a avançar sobre Marcos mais uma vez, entrei no meio e o impedi com calma.

“Pedro, não percebe que ele está te provocando de propósito? Que mesmo matá-lo e ser jogado atrás das grades por isso?"

Ele franziu os lábios, ofegante.

"Esse idiota estava pedindo!"

Revirei os olhos impotente e decidi ficar longe de Marcos para evitar novos conflitos. Felizmente, Ricardo correu para fora do restaurante quando ouviu a comoção.

"Sr. Medeiros, pode me fazer um favor e levar o Sr. Vasconcelos ao hospital antes de deixá-lo em casa? Desde já obrigada."

Ricardo olhou com indiferença para Pedro e respondeu com um aceno de cabeça e um sorriso malicioso. Ele ajudou Marcos a se levantar e logo o levou para longe.

Depois que foram embora, Pedro olhou para mim, olho no olho, a fim de expressar sua irritação. Deveria ser responsabilizada por todo o incidente, mas tentei me defender.

"E-Eu... E-Ele está bêbado!"

"E daí?"

Mas que diabos? O que ele quer dizer? O que mais posso dizer quando acabei de explicar o motivo?

“Não aconteceu nada entre nós! Ele bebeu demais! Falando nisso, vi a Sarah no restaurante agora a pouco. Ela parece estar vivendo uma vida difícil. É você quem está por trás do sofrimento dela?", falei.

Ele respondeu com uma carranca e falou em voz alta devido a sua raiva.

"Scarlett, para de tentar mudar o assunto!"

Não podia acreditar que ele percebeu o que eu estava fazendo. Encarando-o, decidi manter minha boca fechada pois sabia que seria impossível conversar com ele. Frustrado, ele quebrou o silêncio, perguntando com indiferença:

"Você não vai se explicar?"

"Tentei, não tentei? Você não tem intenção alguma de me ouvir!"

"V-Você..." Ele gaguejou em resposta, sem encontrar palavras melhores para rebater a minha declaração. De repente, não pude deixar de achá-lo adorável.

Alguns segundos depois, ofereci:

“Por que não bate em mim como bateu no Marcos? Quero dizer, se isso ajudar, por que não né?"

Sabia o quão idiota parecia, mas, literalmente, aquela era a única alternativa que conseguia pensar. Pedro parecia um pouco confuso, mas respondeu sem dar muita importância:

"Com certeza vou fazer isso algum dia."

Então, lançou um olhar severo para mim, virou-se e partiu. Como estávamos no meio da rua, talvez o incidente tenha chegado às mídias sociais devido à comoção causada. Corri por entre a pequena multidão que via tudo, e fui atrás dele. Ele embarcou no carro antes de mim, mas quando tentei abrir a porta, não consegui, estava trancada. Comparado a um carro popular, o seu era um pouco maior. Por isso, tive que ficar na ponta dos pés para alcançar a janela.

“Ei, Pedro! O que está tentando fazer?"

"Pode ir para casa a pé!" Assim que terminou de falar, ligou o carro e foi embora sem pensar duas vezes, deixando-me ali, confusa.

Mas que diabos! Ótimo!

Normalmente, não era difícil encontrar um táxi, já que estávamos no meio de uma rua movimentada, mas os táxis que passavam estavam todos ocupados naquela noite. Poucos minutos depois, um Cadillac preto parou na minha frente enquanto o motorista do carro surgia por trás da janela. Era Júlio, que colocando a cabeça para fora, disse:

"Sra. de Carvalho, o Sr. de Carvalho me pediu que levasse em casa."

Fiquei espantada, já que ele nunca se dirigira a mim daquela forma antes. Não posso mentir, seria difícil me acostumar a ser chamada de Sra. de Carvalho depois de ser tratada como Sra. Machado por todo aquele tempo. Apesar de me sentir lisonjeada, respondi de maneira petulante:

“Não foi ele quem se recusou a me dar uma carona? Ele deveria ter me deixado aqui para congelar até a morte!"

“Senhora,” Júlio retrucou, “a temperatura não cairia mais do que sete ou oito graus Celsius. Tecnicamente, você não vai congelar até a morte, mas pode pegar um resfriado se passar a noite ao relento."

Ah, meu Deus! Estou mesmo ouvindo isso? Nunca encontrei um homem tão nerd antes!

“E se eu pegar um resfriado e ficar terrivelmente doente?”, perguntei.

Ele fez uma pausa e pensou. Logo, assentiu e afirmou:

“Pode ser que isso aconteça, mas há apenas uma pequena chance para tal resultado; isto é, a menos que esteja infectada por outros vírus."

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