Laranjeiras em Flor: O Desabrochar de Lília romance Capítulo 111

"Eu... não tenho como retribuir tudo isso."

Lília Laranjeira estava com os olhos marejados.

Ela sabia que Leonardo Barbosa queria ajudá-la desinteressadamente.

O que ele a pediu para aceitar com certeza era algo que ela poderia fazer facilmente.

Leonardo Barbosa a observava, seus olhos tão escuros quanto tinta, sua expressão se tornando progressivamente mais complexa.

Ela nem sequer lhe deu a oportunidade de falar.

Dada a difícil situação em que se encontrava, ele não podia forçá-la a aceitar sua ajuda, isso a assustaria.

"Se você não aceita minha ajuda, então empresto meu ombro para você se apoiar, se quiser chorar, chore."

Leonardo Barbosa deu um passo para o lado, aproximando-se mais dela.

Ela virou-se para olhar seu ombro.

Os ombros do homem eram largos e fortes, transmitindo uma sensação de segurança.

Com os olhos piscando levemente, quando as grandes lágrimas começaram a cair, Lília abaixou a cabeça, encostando-a no ombro de Leonardo Barbosa.

Suas lágrimas molhavam a manga dele, que rapidamente ficava úmida.

Uma após a outra, seu corpo tremia levemente.

Era uma mistura de sentimentos: desgosto, tristeza e a preocupação que Enzo Laranjeira havia trazido.

Leonardo Barbosa levantou a mão, querendo abraçá-la.

Mas, lembrando-se de suas palavras "não posso me divorciar", ele hesitou e baixou a mão.

Depois de algum tempo, as lágrimas de Lília secaram.

Leonardo ofereceu-lhe um lenço, e ela o aceitou, limpando as marcas de lágrimas em seu rosto.

Seus olhos estavam um pouco inchados e vermelhos de tanto chorar.

"Depois vá ao oftalmologista e pegue algumas compressas frias, vai se sentir melhor."

Lília assentiu, respirou fundo e limpou a garganta.

Tentando compor seu ânimo, ela finalmente disse, "Vou descer para ver o Enzo Laranjeira, preciso voltar cedo para casa para descansar, amanhã tenho que trabalhar."

Ela havia pedido apenas um dia de folga.

Pensava que, nesse dia, conseguiria com Benício Freitas o documento de divórcio.

A partir de então, ela começaria a viver entre o aluguel e o trabalho.

Mas as coisas não saíram como esperado...

Pablo abriu a porta do carro, e Lília se abaixou para entrar.

O banco traseiro do Maybach era espaçoso; ela se sentou perto da porta, deixando um grande espaço vazio entre ela e o outro lado.

Benício Freitas tinha uma expressão indecifrável, enquanto seu olhar sombrio atravessava a janela do carro para observar Leonardo Barbosa, que estava do outro lado da rua.

Após um momento, ele desviou o olhar para a mulher ao seu lado.

Lília Laranjeira entrou no carro, mas ele não sentiu a satisfação que esperava.

Os olhos dela estavam vermelhos e inchados, e ela se encolhia, pequena e frágil como um coelhinho assustado.

Ele se virou para olhá-la, examinando-a por um tempo, antes de pegar o gelo que ela segurava.

"Venha aqui, deite-se."

Ele deu um tapinha na própria coxa.

Ele havia se informado sobre a condição de Enzo Laranjeira.

O estado do único filho da família Laranjeira era um golpe duro para todos eles.

Benício não era um homem sem coração, e não iria confrontar Lília Laranjeira em um momento tão delicado.

Não era hora de apontar como ela havia virado seu mundo de cabeça para baixo nos últimos tempos.