Laranjeiras em Flor: O Desabrochar de Lília romance Capítulo 210

A Sra. Guerra, em sua última visita, não levou a vida dele, mas certamente levou a sua alma.

O plano de tratamento elaborado por Raul Pires era dividido em quatro etapas, sendo a primeira com resultados não tão evidentes.

"Ah..." Ela não pôde evitar um suspiro leve, devolvendo a canja já fria para a tigela e mexendo-a: "Enzo, pela sua irmã, você precisa resistir."

A única resposta que ela recebeu foi o silêncio de sempre.

Lília Laranjeira repetia o gesto de levar a canja à boca dele, e, depois de uma hora, finalmente terminou de alimentá-lo.

Só então ela pegou outra porção da canja, já fria, e começou a comê-la com grandes colheradas.

Quando terminou de tratar de Enzo Laranjeira, já eram dez horas.

A noite estava fria, o vento penetrante atravessava as grossas camadas de sua roupa de algodão, alcançando seu corpo.

Esperando pelo último ônibus no ponto, ela baixou a cabeça para verificar os Status no WhatsApp.

Um Status de Marina Andrade apareceu inesperadamente, mostrando um crachá de jurado do grande concurso Cherry.

A legenda da foto dizia: "Aos que passaram pela preliminar, nos vemos na semifinal!"

Uma mecha de cabelo escorregou por sua orelha, tocando a tela e iluminando-a novamente, que estava quase apagando.

Lília Laranjeira ficou um tanto quanto absorta.

Seu instinto lhe dizia que cada post da Marina Andrade continha alguma insinuação.

Mas tudo que ela podia fazer era esperar.

Mordendo o lábio, sua testa se contorceu em preocupação.

De repente, uma lufada de vento frio soprou, fazendo-a voltar a si. Quando levantou a cabeça, percebeu que o último ônibus já havia partido.

O motorista, ao ver que não havia ninguém no ponto ou apenas uma pessoa, buzinaria perguntando se queriam pegar o ônibus.

Ela estava tão distraída com seus pensamentos que não ouviu a buzina, e o motorista, pensando que ela não queria embarcar, partiu.

"Espera aí —" Ela colocou o celular no bolso e começou a correr atrás do ônibus.

Tentar alcançar o ônibus a pé era uma ideia irreal, ela ficou para trás, assistindo ao ônibus desaparecer na esquina.

Parando, ela se apoiou nos joelhos para recuperar o fôlego, respirando com a boca ligeiramente aberta.

Não muito longe, um Maybach parou suavemente ao lado da estrada, e Pablo Neto avisou: "Diretor Benício, é a senhora."

Ela sabia disso claramente, então se endireitou e continuou a caminhar.

Quando estava ao lado do motorista, a janela se abriu de repente.

Pablo Neto sorriu levemente, cumprimentando-a com respeito: "Senhora, já é tão tarde, posso levá-la para casa?"

Assim que terminou de falar, seu assento foi violentamente chutado.

Foi Benício Freitas, seus olhos ardendo de raiva.

"Não é necessário, obrigada." Lília Laranjeira mal podia ver a silhueta distorcida do homem no banco de trás, emanando descontentamento.

Ela não quis se impor e continuou a caminhar, pretendendo pegar um táxi.

Pablo Neto não entendeu o significado daquele olhar de Benício Freitas.

Ele observava Benício Freitas pelo retrovisor, mas percebeu que o olhar de Benício estava fixado em Lília Laranjeira.

Ele deve ter entendido errado novamente, então abriu a porta do carro e saiu diretamente.

"Senhora, por favor, entre no carro, o Diretor Benício está à sua espera!"