Filha Foi Cremada! Onde Você Estava? romance Capítulo 264

O elevador chegou ao andar.

As portas do elevador se abriram, e Naiara saiu carregando uma marmita térmica, avançando em direção ao corredor.

À frente, estava o quarto onde Jorge estava internado.

Foi só naquele momento que Heitor, que estava de plantão na porta, soltou um suspiro de alívio.

A Srta. Leite realmente viera visitar o Sr. Martins.

Ele imediatamente foi ao seu encontro, “Srta. Leite, você veio, o Sr. Martins está lá dentro.”

Enquanto falava, estendeu a mão para pegar a marmita das mãos de Naiara.

Naiara franziu a testa, rapidamente recuou um passo, evitando a mão de Heitor.

Ela não esperava por um contratempo tão desagradável.

Jorge também estava internado neste hospital, e no mesmo andar.

Heitor ficou surpreso, “Srta. Leite, o que houve?”

Em seguida, perguntou cautelosamente, “Por acaso, você... não veio visitar o Sr. Martins?”

“Ele merece?”

Naiara respondeu friamente, desviando o corpo e caminhando diretamente para o quarto do outro lado.

Seu pulso, no entanto, foi subitamente agarrado por uma força familiar.

Era Jorge.

Ele mal conseguia se sustentar junto à janela e fora ajudado por Heitor a deitar-se na cama, esperando por Naiara.

Ao ouvir Heitor cumprimentando Naiara, tinha certeza de que ela realmente viera para vê-lo.

Jorge decidira, em segredo, que mais tarde confessaria a ela sobre Zélia.

Mas ele não esperava ouvir palavras tão frias de Naiara.

Ele não conseguiu se controlar, forçou-se a sair da cama.

Segurando a mão de Naiara, seus olhos vermelhos de cansaço fitavam-na obstinadamente, “Se não veio me ver, veio ver quem?”

Além dele, por quem mais ela se daria ao trabalho de cozinhar o café da manhã?

“Não é da sua conta!”

A voz de Naiara estava ainda mais fria.

Agora, só de ser tocada por ele, ela sentia uma repulsa instintiva.

Sem hesitar, ela deu um forte puxão.

O estado de saúde de Jorge já era péssimo, e com o puxão de Naiara, ele cambaleou visivelmente, mas ainda assim segurou firmemente o pulso dela.

Naiara foi puxada em sua direção, colidindo diretamente com ele.

Jorge imediatamente envolveu sua cintura com os braços, segurando-a firmemente contra si.

Como se, desse modo, ele pudesse mantê-la consigo.

Como se ela fosse a mesma dos seus sonhos.

Apaixonada por ele, com olhos e coração apenas para ele.

Como se ela ainda fosse sua.

Jorge inalou profundamente o aroma familiar de Naiara, com uma saudade quase desesperada.

Ele nem sabia por que estava tão obcecado com a ideia de que Naiara devia pertencer a ele inteiramente.

Afinal, ele amava Valéria.

Os olhos de Naiara estavam ainda mais frios.

Ela curvou o cotovelo e deu uma forte pancada no abdômen de Jorge.

Ela não teve piedade.

Ela não se importava com seu estado físico, tampouco considerava seus sentimentos.

Para Naiara, o que Jorge estava passando era insignificante comparado ao que Zélia sofreu por anos.

O favoritismo de Jorge por Valéria o tornava cúmplice na morte de Zélia.

Como cúmplice, a menos que ele mesmo fizesse justiça contra Valéria, ele não merecia nem mesmo sentir tristeza ou arrependimento.

"Srta. Leite, o Sr. Martins..."

Heitor não conseguia mais ficar calado. Queria defender Jorge. Queria dizer que o Sr. Martins não estava ignorando o caso, que ele já havia pedido para investigar.

Mas, assim que começou a falar, foi bruscamente interrompido por Jorge, "Heitor!"

Jorge não ousava!

Naiara amava tanto Zélia, e mesmo ela ainda não sabia que ele tinha participação na morte de Zélia, já nutria esse tipo de sentimento por ele.

Se soubesse que ele estava envolvido na morte da filha delas, ela...

Nesse momento, a porta do quarto em frente se abriu de repente.

Era Wilson.

Ele vestia o mesmo pijama do hospital que Jorge, parado na porta do quarto, seu rosto bonito tingido de um rubor anormal.

Ele havia sido acordado pelo barulho do lado de fora.

Com febre de quarenta e um graus, estava completamente confuso.

Ao ouvir vagamente a voz de Naiara, pensou inicialmente que estava sonhando.

Mas, à medida que a voz soava cada vez mais real, ele abriu os olhos confusos.

No entanto, não viu ninguém.

Demorou um tempo antes de perceber que a voz dela vinha do lado de fora.

Ele estava com febre alta, todo o corpo doía, a cabeça zumbia, e ele não conseguia nem entender o que estava sendo dito lá fora.