Ficar ou correr? romance Capítulo 81

Tal qual o diabo em pessoa, sua presença provocava terror nas pessoas. Este era o melhor jeito de descrever Marcelo Machado.

"Você!" Ele desligou depois de cuspir a palavra sinistramente.

Ainda tentando me recuperar do turbilhão de emoções que sentia, recebi uma mensagem dele. Lia-se: Travessa do Trinta 221, quatro horas. Letti, é bom você aparecer.

Enquanto segurava meu telefone, olhando para a mensagem, forcei-me a me acalmar. Tentei convencer a mim mesma de que era impossível para uma pessoa cair na mesma armadilha mais de uma vez. Já que não poderia evitá-lo, poderia pensar em uma maneira de mantê-lo longe de mim por sua própria vontade.

Bzzzz

Meu telefone vibrou de repente. Era Pedro. No momento em que atendi, ouvi sua voz indiferente do outro lado:

"Arrume-se. Você vai me acompanhar à festa mais tarde."

Ainda afetada pela conversa com Marcelo, tentei inventar uma desculpa. "Preciso mesmo ir? Não estou me sentindo bem. Quero ficar em casa e descansar."

Um silêncio pairou no ar, quebrado por sua voz profunda. "É muito sério?"

Balançando a cabeça, assegurei-lhe: "Não é tão sério, mas não quero ir.” Depois de uma pausa, perguntei: "A festa é importante?"

"Está tudo bem. Vá em frente e descanse." Sua voz era baixa e quase desprovida de emoção. Quando desliguei, enviei uma mensagem à Márcia. Então, passei algum tempo me arrumando e me dirigi até o endereço que Marcelo enviou.

Eram quatro horas da tarde. O sol queimava, e as pessoas iam e viam nas ruas. O endereço que Marcelo enviou, apontava para uma loja de roupas de alta qualidade. Alerta, não entrei imediatamente. Tirando meu telefone do bolso, liguei para Marcelo, mas não consegui falar com ele. Naquele momento, uma jovem de vestido verde saiu da loja.

Com um sorriso no rosto, ela olhou para mim e perguntou: "Você é a Sra. Scarlett Machado?”

Surpresa, assenti.

Ainda sorrindo, ela disse: "Por favor, entre, Sra. Machado. Não se preocupe. O Sr. Machado nos explicou tudo. Por favor, deixe seus pertences conosco."

Segui-a até a sala VIP no segundo andar. Depois de dar ordens a algumas pessoas, ela me levou para escolher um vestido. Pude perceber o que eles queriam fazer, já que não era nenhuma idiota. Dito isso, não fazia ideia do que Marcelo realmente estava tramando. Não demorou muito para que eles pegassem meu celular. Em seguida, fui escoltada até a cômoda, a menina de vestido verde sorriu para mim e disse:

"Sra. Machado, não fique nervosa. Já que o Sr. Machado já cuidou de tudo, a única coisa que você precisa fazer é cooperar conosco."

Em cerca de dez minutos, todo o processo foi concluído. Mal me reconheci ao me olhar no espelho, com a testa franzida e sentindo-me desgostosa. Marcelo não apareceu, mas arranjou um Bentley preto e elegante para mim. Quando olhei para o carro, notei que o motorista era muito jovem. Não queria entrar no carro, olhei para o motorista com os braços cruzados e perguntei:

"Qual é o endereço? Tenho o meu carro, posso ir até lá."

"Isso significa que a Sra. Machado não confia em mim?", o motorista retrucou com um sorriso no rosto.

Acenei com a cabeça e respondi bruscamente: "Sim.”

Talvez ele não esperasse que eu fosse tão honesta, pois pareceu surpreso. Não demorou muito para que ele se recompusesse enquanto tentava me convencer com um sorriso no rosto, "Sra. Machado, não se preocupe. O Sr. Machado só quer levá-la a uma festa onde espera apresentá-la a algumas pessoas.”

"Pare falar besteira e diga-me o endereço.” Não ia baixar a guarda, já que não sabia quais eram os planos dele.

Em resposta, o motorista saiu do carro e abriu a porta para mim. Com o sorriso ainda estampado em seu rosto, ele disse com firmeza: "Sra. Machado, por favor, não torne as coisas difíceis para mim. A propósito, o Sr. Machado sabe que falou com a Srta. Meireles. Inclusive, ele mandou alguém para buscá-la também. Certamente você não quer pisar a sua bondade, certo?”

Aquilo era uma ameaça? Ele está usando a Márcia para me ameaçar?

Depois de ponderar por um longo tempo, dei uma risada amarga e entrei no carro de uma forma elegante. Eu acho que o Marcelo realmente me entendeu, hein.

O motorista me levou a um resort, situado na parte sul da cidade, era uma viagem de uma hora. No início, não fazia ideia para onde estava sendo levada. Contudo, depois de ver o carro entrar no campo de golfe, soube exatamente onde estava. Afinal, a Cidade de Augusta era uma cidade secular. Apesar do rápido desenvolvimento e modernização da infraestrutura, ainda conseguia manter o seu patrimônio cultural da cidade velha. Embora o lugar não fosse uma capital militar nem política, grandes eventos aconteceram ali. Como resultado, muitos idosos que ocupavam cargos importantes na capital, gostavam de adquirir imóveis na Cidade de Augusta buscando por um investimento estável para seus herdeiros.

Aquela região no sul da Cidade de Augusta se tornara uma caldeirão para aqueles com poder e prestígio. O ditado de que todos foram criados iguais simplesmente não era verdade. Para as pessoas comuns, esta luxuosa terra nos subúrbios estava muito além de suas possibilidades, mesmo se tivessem se esforçado e trabalhado duro por séculos.

Apesar disso, muitas pessoas faziam de tudo para fazer parte daquele mundo. Elas acreditavam que qualquer um que encontrassem ali tinha o potencial de ser um benfeitor em suas vidas, e os auxiliaria na sua caminhada rumo ao sucesso. Ao entrar no complexo, o carro parou. Alguém veio e me ajudou a entrar em outro Bentley preto que estava esperando por nós.

No momento em que entrei no carro, vi Marcelo, com sua postura presunçosa e masculina e uma expressão gentil no rosto. Seus olhos claros, quase iguais a de uma raposa, pousaram em mim enquanto ele me cumprimentava: "Scarlett! Quanto tempo!"

Incapaz de reagir a tempo, segurei minha saia pela bainha e tentei sair do carro. No entanto, foi impossível, quando ele passou os braços em volta de mim e forçou-me a sentar. Em voz baixa, ele sussurrou: "Se comporte, está bem? Para o nosso primeiro encontro, esperei que pudéssemos ser um pouco mais românticos.”

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Ficar ou correr?