Ficar ou correr? romance Capítulo 80

Ela balançou a cabeça enquanto seu olhar caía sobre minhas mãos. Em voz doce, ele disse: "Não, vim ver você, Sra. Machado. A propósito, devo dizer, você tem mãos adoráveis."

Depois de uma saudação educada, eu ri levemente e disse:

"Você deve estar brincando, Sra. Antunes. As suas mãos são ainda mais adoráveis que as minhas.” Assim se seguiu a nossa conversa.

Notando que ela viera pessoalmente me ver, tive certeza de que ela não estava ali para ter uma mera conversa comigo. Peguei alguns grãos de café preto marfim que Pedro comprara e disse sorrindo:

"Não tomo muito café. Mas o Pedro ama. Deixe-me servir-lhe um pouco. Espero que goste."

Ela sorriu educadamente. Observando o café na minha mão, ela sorriu. "Este é um dos café mais caros do mundo. Nem mesmo os que tem muito dinheiro conseguem comprar com facilidade! Ter a chance de provar um café tão raro é uma honra para mim. Tenho que agradecer por isso Sra. Machado!"

Ri com ela. Enquanto isso, ainda me perguntava qual era o motivo da sua visita. Depois de tomar alguns goles de café, não contive a minha curiosidade e disse:

"Mesmo depois de conversarmos tanto, ainda não sei dizer o motivo da sua visita. Posso ajudá-la em alguma coisa, Sra. Antunes?”

Ela tomou um gole do café e olhou diretamente para mim, com seus olhos gentis e disse em tom suave: "Não é nada demais. É que a última vez que te vi no Monjardim, não pude deixar de notar que você me é familiar. Depois da festa, não consegui parar de pensar nisso. Por isso, vim ver você."

Suas palavras me deixaram aturdida. Pensei que ela veio me ver para falar sobre Heitor. Nunca imaginei que ela viria me ver por eu parecer familiar. Enquanto servia-lhe mais café, sorri. "Heitor disse a mesma coisa para mim." Na minha opinião, achava normal. Afinal de contas, muitas pessoas se parecem umas com as outras. Inclusive a Sra. Lopes e eu, a quem nós duas conhecemos, partilhamos algumas semelhanças. Não fazia muito tempo, eu a vi na companhia de Rebeca em um café, e não escondi esse fato. Surpreendida por um momento, ela recuperou a compostura e sorriu ao concordar:

"Ah, acho que faz sentido. Então, Sra. Machado, os seus pais ainda estão vivos?"

Balancei a cabeça, suspeitando de sua pergunta. "Não. Meus pais me abandonaram quando eu era ainda muito jovem. Fui criada pela minha avó, então não sei muito sobre eles."

"Sua avó ainda está viva?" Suas perguntas eram pessoais de mais para o meu gosto. Sentindo que poderia ter passado dos limites, ela rapidamente mudou o tom da conversa. Olhando para mim com sinceridade, ela confessou: "Sra. Machado, por favor, não duvide das minhas intenções. Sou curiosa, e muitas vezes acabo por perguntar demais. Perdoe-me."

Em seguida, tirou um belo envelope de dentro da bolsa e entregou-o para mim. "Vou dar uma pequena festa no Monjardim hoje à noite. Se estiver tudo bem por você, você e o Sr. de Carvalho estão mais do que convidados.” Estendi a mão e peguei o envelope requintado. Ao abri-lo, vi um convite de aniversário dentro. Lembrei-me então de que Heitor mencionara sobre o aniversário de sua mãe.

Guardando o convite com cuidado, olhei para Carmen e respondi: "Obrigada, Sra. Antunes. É uma honra ser sua convidada."

Ela riu educadamente antes de baixar a cabeça para tomar um gole de seu café. Depois de uma pausa momentânea, ela olhou atentamente para mim e disse: "Sra. Machado, ouvi dizer que está casada com o Sr. de Carvalho há dois anos. Pude notar que vocês dois tem um relacionamento adorável depois de vê-los juntos no Monjardim aquela vez."

Eu simplesmente sorri em resposta. Afinal, Carmen era apenas uma conhecida, por isso não me sentia confortável em falar da minha vida pessoal. Depois de beber seu café em silêncio por mais um tempo, ela se desculpou e saiu. A Sra. Espíndola viu-a partir e olhou para mim curiosa: "Letti, ela não é a mulher mais rica do mundo?”

Fui pega de surpresa. Olhando para a Sra. Espíndola, perguntei: "Você a conhece?"

Acenando com a cabeça, ela contou:

"Quando o falecido Sr. de Carvalho ainda estava vivo, ela os visitou. Já a vi por aqui." Após uma breve pausa, a Sra. Espíndola murmurou: "Ela está à procura de sua filha há tantos anos, mas temo que sua busca seja em vão.”

Com a minha curiosidade despertada, não pude deixar de perguntar: "Sra. Espíndola, sabe que ela está à procura da filha?"

"A razão pela qual ela visitou a família, foi para saber sobre um assunto de vinte anos atrás. Coincidentemente, eu estava servindo o chá quando ouvi a conversa. O falecido Sr. de Carvalho estava atento a qualquer informação, mas sem sucesso. Afinal de contas, a criança estava perdida há mais de vinte anos! Sem saber a aparência da criança, ou uma marca de nascença, é como procurar uma agulha no palheiro."

Depois de limpar e guardar as canecas de café, meu telefone tocou de repente. Olhando para o identificador de chamadas, senti meu corpo ficar tenso. Sem dizer nada, levantei-me rapidamente e corri para o meu quarto.

De volta ao meu quarto atendi o telefone. Enquanto segurava o telefone, preparando-me para a árdua conversa que me esperava, comecei a tremer incontrolavelmente. "O que você quer?” Consegui pronunciar severamente.

Pude ouvir uma risada discreta do outro lado do telefone. "Meu Deus Letti. Por que está tão nervosa? Um irmão mais velho não pode ligar para sua irmã?"

Sempre odiei seu riso sombrio. Mordendo meus lábios para controlar minha raiva, disse a ele bruscamente: "Marcelo, nós dois não somos mais os mesmo de há cinco anos atrás. Temos nossas próprias vidas. Então, por favor, estou te pedindo para nos deixar em paz. Deixe a gente em paz!"

Não queria reviver aquele inferno nunca mais.

"Letti, não seja assim. Somos irmãos. Como seria capaz de deixá-la ir embora assim? Sem você por perto, não se vale a pena viver. Eu preciso de você!" Tais palavras seriam reconfortantes se viessem de alguém normal, mas como eram dele, não eram.

Estava prestes a ter um colapso nervoso. Ainda segurando o telefone, perguntei numa voz rouca: "Marcelo, que diabos você quer?"

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