Filha da Lua romance Capítulo 7

Os três homens me encaram. Dou passos para trás, o que está acontecendo? Estou ficando louca?

— Estela...? – Assim que Gastón me vê ele se levanta e tenta se aproximar mas recuo assustada.

Quando dou por mim estou correndo morro abaixo sem me importar com os galhos que me machucam ou as pedras que ferem meus pés, tenho que sair daqui não importa como. Ouço gritos mas não sei distinguir de quem são ou o que falam.O medo me consome, minha mãe me avisou mas eu não acreditei. Agora vão me lançar para os lobos comerem.

Corro cada vez mais rápido e vejo que tem uma descida enorme. Não lembro de ter vindo por aqui, mas com essa escuridão estou perdida. Ouço vozes por perto, tento parar mas minha velocidade está muito grande por ser descida.

Caio rolando morro abaixo, bato minhas costelas em uma pedra o que me faz ficar até com falta de ar por conta da dor, não tem como parar, só rezo para que eu chegue viva lá embaixo.

Rolo por alguns segundos ou minutos, não sei ao certo, mas bato a cabeça em uma enorme pedra e meu corpo fica imóvel. A dor está insuportável, tento me movimentar mas meu corpo não me responde.

— Estela?! – ouço a voz de Gastón perto mas não consigo abrir meus olhos – Estela, o que você foi fazer, menina tola?

Sinto ser levantada do chão e ser carregada para algum lugar. A escuridão me toma e eu não vou resistir, me entrego de corpo e alma e sinto tudo sumir.

*********

Abro meus olhos calmamente para saber onde estou. Me deparo com o meu amado quarto rosa iluminado pela luz do sol que entra pela janela. Será que foi um sonho, ou melhor, um enorme pesadelo? Tento me levantar mas meu corpo todo dói, sinto uma fisgada na costela o que me deixa até desnorteada.

Olho para o meu corpo na qual se encontra todo enfaixado. Na mesinha que está do lado da minha cama vejo meu celular. O pego e vejo que está sem bateria, mas me vendo no reflexo, acabo gritando...

Meu rosto está todo machucado e minha cabeça enfaixada. O que aconteceu...?

De repente, como em um filme as imagens voltam, desde da hora que decidir seguir uma luz na floresta até a hora que caí.

— Tenho que ir embora daqui, tenho que ligar para minha mãe. – tento me levantar, mas a dor é demais.

A porta se abre de repente e o papai entra...

— Está acordada… – diz trazendo um prato com sopa –  Fiquei assustado, mas o médico falou que você acordaria cedo ou tarde.

Encaro meu pai, será que ele sabe que tem um homem aqui na cidade que se transforma em lobo e é amigo do Gastón? Será que ele é também? E se todos forem?

— Quero ir embora. – falo fazendo força para não gaguejar.

— Coma primeiro, fazem dois dias que você está desacordada e deve estar com fome. – diz sentando ao meu lado.

Ele me põe sentada, o que me causa um pouco de dor, e começa a me dar comida na boca. Na verdade eu não ia aceitar, mas meu estômago falou mais alto nesse momento.

— Papai… O que aconteceu?-- digo dando uma pausa na sopa .

— Como assim, Estela? – ele não me olha nos olhos, sei que tem algo estranho.

— Eu vi algo que… – como dizer… E se ele não souber também? – Eu vi… Era um lobo e depois… Era homem. – minha voz sai toda cortada. – Como pode?

— Estela, o que você foi fazer na floresta, ainda mais de madrugada e com uma costela quebrada? – Agora ele me fitou nos olhos.

— Eu vi uma luz e queria saber o que era, então a segui. – Digo tentando controlar meu nervosismo.

— Eu não sei como te dizer isso. Quem manda você ser tão curiosa a ponto de andar em uma floresta naquela hora?

— Papai me diga a verdade, o que eu vi era real?! – não sei o que esperar na verdade... E se for, o que farão comigo agora? Se não for real, eu enlouqueci de vez.

— Sim… O que você viu é real. – diz segurando minhas mãos.

Sinto um pânico crescer dentro de mim assim que ele fala que realmente é real o que eu vi na floresta. E agora o que acontecerá comigo?

— Fique calma, eles são boas pessoas e não ferem ninguém. – fala assim que vê o pânico em meus olhos.

— Boas pessoas? Você os conhece por acaso? E se eles quiserem me comer? Eles são enormes, temos que ir embora daqui. – seguro suas mãos e faço ele me encarar – Podemos voltar com a mamãe… Ou podemos fugir para longe desses monstros...

— Estela o que está dizendo? Eles não são assim… Quero te contar uma história, então preste atenção.

— Uma história?

— Sim, vou contar como surgiu tudo isso.

"Há muito tempo, existiam dois reinos vizinhos que viviam em harmonia. Os reis eram amigos desde a infância e sempre andaram juntos. Assim, eles cresceram e a amizade também. Mas chegou uma época em que os dois reis tinham que achar uma rainha para governar ao lado deles. Os dois reis fizeram uma aposta que se casariam com aquela mulher cuja beleza era esplêndida aos olhos de todos.

Os anos passaram, então um certo dia o rei David Soust estava a andar por suas terras e viu uma linda moça encantadora. Logo ele se apaixonou pela mesma que se dizia chamar-se Luna. O rei avisou a seu amigo que havia achado a sua futura alma gêmea e queria apresentá-la.

Foi marcado que na primeira lua cheia do mês o rei David daria uma festa em comemoração ao seu noivado . Marcos Sovitty, o outro rei, logo ficou curioso para saber como era a noiva do amigo, mas como queria encontrar uma companheira, saiu a procurar no meio de seu povo alguma moça que lhe encantasse."

— Papai, está contando um conto de fadas ou o que? – digo cortando-lhe a história – Até parece uma história para eu dormir...

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