"O Começo do Fim”
Cassian está afundado no sofá de couro, o cheiro ácido de álcool pairando no ar como uma neblina sufocante.
A garrafa quase vazia de uísque escorrega por seus dedos enquanto ele geme baixo, a cabeça jogada para trás, os olhos semi abertos, completamente entorpecido. Uma mulher de cabelos longos e escuros, que ele mal lembra o nome, o cavalga de forma sensual, as unhas cravadas em seus ombros, rebolando em um ritmo lento e provocante.
Ele leva o seio dela à boca e suga. Os gemidos dela ecoam mais alto pelo cômodo, um som vazio, sem significado algum para ele.
Mas então, um soluço alto.
Um som sufocado que não vem da mulher em seu colo.
Cassian abre os olhos de supetão e seus sentidos, antes entorpecidos, despertam ao ver Naia. Ela está ali, parada na entrada do quarto, a mão tremendo ao segurar a bolsa, os olhos arregalados e cheios de lágrimas. Seu rosto está pálido como se a própria alma tivesse sido arrancada do peito.
— Naia... — Cassian balbucia, empurrando a mulher de seu colo, que cai desajeitada no chão.
A mulher, sem dizer nada, ajeita a saia, pega a bolsa e desaparece pela porta como se nunca tivesse existido. Afinal, ela cumpriu seu papel.
Mas Naia não se move.
As pernas dela parecem âncoras. O coração martela tão forte que ela se pergunta como ainda está de pé. Ela viu tudo: o jeito como ele segurou a cintura daquela mulher, os beijos lascivos, a maneira como sua boca faminta sugou os seios dela.
E agora, o pior: a evidência escancarada da traição estampada na parte mais íntima de Cassian, com os fluidos da outra ainda ali, visíveis, nojentos, uma prova cruel do que aconteceu.
— Como... como você pôde? — A voz de Naia é um sussurro quebrado.
Cassian, com a mente um caos, tenta se aproximar.
— Eu não sei o que aconteceu, eu... eu estava bêbado, Naia. Por Deus, me escuta!
Ela recua, as lágrimas escorrendo livremente agora.
— Eu vi, Cassian! Eu vi tudo!
— Foi um erro! Eu te amo, eu te amo, droga!
A dor nos olhos dela é mais afiada do que qualquer faca.
— Amor? Isso é amor para você? Traição, sex0 barato, prazer sujo? Eu nunca fui suficiente, não é?
— Não fala isso... — Ele tenta tocá-la, mas ela se afasta como se a sua pele fosse veneno.
— Não encosta em mim! — ela responde com nojo.
— Chega, Cassian. Adeus.
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