Ficar ou correr? romance Capítulo 261

Argh! Acho que não posso ganhar essa discussão, não é?

"Obrigada pela carona!"

Decidi ficar de boca fechada e entrei no carro. Ele assentiu e respondeu com uma expressão indecifrável. Quando estávamos prestes a chegar à mansão, não conseguia mais conter o desejo de fazer a pergunta que tanto me incomodava.

"Júlio, onde está sua namorada?"

"Não tenho uma, senhora!"

“Bem”, assenti e comentei, “presumi que não tinha. Caso contrário, ela teria dificuldades em lidar com você.”

Ele olhou de relance para mim por alguns segundos antes de se virar para se concentrar na estrada.

"Na verdade, sou casado."

Pega de surpresa decidi encerrar nossa conversa, pois tinha certeza de que ficaria ainda mais furiosa caso continuássemos.

Assim que chegamos à mansão, saí do carro o mais rápido possível e entrei em casa, direto na sala de estar. Coloquei meus chinelos e notei que a luz estava acesa. Pedro estava ali, desfrutando de sua xícara de chá enquanto se entregava à leitura de um livro.

“Babaca!", deixei escapar.

Ele franziu a testa e olhou para mim silenciosamente, mas o ignorei e subi as escadas sem qualquer hesitação.

"Pare aí mesmo, Scarlett!"

Pedro quebrou o silêncio levantando a voz, fazendo com que eu parasse no meio da escada. Virei-me e o confrontei:

"O que você quer?"

“O que eu quero? Como se atreve a gritar comigo sendo que está errada?", perguntou, sua fúria tomando de conta, enquanto ria.

“Bem, acho que provou estar certo! Algo mais?" Olhei para ele voltando a ficar em silêncio.

Pedro respirou fundo e anunciou de maneira justa:

"Vou fingir que nada aconteceu, mas a partir de agora, quero que fique longe dele!"

"Você é ridículo! Tenho que trabalhar, pelo amor de Deus! Marcos estava bêbado!" Enquanto falava, evitei olhar para ele, devido a culpa que sentia.

Ele correu e agarrou meu pulso sem mais conseguir conter a sua raiva.

"Scarlett, o que mais precisa acontecer para você ficar longe dele?"

Levantei minha cabeça e olhei em seus olhos percebendo a sua frustração genuína.

"Está bem! Vou tentar ficar longe dele. Sei bem o que estou fazendo, tá bom? Você continua a manter contato com Rebeca, enquanto não tem nada acontecendo entre Marcos e eu! Não acha que está sendo irracional?"

Era um hábito meu mencionar Rebeca sempre que estávamos brigando. Sabia que nada estava acontecendo entre eles, mas não conseguia resistir ao desejo de provocá-lo sempre que tinha a chance. Sua expressão, de repente, ficou sombria.

“Qual parte de mim está sendo irracional? Além disso, o que te faz pensar que algo está acontecendo entre Rebecca e eu? Scarlett, quem diabos você pensa que é?"

A julgar por sua expressão, sabia que tinha que encerrar a conversa. Caso contrário, as coisas ficariam fora de controle em breve.

"Sinto muito, tá bom? Ficarei longe dele de vez. Prometo que não chegarei mais perto dele!", assegurei.

Ele estreitou os olhos, confuso com a minha súbita mudança de atitude.

"Scarlett, está me escondendo alguma coisa?"

Argh! Por que tinha de me desculpar e ceder ao seu pedido quando não tinha feito nada de errado? Na verdade, o que ele quer? Não consigo falar com ele de jeito nenhum! Fiz tudo o que queria, mas ele não me deixa em paz!

Respirei fundo e forcei um sorriso.

“Pedro, já lhe disse no que estou pensando! Cabe a você acreditar ou não!”

Assim que terminei minha frase, subi as escadas pois não aguentava mais; se continuássemos conversando, desmaiaria de frustração. Para minha surpresa, ele agarrou meu pulso e me parou mais uma vez.

"Pedro, que diabos você quer?", falei, sem mais conseguir conter minha ira, virando-me para olhá-lo.

Finalmente se acalmando, ele se recompôs, e pediu:

“Acalme-se, Scarlett. Vamos lá para cima depois de comermos alguma coisa, está bem? Estou com fome. Você pode, por favor, preparar uma comida para mim?"

Talvez ele tivesse acabado de chegar na cidade. Portanto, as empregadas não estavam por perto naquela hora. Desta vez, foi a minha vez de expressar meu descontentamento. Gritei:

Você não pode fazer isso? Por que tem de ser eu?!"

Pedro contraiu os lábios, ofendido, e me mostrou as mãos.

“Acidentalmente me machuquei durante a luta.”

Que tipo de desculpa é essa?

Pensei que estava ouvindo coisas quando ouvi sua resposta absurda. Se não tivesse testemunhado a briga que teve com Marcos, teria acreditado nele! Ele estava levemente machucado. Presumi que tivesse se machucado acidentalmente quando ficou nervoso durante a briga.

"Pedro, você não tem vergonha na cara?"

Ele teve a audácia de se fazer de inocente quando foi ele quem causou todo ao alvoroço. Pedro se inclinou e olhou nos meus olhos:

"Olha só como você me conhece bem! De qualquer forma, estou com muita fome porque não comi nada até agora."

Fiquei surpresa com a sua resposta, pois o fazia parecer um homem carente, ao invés do egoísta de sempre. Não sabia se aquilo se tratava de uma alucinação, mas mesmo assim entrei na cozinha para preparar-lhe algo para comer. Havia muitos ingredientes frescos que haviam sido deixados pelas empregadas com antecedência. Para ser sincera, não cozinhava bem, então cortei um pouco de alho e comecei a preparar um simples macarrão ao alho e óleo.

"Vai fazer um pouco de espaguete?"

Encostado na parede com os braços cruzados, Pedro olhou para mim com os olhos arregalados e perguntou quando viu os ingredientes que havia separado.

"Uhum!", respondi, já que não havia mais nada que pudesse preparar além daquilo.

"É assim que deve tratar seu marido?"

Enquanto preparava a comida, desliguei o fogão e olhei para ele.

“Se for esse o caso, pode encontrar outra coisa para comer. Por que não pede para outra pessoa fazer uma refeição chique para você?"

Assustado, ele rapidamente se colocou na minha frente e tocou meu nariz.

"Na verdade, não me importo. Espaguete parece ótimo."

Ele finalmente parou de me irritar e saiu do meu caminho. Estava completamente desgastada depois que terminei de cozinhar. Logo depois de lhe servir a refeição, voltei para o quarto e adormeci. No meio da noite acordei irritada devido ao zumbido do telefone, que interrompeu meu sono maravilhoso. Quando abri os olhos, Pedro já estava acordado. Ele se inclinou e passou os dedos pelos meus cabelos despenteados, perguntando gentilmente:

"Te acordei?"

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Ficar ou correr?