A viagem de volta foi desconfortavelmente silenciosa. Não demorou muito para que eles chegassem, dada a velocidade com que o veículo percorria a pista.
Sem dizer uma única palavra, Wendy saiu, colocando a bolsa no ombro depois de jogar o celular dentro e caminhando em direção à casa.
À distância, Victor observava cada movimento dela. Ele se sentiu culpado por deixar a irmã em uma situação complicada o suficiente para fazê-la chorar, mas o rapaz optou por respeitar o momento dela.
Algumas horas atrás, ele bateu no carro de alguém quando decidiu ir na casa de Deborah. Como compensação pelo susto, a mulher cujo nome era Sarah queria um jantar em vez dele ter que pagar uma indenização, o loiro autoritário não teve escolha a não ser aceitar seu pedido, ainda que com relutância.
Agora, vendo sua irmãzinha depois de tanto tempo, e ainda assim em uma situação tão ridícula, ele se sentia impotente, esse era um sentimento que Victor odiava mais do que qualquer outra coisa.
Ao entrar em casa, Wendy ficou cara a cara com sua mãe, que estava imóvel no terceiro degrau da escada, movendo o olhar para a porta que acabará de se abrir e, por sua vez, encarando-a.
Aquela senhora chique estava carrancuda, com as sobrancelhas escuras franzidas e os olhos estreitados.
Seu vestido preto era longo, como se ela fosse a um velório. Junto com isso estava um lindo colar de pérolas em volta do pescoço branco e um exagerado cachecol de pele macia em volta dos ombros.
Em seu dedo indicador havia um anel de metal que segurava uma piteira, o mesmo que a mulher deu outra tragada no cigarro com os lábios vermelhos de batom.
Sua filha ficou surpresa e chocada, o suficiente para perder a postura por um momento.
"Esta é realmente a Sra. Margaret Webster? Aquela que não fuma e não usa roupas pretas...?" Wendy se questionou rapidamente antes de encolher os ombros e se recompor.
Depois de fazer isso, a jovem apenas suspirou e se preparou para subir as escadas. A mulher a sua frente conseguiu notar algumas manchas de maquiagem e choro, mas achou que nada mais era do que diversão na festa que ela foi escondida.
— Você realmente não acha que está sendo ridícula demais para ignorar isso? Que tal parar de agir como uma criança infantil pela primeira vez na vida...? — Margaret disse com firmeza, fazendo a morena parar de subir os degraus imediatamente.
Sentindo sua mãe bem atrás dela, ela mais uma vez deixou as lágrimas tomarem conta enquanto tentava o seu melhor para não se virar e dizer tudo o que havia segurado por tanto tempo. Mesmo com o rancor que sentia, tanto quanto raiva, a jovem não podia descontar em outra pessoa tão facilmente.
— Que tal a senhora parar de pegar no meu pé? Mãe, vamos ser honestas... — Wendy balbuciou.
Seu coração batia descontroladamente. Seus nervos estavam à flor da pele e seu corpo delicado tremia enquanto a cena de horas atrás passava por sua cabeça mais uma vez, como uma cena de um filme que mal conseguia esquecer, exceto aquilo que seu corpo podia comprovar por si mesmo.
Ela cerrou os dentes quando formou as últimas palavras que fizeram sua garganta dar um nó, era muito doloroso saber que o que estava prestes a dizer não era nada além de verdades, seus sentimentos escondidos.
— Alguma vez você realmente se preocupou comigo ou me deixou explicar algo...? — Finalizando, Wendy subiu apressada as escadas, deixando a boca de Margaret aberta enquanto considerava aquelas palavras.
Abaixo, o homem que acabará de entrar olhou para a senhora com uma expressão melancólica. Algo estava muito errado com sua irmã, ele podia ver mesmo que por apenas alguns segundos.
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