Ficar ou correr? romance Capítulo 291

Não sabia como consolá-lo, então aquilo era tudo o que podia fazer. Erguendo uma sobrancelha, lançou um olhar gelado para mim.

"Não vai ficar?"

Depois de uma breve pausa, balancei a cabeça. Então peguei minha jaqueta e fui embora. Tantas coisas aconteceram.

Quando cheguei em casa, já passava da meia-noite. Antes que meu carro entrasse na garagem, vi um homem parado ao lado da porta. Era um homem imponente. Sob a luz fraca da rua, parecia um viajante cansado. Depois de estacionar, fiquei parada na porta. Mais uma vez, começou a chuviscar. Seu rosto ganhou uma expressão sombria.

"Vai ficar plantada aí fora pelo resto da via?"

Então, caminhou em minha direção. Quanto mais molhado ele ficava, mais distante ele parecia para mim.

"Ele não disse que ia chegar tarde?", murmurei, contraindo meus lábios.

O que entendi durante a ligação, era que seria provável que ele não voltaria aquela noite. Afinal de contas, a Cidade de Augusta ficava longe de Nova Itália. Levaria metade de um dia para ir e voltar.

"Não acha que está tarde?", falou com uma risada sarcástica.

Ele estava certo, já passava da meia-noite. Sem dizer mais nenhuma palavra, me puxou para dentro da mansão. Olhando para mim com um olhar sombrio, perguntou:

"Aonde você foi?"

"No Parque das Flores", respondi, sem tentar esconder nada dele. Uma tragédia havia acontecido, e cheguei tarde em casa. Mesmo se não contasse nada, ele ficaria sabendo de tudo na manhã seguinte.

Ele me encarou de forma intensa.

“Por que não fica lá por mais alguns dias? Vai te poupar o trabalho de ter que ficar dirigindo por aí.”

"Parece uma boa ideia. Pretendo fazer exatamente isso."

"Scarlett!" , gritou, "Quem é o seu marido?"

“Foi você quem me pediu para me mudar para lá. Por que está com raiva da minha resposta?", bufei.

“Não posso ficar com raiva? Vai passar a maior parte do seu dia com o Marcos. Por que não o adota logo? Dessa forma, pode ficar com ele cada segundo da sua vida.”

"Por que não me mandar casar com ele?", retruquei, encarando-o.

Bam!

Ele bateu na mesa com a mão, como se estivesse a ponto de me matar.

"Então não está errada em ter voltado depois da meia-noite?"

“A mãe do Marcos, Clara, pulou do edifício Blumenau hoje. Estou com medo de que Marcos não consiga lidar com isso, então passei algumas horas com ele no Parque das Flores. Foi por isso que voltei tarde”, suspirei.

"O que realmente aconteceu?", ele perguntou com as sobrancelhas franzidas.

Ele esteve ocupado nos últimos dias, e talvez Suzana tenha apenas contado sobre a morte de Benjamim, e era provável que não tenha entrado em detalhes. Afinal, aquele era um assunto da família Vasconcelos. No fim das contas, Pedro e eu não éramos parte da família. Após pensar um pouco, continuei:

"No dia em que Benjamin morreu, Suzana contou para Clara coisas que aconteceram há mais de uma década, e acho que suas palavras a afetaram muito. Ela não parecia estar mentalmente bem. Talvez não tenha conseguido suportar, então se jogou para ficar junto de Benjamin."

Ele apenas assentiu, sem demonstrar sua opinião sobre o assunto. Então olhou para mim.

"Marcos tem de cuidar da própria vida, então não fique indo lá. Não se esqueça de que eu sou seu marido, não ele.”

Podia sentir o ciúme escorrendo de suas palavras.

"Pedro, estou apenas retribuindo a ajuda que ele me deu", bufei. “Pode parar de ver coisas onde não tem?"

"Retribuindo a ajuda? Há tantas maneiras de se retribuir um favor. Tinha que ir sozinha?"

E mais uma vez, ele estava sendo sarcástico. De qualquer forma, ele não estava de bom humor e não queria falar muito comigo. Portanto, não levei suas palavras a sério.

“Já está tarde. Não está com sono?", disse e me olhou antes de subir as escadas.