Ficar ou correr? romance Capítulo 33

‘Que jeito?’ Não perguntei em voz alta. Cada pessoa tinha sua própria maneira de pensar, por isso eu não sabia o que João queria dizer. Tudo o que sabia era que essa criança era apenas minha. Pedro nunca gostou de mim para começar. Se o vovô ainda estivesse vivo, provavelmente poderia ficar ao lado de Pedro por mais alguns anos, mas ele se fora, então não tinha forças para continuar com ele. Arriscar a vida do meu filho para ficar com ele não seria uma escolha sábia.

O silêncio se estendeu entre nós até que eu falasse novamente.

“Já que estou grávida agora, temo que terei que incomodá-lo por enquanto. Quanto ao resto, tenho meus próprios planos. Obrigada, Dr. Cruz."

Ele provavelmente achava que eu não havia compreendido, e uma ruga se formou entre suas sobrancelhas, ele não disse mais nada, então suspirou.

"Tenho um compromisso mais tarde. Lembre-se de tomar seu remédio. Eu já vou indo."

Depois de vê-lo ir embora, não comi a tigela de sopa de cenoura de gengibre que Pedro preparou para mim, uma vez que meu sentia um leve desconforto no estômago. Talvez fosse porque ainda estava no estágio inicial da gravidez, eu não tinha nenhum enjoo matinal, mas também não tinha apetite.

Após voltar para o quarto e me deitar, meu telefone tocou. Era um número desconhecido, mas atendi a ligação mesmo assim. Um momento se passou antes que a pessoa do outro lado falasse.

"Sou eu, Rebeca!"

Pisquei surpresa, depois franzi a testa.

"Você precisa de algo de mim, Sra. Lopes?"

"Vamos conversar! Já te enviei o endereço!” Antes que eu tivesse a chance de objetar, ela desligou.

Não conseguia entender por que Rebeca estava me procurando agora. Aposto que tinha algo a ver com Pedro. Mas o que a fazia pensar que eu correria para encontrá-la só porque ela me pediu? Olhando para o endereço que ela me enviara, tirei uma captura da tela e enviei para Pedro com uma única frase abaixo. ‘A Sra. Lopes me pediu para encontrá-la, mas eu estava com receio de ser provocada e acabar dando um soco nela, então recusei.’

Pedro me ligou pouco depois que a mensagem foi entregue. Atendi o telefone e me encostei no parapeito da varanda enquanto apreciava a paisagem, em seguida, disse com uma voz despreocupada:

"Sim, Sr. de Carvalho?" Depois de dizer isso, quase pude ver a sua cara fechada.

No passado, o vovô me dissera que Pedro era filho único. Não lembro de ele ter mencionado uma irmã. Quanto ao tio Carlos e sua esposa, ouvi dizer que não queriam filhos, então ela também não poderia ser a filha deles.

‘Quem era essa garotinha na foto?’

Sem nenhuma outra explicação, presumi que era a filha de um de seus vizinhos da época. Sem pensar muito, continuei folheando o álbum. As fotos na parte no final eram de Pedro durante seus dias de escola. Aquilo mostrava como o vovô era sentimental, registrando cada momento especial da vida de seu neto desde bebê, e guardando-os com cuidado. No final do álbum havia uma foto que parecia ter sido tirada mais recentemente. Rebeca, João e Armando estavam presentes.

Havia um menino que parecia estar animado e entusiasmado. Todos eles eram bonitos à sua maneira, mas aquele menino tinha uma pele mais pálida, parecendo estar doente. Por não conseguir reconhecê-lo, não tentei descobrir quem era.

A garota que estava entre os quatro meninos era, obviamente, Rebeca. Naquela época, ela ainda parecia ser inocente e tímida. Era óbvio, à primeira vista, que ela era a princesinha preciosa que todos mimavam. Que sortuda.

Depois de ver todas as fotos, senti como se meu coração estivesse sendo apertado e espremido por uma força invisível. Pedro e Rebeca tinham uma longa história, enquanto eu só o conhecia há apenas dois anos.

Se não fosse pela doença e desespero da minha avó, que a levaram a me trazer para conhecer o vovô Jorge, eu nunca teria tido a chance de me casar com Pedro. Na verdade, eu só tinha contado com a vovó e o vovô para me casar com ele. Era justificável que ele não nutrisse sentimentos por mim. Pensando bem, mesmo depois de tanto tempo, nunca parei para pensar em como a vovó e o vovô se conheceram. Logicamente falando, os de Carvalho eram ricos e influentes, enquanto a vovó morava no interior. Como será que eles se conheceram?