Ficar ou correr? romance Capítulo 61

Coloquei o par de chinelos felpudos na entrada. Como não houve resposta, voltei meu olhar para a porta. Foi quando vi um homem, de olhar severo e insondável, ameaçadoramente parado na minha frente. Franzi a testa. Por que Pedro está aqui? Ele deveria estar na cama com Rebeca. Quis fechar a porta, mas ele me impediu a tempo. À medida em que seu rosto ganhava um tom sombrio, ele perguntou:

"Por quem está esperando?"

Ele empurrou a porta com tanta força, que não consegui segurá-la. Em seguida, desisti e respondi languidamente:

"Quem mais eu poderia estar esperando no meio da noite? Claro que por alguém que possa aliviar a minha solidão."

Ele parou na minha frente logo depois de entrar. Um brilho intenso surgiu em seus olhos, então zombou:

"Aliviar sua solidão?" Ele endireitou o quadril e o forçou contra mim. "Você acha que sua solidão pode ser aliviada por isso?"

Sem saber o que dizer, senti meu rosto queimar.

"Por que está tão quieta?" Enquanto pressionava seu corpo contra o meu, ele deu um beijo suave na minha testa. Em seguida, o clima começou a esquentar. "Por que você não foi para casa?" Ele mordeu meu lábio e continuou com uma voz rouca: "Por que está se escondendo aqui?"

"Pedro, me solta!" Nunca vira alguém tão sem vergonha. Ele estava correndo atrás de Rebeca não fazia muito tempo, mas agora ele tinha a audácia de vir aqui e brincar comigo.

"Você acha que eu seria capaz de fazer isso agora?" Sussurrou, me segurando com força

Fiquei pasma. Normalmente, eu dançaria de acordo com a música. Contudo, depois do incidente anterior, mal conseguia responder ao seu toque. Ele franziu a testa depois de perceber a minha falta de reação ao seu toque. Em seguida, me carregou até a sapateira e me colocou em cima dela. Imediatamente o parei quando tentou tirar a minha roupa.

"Nem se dê ao trabalho. Já não sinto nada por você."

Não sabia como aquilo acontecera. À primeira vista, as coisas podem parecer boas, mas, no fundo, não passam de ilusão.

Enrugando as sobrancelhas, Pedro olhou para mim com frieza:

"Você não sente nada por mim?"

Abri a boca para falar, mas não disse nada. De repente, ele me agarrou e me arrastou para o banheiro. Fui segurada, então, sob o chuveiro, com a água gelada caindo sobre mim.

"Pedro, por que está fazendo isso? Você deveria ir atrás da Rebeca para satisfazer o seu desejo. Não maltrate uma mulher grávida!" Eu quase desabei.

Já que ele sempre babava por ela, por que não podia ir atrás dela e me deixar em paz?

A explosão de raiva de repente diminuiu. Pedro parou de baixar o zíper, e ficou em silêncio por algum tempo. Então desligou o chuveiro e se afastou de mim. Evitei olhar para ele. Sem muita força em mim, caí no chão quando ele me soltou. Talvez devido ao clima abafado, uma tempestade caiu de repente, seguida por uma chuva torrencial. O banheiro estava tomado por um silêncio assustador. A princípio, pensei que Pedro estivesse zangado comigo, mas ao que tudo indicava, não estava. Depois de recuperar a compostura, ele se arrumou antes de se virar para mim dizendo:

"Descanse um pouco!"

Em seguida, saiu sem dizer outra palavra. Que homem temperamental!

Estava sentada, ainda aturdida, quando Márcia entrou no banheiro. Ao ver meu estado, gritou comigo:

“Scarlett, o que diabos você fez? Você deve pensar no bebê, não importa o que aconteça!" Logo depois, ela me tirou dali e secou meu cabelo enquanto eu, sentada na cama, olhava para o vazio. Depois de algum tempo, perguntei:

"Será que um homem pode se apaixonar por uma mulher por causa de seu bebê?"

Ela parou por um momento e pensou antes de falar.

"É possível. Afinal de contas, muitas mulheres tendem a se apaixonar por alguém pelo mesmo motivo."

De fato, existiam muitos casos assim.

Olhei para ela assombrada e indaguei:

"E se o bebê se for?"

Chocada com as minhas palavras, Márcia me deu um tapinha no ombro.

"O que houve? Você completou dois meses de gravidez e o bebê está crescendo. Você vai ter o bebê. Não pense demais!"

Cobri o rosto, frustrada. Ultimamente me sentia aflita e irritada. Depois de Márcia secar o meu cabelo, me ajudou a deitar e me cobriu. Pedro não apareceu novamente pelo resto da noite. Preocupada que eu não conseguiria dormir por conta da chuva, Márcia ficou comigo. Sua preocupação provou-se justificada, exceto pelo fato de que eu estava irritada demais, ao invés de assustada, fiquei acordada até as primeiras horas da madrugada. Mal tinha conseguido dormir, quando fui acordada pelo zumbido do meu telefone, e percebi que já era manhã.

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