Ficar ou correr? romance Capítulo 899

As palavras dela me deixaram atônita. Eu estava sem palavras. “Por que, Sra. Brito? Já busquei a opinião do médico. Ele disse que ainda há esperança. Se você está preocupada com os custos, não se preocupe. Deixe isso comigo. Rafaela ainda é jovem. Há possibilidades infinitas à sua frente...”

Antes que pudesse terminar, ela desabou em lágrimas e balançou a cabeça, desesperada. “Ainda assim, ela nunca conseguirá se livrar da miséria. Meu marido e eu somos idosos agora. No futuro, só seremos um peso para ela. Sem mencionar que ela tem um tio perverso. Nós causamos a morte de Sasha. Não podemos deixar que Rafaela passe pela mesma sorte que a mãe dela. Ela deve viver o resto de sua vida sem arrependimentos. Ela merece felicidade nesta vida e na próxima.”

Eu podia sentir a dor da Sra. Brito. De certa forma, eu concordava com ela, pois mesmo que Rafaela superasse esse período difícil, não havia ninguém para quem ela pudesse recorrer. Sávio, aquele idiota, certamente tornaria sua vida um inferno. Além disso, ela teria que cuidar dos avós sozinha no futuro.

Não, eu não posso desistir da esperança. Antes que eu conseguisse reunir motivos suficientes para convencê-la, a Sra. Brito me olhou e disse: “Sra. Carvalho. Sei que você está sendo gentil, e realmente apreciamos isso. Já está tarde agora. Você deve ir para casa.”

Fiquei em silêncio e saí do quarto, completamente frustrada. Eu sabia que não tinha o direito de decidir sobre os assuntos da família deles. E, acima de tudo, não podia interferir no futuro daquela menina.

De repente, senti uma vibração na minha bolsa e peguei meu telefone. Era uma ligação de Nicole. “Scarlet!” Ela estava tão alta quanto sempre. “Você está em Nova Itália? Já viu o Adriano? Ele não me liga há dias! Por que exatamente a polícia apreendeu o projeto da Vila Lavelian? E você, quando vai me visitar?”

Sentei-me na cadeira enquanto observava as pessoas entrando e saindo da entrada. Via pessoas com diferentes emoções. Ansiedade, desespero, alegria e tristeza. Também havia um casal que segurava o bebê recém-nascido com carinho. Observei-os de perto e fiquei fascinada com as realidades da vida.

Nicole esperava minha resposta do outro lado da linha, mas eu não conseguia dizer uma palavra. A frustração ainda persistia em mim. “Não vou te visitar por enquanto”, disse após um momento de silêncio. “Cuide-se e não se preocupe demais. Algo deve ter acontecido com os Menezes, mas tenho certeza de que Adriano entrará em contato com você assim que as coisas se resolverem.”

Ela suspirou e fez uma careta. “Estava esperando que você viesse porque estou tão entediada aqui. Sabe de uma coisa? O vovô está marcando encontros às cegas para mim todos os dias! Não sei o que deu nele. Ele de repente está se opondo ao meu relacionamento. Ele disse que Adriano não é uma boa escolha para mim. Nossa, o velho está tão insuportável!”

Não sabia como responder a isso, então apenas disse: “Pare de reclamar. Talvez o Sr. Orleans ache que isso é o melhor para você.”

O sol já havia se posto quando terminamos a ligação. Não me surpreendi, pois os dias eram sempre mais curtos naquela região.

Achei a expressão dele engraçada. “Um pouco, como um velho nerd. Você parecia intimidador e distante. Prefiro assim. Você parece mais amigável.”

“Certo, vou começar a usar mais cores.”

Fiquei surpresa ao ver que ele estava levando meu conselho a sério. Ele havia mudado seus maus hábitos, controlado seu temperamento e até mesmo dedicado um tempo para refletir sobre sua vida.

Poderia dizer que era uma mudança de cento e oitenta graus em sua imagem. O Pedro que conhecia era bastante frio e quase nunca sorria. Não foi uma mudança repentina. A transição levou dez anos. Eu não percebi isso até vê-lo com ciúmes, buscando atenção e quebrando hábitos. Às vezes, ele até fazia birras. Essa noite, vi o lado mais gentil dele.

Ele pode não expressar seu amor verbalmente, mas fez do cuidado um hábito.