Ficar ou correr? romance Capítulo 304

“Que absurdo é esse que você está falando?” Suzana arregalou os olhos e me lançou um olhar incrédulo antes de exclamar: “Você enlouqueceu! Está completamente louca!”

Senti rancor por essa mulher e não pude deixar de considerá-la ridícula.

“Você levou pessoalmente à família Vasconcelos para a morte! Foram três vidas no total! Você não tem medo do carma?”

“Eu não fiz isso!”, Suzana gritou. “Scarlet, não prosseguirei com este assunto. Já que você é a esposa de Pedro, é melhor parar de falar bobagens ou exercerei meu direito de processá-la por calúnia e difamação!”

Meus lábios se curvaram em um sorriso de escárnio. “Claro, vá em frente. Contanto que você possa dormir em paz à noite em vez de ser assombrada por sua consciência… Contanto que possa abrir mão dessas três vidas, vá em frente e me processe!”

O peito de Suzana arfou de raiva.

Após um tempo, ela zombou: “Por que está tão triste com a morte de Marcos, Scarlet? Você se apaixonou por ele? Está com o coração partido? Não se esqueça de que você é casada com outro.”

Ha!

É tão louco como as pessoas podem ser tão desavergonhadas.

Começou a nevar muito naquele momento.

Grandes flocos caíram sobre a poça de sangue no chão. Em pouco tempo, tudo ficou coberto por uma camada de neve branca tão espessa, que dava a impressão de que nada havia acontecido ou que tudo não passou de um grande pesadelo.

Pedro me trouxe de volta à mansão e não falou um ‘a’ durante toda a jornada. Eu também não tive o desejo de conversar, a imagem de Marcos todo ensanguentado pesava em minha mente e coração, juntamente com a culpa.

Se eu tivesse notado sua mudança de comportamento mais cedo e percebido que ele havia perdido a fé, poderia ter ignorado as fofocas e o ciúme do meu marido para ajudá-lo durante esse período.

Se eu soubesse, talvez as coisas não tivessem acabado desse jeito.

Fui egoísta e muito cautelosa. Isso é tudo culpa minha!

A noite chegou e a neve lá fora parecia ficar mais pesada. Minha mente continuou repetindo a cena de Marcos fechando os olhos pela última vez.

Foi tão enlouquecedor que desci as escadas e saí para o quintal, torcendo para o frio congelar o ressentimento e a dor que dominavam meu coração.

Infelizmente, nada acalmava a culpa dentro de mim.

Quanto mais eu tentava, mais as memórias da bondade de Marcos me inundavam. Minha mente me punia de forma tão violenta, que parecia uma torrente furiosa que ameaçava me puxar para baixo.

De repente, Maria saiu no quintal com um guarda-chuva.

Vendo-me coberta de tanta neve, ela persuadiu em um tom gentil: “Senhora, vamos entrar. O tempo está péssimo. Você pode ficar doente.”

A olhei atordoada e abri um sorriso peculiar. Balançando a cabeça, murmurei: “Estou tão cansada de viver.”

A mulher ficou surpresa por um momento, então rapidamente colocou um casaco sobre meus ombros e segurou a minha mão. “Não diga coisas tão tristes.”

Ao sentir minha pele gelada, ela ofegou em choque. “Olha como você está fria! Rápido! Vamos entrar. Você terá uma hipotermia se continuar aqui!”

Eu, porém, continuei imóvel.

A única maneira de o meu coração ter um pouco de alívio, seria permanecer nesse tipo de ambiente hostil.

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