Ficar ou correr? romance Capítulo 823

Seu sorriso congelou no rosto e escorregou um momento depois. “Estou curiosa”, ela continuou como se não tivesse dito nada. “Que tipo de pessoa você conseguiu ofender a ponto de querer te matar? E de uma maneira tão fria! Direto para o necrotério. Isso é bem frio, se é que você me entende.”

Diante disso, dei de ombros. “Sim, também passo a noite toda pensando nisso”, respondi com indiferença. “O que você conseguiu descobrir, Sra. Lopes?”

Rebeca estava visivelmente irritada por não conseguir me abalar até aquele momento, mas, ainda assim, decidiu me responder. “Não descobri muito, ou talvez Pê estivesse procurando na direção errada. Depois que você foi retirada do elevador, a pessoa que te levou para o necrotério não era a mesma que te drogou. Essa pessoa pode nem ser um homem.”

Franzi a testa com suas palavras. “Estou curiosa, Sra. Lopes. De onde você tirou essa informação?”

“Isso não importa”, ela respondeu com frieza. “O que importa é que você não deve deixar Pê se meter em problemas por sua causa.”

“O que você sabe?”, perguntei com firmeza.

Rebeca parecia ter perdido a compostura que tinha antes. Inclinei-me mais perto. “Rebeca, se você realmente fez tudo isso por Pedro, deve contar a ele o que sabe.”

O plano dela de dificultar as coisas para mim não estava dando certo e ela parecia azeda com isso.

“Scarlet, você é bastante egoísta, sabia?”, ela me repreendeu. “Você está sempre deixando Pê se colocar em perigo. Você não o ama? Você o deixou duas vezes, e em ambas as vezes falhou em encontrar um homem que esteja mais disposto a gastar dinheiro com você do que ele. No fim das contas, você volta para ele. Você não se envergonha?”

Fiquei profundamente ofendida. O que diabos ela queria dizer com não encontrar um homem disposto a gastar dinheiro comigo?

“Colocando-se em perigo por minha causa?”, eu disse, perdendo toda a pretensão. “Rebeca, você sabe por que ele me escolheu, apesar da compatibilidade maior que você tem com ele?”

Respirei fundo. “Porque você é uma criatura desprezível. Quantas vezes você colocou a vida dele em perigo? E sempre de carro! Você quer prejudicá-lo porque não consegue tê-lo? E falando em ele gastar dinheiro comigo: sempre pensei que você tivesse pelo menos um mínimo de decência, mas parece que está severamente faltando nesse aspecto. Você sempre é alguém que compra o que quer sem nunca trabalhar por isso. Quem paga pelos seus bens de marca? Sua casa e carro? Não é tudo do Pedro? Você usou a morte do seu irmão para fazê-lo pagar todas as suas despesas, sem mencionar instigar Carmen a prejudicar seu próprio filho e quase destruir seu casamento. Você não acha que está aproveitando a bondade dele? Você acha que seu irmão ficaria envergonhado com o comportamento da irmã dele? Se você tivesse um pouco de dignidade, não importunaria ele descaradamente como está fazendo agora. Sinto pena de você, por isso minha tolerância com a generosidade dele. Não pense que tem direito de herdar tudo o que leva o nome Carvalho. Mesmo que seu nome seja Sra. Carvalho, já está na hora de você começar a ganhar a vida por conta própria em vez de ser a parasita que você é.”

Ri com desdém e não me preocupei em esperar que ela terminasse.

Quando saí do café, respirei aliviada por finalmente ter deixado a toxicidade para trás. De repente, meu olhar caiu em uma placa não muito distante. Era um restaurante de caranguejos peludos. Ao ver aquele gatilho desagradável, meu coração começou a bater descontrolado novamente.

Pedro me ligou, mas eu não estava particularmente ansiosa para atender. Depois de uma leve hesitação, desliguei. Voltar agora só me faria sentir pior.

Foi com essa ideia que decidi vagar sem rumo pelas ruas lotadas.

Perdi a noção do tempo. Era uma noite nublada, com trovões rugindo. Antes de perceber que havia começado a chover, minhas roupas já estavam encharcadas.