Ficar ou correr? romance Capítulo 824

Eu não sabia nem onde estava, parecia ser um pequeno beco.

Decidi voltar, mas logo percebi que não conseguia localizar o caminho de onde tinha vindo. Entrei em pânico.

Andei um pouco e estava prestes a usar o GPS no meu telefone quando percebi que alguém estava atrás de mim.

Me virei rapidamente e fiquei congelada por alguns momentos. Eu o reconheci, minha mente girava em busca de um nome. Um nome com som estrangeiro. Daniel!

O que ele está fazendo aqui?

Apertei a minha camisa para forçar-me a manter a calma. “Quanto tempo, Daniel!”, disse com o sorriso mais natural que consegui.

Ele me encarou com seus olhos escuros e profundos. Depois de uma longa pausa, ele respondeu ao cumprimento.

Era uma parte deserta da cidade. Estaria mentindo se dissesse que não estava assustada.

Além disso, não sabia quais eram as intenções dele ao se aproximar de mim. Por mais que tentasse me acalmar, minhas mãos traíam-me, tremendo visivelmente.

“Quando você voltou para o país? Já jantou?”, indaguei, em resposta ao seu olhar silencioso.

Um relâmpago riscou o céu enquanto a chuva nos molhava como uma fina névoa.

“Fique em casa, tá? Abel está no país. As casas em Venria foram queimadas e nossos bens foram expostos. Ele sofreu grandes perdas. Se ele te encontrar, você vai se meter em encrenca”, Daniel disse, ignorando minha pergunta.

Quando terminou, virou-se e começou a se afastar. As roupas finas em seus ombros largos já estavam opacas por causa da chuva. Ele parecia uma visão lamentável.

“Daniel!” chamei sem perceber.

Ele parou, mas não virou, como se estivesse esperando que eu dissesse algo.

“Como você tem estado?” Não sabia o que estavam fazendo no país. Sua pele escura contrastava com o resto da população desta cidade e fazia com que ele se destacasse. Ele parecia muito diferente de quando o vi pela última vez. Estava desarrumado.

“Bem!”, respondeu ele, de forma curta. Então, virou-se e saiu, sem intenção de ficar.

Permanecei no beco por mais um tempo enquanto a chuva piorava. Não demorou muito para que o segurança encarregado de me seguir aparecesse. Ele segurava um guarda-chuva sobre minha cabeça.

“Ele está me seguindo há muito tempo?”, perguntei.

“Sim, há algum tempo”, ele respondeu.

“Pedro sabe?”

“O Sr. Carvalho só sabe que você está sendo seguida, mas não sabe quem é a pessoa.”

“Peguei chuva mais cedo. Podemos conversar sobre isso depois que eu tomar um banho?”

“Pode ir, então”, Pedro disse após uma pausa.

Sem dizer mais nada, entrei e fechei a porta. A chuva estava fria, e a noite estava mais fria do que o habitual. Eu sentia uma dor de cabeça começando depois do banho. Provavelmente já estava ficando doente.

Quando saí do banheiro, Pedro me encarava como se esperasse que falássemos sobre o dia. Sequei meu cabelo e limpei meu rosto, mas estava me sentindo pior a cada minuto. Quando ele entrou no banheiro para escovar os dentes, eu adormeci imediatamente sem esperar por ele.

Na minha sonolência, vagamente ouvi alguém me chamando, mas estava cansada demais para responder.

Quando acordei no dia seguinte, meu resfriado se intensificou a ponto de até minha garganta doer. Pedro não estava em lugar nenhum.

Eu planejava voltar para Nova Itália. Depois de me levantar e arrumar um pouco, fui à Corporação Menezes para encontrar Adriano.

Nicole ligou antes de eu chegar lá. “Scarlet, você está livre? Vamos almoçar!”, ela falou animada.

“Claro, o que houve? Por que o convite repentino?”

“É a Laura. Ela quer almoçar conosco antes que todos voltem para o Festival da Colheita.”