Improvável romance Capítulo 58

|DEKLAN|

Eu estou dividido e em conflito, ainda sem saber que rumo tomar. Ao mesmo tempo em que estou muito feliz e aliviado por meu pai ter sobrevivido a uma cirurgia que parecia impossível de ser realizada, mas que a minha doutora a fez e com grande sucesso, também estou bastante triste por ver a mulher da minha vida me virar as costas, e se distanciar tanto física quanto emocionalmente de mim.

A sensação de alívio por ver meu pai vivo e se recuperando bem no quarto hospitalar, separado especialmente para ele, é mesclada pela sombra da dor e do medo de estar perdendo a chance de reconquistar minha família de volta.

Mas, mesmo com o coração pesado e aflito, eu ainda penso incessantemente em diversas maneiras e estratégias que devo adotar de forma inteligente, para agir conforme for preciso, quando de repente sinto o celular vibrando no bolso da minha jaqueta e interrompendo minha linha de raciocínio.

Bufo meio exasperado imaginado quem é a criatura sem noção que está querendo encher o meu saco a essa hora do dia. Pelos céus, será que eu não posso ter um minuto de sossego? É o que me pergunto internamente, mas mordo a língua no mesmo instante em que vejo o nome do remetente na ligação: Kayra Pextton Callaham.

É ela, eu sorrio com uma faísca de esperança acendendo-se instantaneamente em meu peito e deslizo com pressa o dedo sobre a tela para aceitar a chamada. Porém, antes que eu sequer abra a boca para dizer alguma coisa, o barulho estranho do outro lado da linha me faz ficar em silêncio por um segundo e entender o que está se passando. Será que ela acabou me ligando sem querer? Eu pondero tentando discernir os sons e ruídos que ouço com bastante atenção.

Então finalmente quando distingo vozes discutindo e ameaças sendo feitas, por uma voz masculina que desconheço, a minha mulher e aos meus filhos eu fico completamente louco, totalmente desequilibrado e ensandecido ao constatar o que está acontecendo com Kayra e as crianças.

Minha família está em perigo, alguém está ameaçando-os e isso me deixa cego para qualquer coisa a minha frente.

Eu simplesmente não vejo nada quando entro no meu carro e disparo como um desvairado pelo trânsito até a casa de Kayra, que é para onde ela havia ido após deixar o hospital. Eu voo e num piscar de olhos já estou em frente a residência dela que fica em um bairro tranquilo da cidade. Ouço o som do cantar de pneus logo em seguida parando muito próximo a mim, e que me faz olhar para trás e avistar um carro escuro.

Dele desce Dexter, meu fiel amigo e segurança pessoal, apressado e preocupado, que corre em minha direção e se coloca no meu caminho, impedindo-me de entrar na casa de Kayra para socorre-la. E isso me deixa enlouquecido. É claro que ele havia me seguido até aqui após ter me visto saindo voando daquele jeito do hospital, penso comigo mesmo.

-Calma, Callaham. Você não sabe com que tipo de pessoa estamos lidando lá dentro e o que ela pode fazer com a doutora, então vê se se acalma, cara!

Dexter me detém pelo peito e eu quero socá-lo por isso, mas no fundo sei que ele tem toda a razão, pois está habituado a lidar com situações semelhantes a esta todos os dias. Dessa forma, eu o escuto com bastante atenção, pois não quero colocar a segurança de Kayra e das crianças em risco, e cometer um erro por estar de cabeça quente como estou agora. Na verdade, eu estou fervilhando de ódio! Seja lá quem for essa pessoa, ela é uma pessoa morta!

-Eu vou arrancar a cabeça desse infeliz de merda que está...

-Você não vai fazer droga nenhuma até que eu diga para fazer, está me entendendo, Callaham? Então fecha essa matraca e me siga somente se for se manter em silêncio, caso contrário, suma da minha frente e deixe o profissional de verdade aqui fazer o trabalho dele.

-Certo, certo. Eu entendi o recado, Dexter!

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