Ficar ou correr? romance Capítulo 885

Quando terminamos, a noite estava se aproximando. O outono em Moranta não era muito frio, mas ainda podia sentir a brisa fresca do mar na pele. Para expressar sua gratidão, Janete me levou para onde morava, dizendo que queria cozinhar algo gostoso para mim.

A mansão de Humberto era realmente enorme. Segui Janete até onde ela morava e não pude deixar de me surpreender com o quão requintado e elegante era o lugar.

Ela morava na segunda casa dentro da mansão. Tinha um interior muito bonito, e havia muitas pinturas famosas na sala de estar, todas coleções especiais.

“Espere aqui. Vou terminar rapidinho!” Ela me disse para esperar na sala antes de ir sozinha para a cozinha.

Fiquei impressionada com as pinturas e coleções inestimáveis na sala. Havia também um piano, que parecia extremamente caro. Como a capa do piano estava dobrada com cuidado ao lado, imaginei que ela o tocava com frequência.

Era altamente improvável que Humberto contratasse uma mulher tão elegante e sofisticada para cuidar do jardim. Naquele momento, parecia mais que ela era uma parente dele, mas eu simplesmente não sabia qual era o grau de parentesco entre eles.

Quando ouvi o som de algo fervendo vindo da cozinha, olhei para trás e vi Janete segurando uma espátula. Iluminada pelos suaves raios do sol poente e envolta pela fina névoa de vapor que subia da panela, ela pintava uma imagem bela e serena. Gradualmente, fiquei em um estado de transe.

Acontece que algumas mulheres podem parecer tão lindas apenas fazendo as coisas mais simples.

Como se percebesse meu olhar sobre ela, Janete olhou para trás e sorriu para mim. “Não estou acostumada com as pessoas me olhando assim.”

Lhe dei um sorriso e entrei na cozinha. “Desculpe. Você estava tão linda que fiquei meio perdida.”

Seus lábios se curvaram em um sorriso gracioso enquanto ela dizia: “Por alguma razão, me sinto muito lisonjeada em receber um elogio de uma garota tão bonita como você.”

Ela me trouxe um prato de camarões picantes e incentivou: “Quer provar?”

Diante daquela comida deliciosa, me vi assentindo antes de pegar um. Minha boca chegou a salivar só com o aroma tentador.

Ela fez um gesto para que eu levasse o prato até a mesa e, em seguida, continuou a preparar os outros pratos.

Era muito terapêutico estar na companhia de pessoas calorosas. Senti o nó no meu peito afrouxar; toda a tensão, frustração e medo gradualmente se dissiparam do meu corpo. Até as cicatrizes há muito enterradas pareciam estar se curando.

A aparição de Humberto foi um pouco inesperada, e demorou um tempo até que notasse sua presença. Vestindo roupas casuais, ele estava encostado na moldura da porta, me observando com olhos profundos e sombrios, como se estivesse contemplando algo.

Com isso, fui para a cozinha. Parecia que a governanta de Humberto não tinha vindo. Felizmente, havia bastante frutas e legumes na geladeira. Revirei tudo e acabei cozinhando uma porção de macarrão.

No entanto, antes que pudesse me sentar para comer, Humberto se aproximou, puxou o prato na minha direção e começou a comer meu macarrão. Eu estava literalmente a ponto de explodir de raiva por causa dele.

Lançando-lhe um olhar mortal, quase gritei com ele. “Chega! Tenha um pouco de vergonha! Fiz esse macarrão para mim, e nem comi!”

Nada do que dizia parecia chegar até ele. Ele deu algumas mordidas no macarrão antes de me lançar um olhar. “Por que eu não poderia comer? Afinal, todos esses ingredientes vieram da minha casa.”

Sem palavras, só pude observá-lo comer meu macarrão com uma lentidão irritante. Eu o teria dado uma boa surra se estivesse em outras circunstâncias.

Mas estava vivendo debaixo do teto dele, afinal. Portanto, só me restava engolir o orgulho.

Depois de cozinhar uma nova porção, coincidentemente Humberto já tinha terminado de comer e começou a me observar atentamente. Olhei para ele, confusa ao sentir o peso do seu olhar. Os cantos dos meus olhos se contraíram, e rapidamente protegi meu prato de macarrão dele. “Você já comeu o suficiente. Esse aqui é meu.”