Mais do que paquera romance Capítulo 135

Raviel estava prestes a responder quando um outro ruído de corrente elétrica soou no avião, ainda mais forte do que o anterior.

Os tímpanos de Andreia ficaram um pouco doloridos e ela não pôde deixar de levantar a mão para cobrir os ouvidos.

Mas isto só aliviava temporariamente a dor, já que o som ainda podia ser ouvido.

Ao ver a dor em seu rosto, Raviel apertou seus lábios finos e suportou a dor em seus próprios tímpanos, tirando seu casaco e cobrindo a cabeça dela, depois cobrindo suas orelhas junto com as mãos dela por fora do casaco.

Desta forma, os ruídos de correntes elétricas que Andreia ouviam eram quase um nada, e a dor de desconforto em seu rosto se dissipou.

Ela olhou para Raviel e viu que ele também estava claramente desconfortável com o som da corrente elétrica, mas ainda estava protegendo os ouvidos dela. Seu coração se sentiu tocado e a ponta do nariz estava com uma sensação um pouco azeda.

- Sr. Raviel... - Andreia o chamou baixinho, com sua voz um pouco embargada por soluços.

Os ouvidos de Raviel estavam rangendo e ele não conseguia ouvir nada, mas ainda sabia o que ela estava dizendo pela leitura labial.

- Ainda se sente desconfortável? - Raviel perguntou com o cenho franzido ao levantar a voz, com medo de ela não conseguir ouvi-lo.

Andreia sacudiu a cabeça e disse de volta igualmente alto:

- Não é mais!

Raviel a ouviu e assentiu com a cabeça.

Logo, o som da eletricidade parou e apenas o avião ainda estava tremendo.

Raviel tirou suas mãos, e Andreia também tirou suas da orelha e entregou seu casaco de volta.

- Obrigada, Sr. Raviel.

Raviel assentiu e pegou o casaco, vestindo-se.

Vendo que ele não estava de cinto de segurança, as pupilas de Andreia se contraíram. Então ela se contorceu e pegou o cinto, querendo o afivelar para ele.

Mas por causa dos balanços do avião, ela tentou várias vezes e não conseguiu enfiar o cinto em sua fivela, então começou a se desesperar.

Raviel olhou para a mulher com a cabeça enterrada em seu colo e seus olhos deram uma escurecida. Então estendeu as mãos e tirou o cinto das dela, dizendo numa voz rouca:

- Eu mesmo posso colocar, você se senta firme!

- Está bem - disse Andreia sem pensar demais, voltando a se sentar direitinho.

Raviel soltou num suspiro de alívio discreto e afivelou o cinto de segurança.

Andreia olhou pela janela com preocupação e perguntou:

- Sr. Raviel, e se acontecer alguma coisa com o avião?

Naquele momento, várias cenas passaram pela sua mente: avião caindo, explodindo, etc.

De repente ela achou que, se realmente o avião cair, seria agradável morrer ao seu lado.

- Não diga besteira. São apenas turbulências, vai passar logo – disse Raviel lhe entregando uma máscara para dormir.

Andreia o pegou com hesitação e perguntou:

- Para que isso?

- Se realmente está com medo, então cubra os olhos. Não sentirá medo se não estiver vendo.

O jeito todo sério dele ao dizer isso fez Andreia rir, espantando bastante o medo em seu coração.

Na verdade, ela queria dizer, que ela não teria medo porque ele estava com ela, mas ela não tinha esse direito.

De repente, Andreia captou algo estranho em seu rosto, e estreitou os olhos ao se aproximar para analisá-lo.

- Sr. Raviel, por que tem um hematoma roxo aqui? – disse ela apontando para o queixo.

Raviel tocou no lugar que ela indicara e seu olhar deu uma escurecida.

- Nada não, devo ter batido em algum lugar.

- Jura? – Andreia não acreditou.

Não é normal se bater nas maçãs do rosto por aí, e é visível que alguém bateu nele.

Então ele teve briga com alguém?

Pensando nisso, Andreia olhou surpresa para Raviel.

Raviel franziu as sobrancelhas de leve e perguntou:

- O que foi?

Andreia abriu a boca querendo perguntar com quem ele tinha brigado, mas pensou por mais segundos, e finalmente resolvi não perguntar nada mais.

- Nada não. Eu tenho um ovo quente aqui. Coloque um pouco no hematoma, senão, vai inchar – disse Andreia tirando um ovo cozido da bolsa.

Raviel assistiu a ela quebrando o ovo na beira do assento e começando a descascar pouco a pouco, e perguntou sem conseguir se segurar:

- Por que você leva um ovo na bolsa?

- Foi Dani que me deu – disse Andreia rindo enquanto descascava. - Ele soube que eu ia embora hoje, então pediu para minha mãe que cozinhasse dois ovos para que eu pudesse comer no avião, deveria ter aprendido na TV.

- Isso é bom – disse Raviel assentindo.

- Pois é, o filho já sabe cuidar da mãe. Eu já comi um, esse pode ser usado por você – Andreia disse terminando de descascar o ovo e se aproximando com ele do rosto de Raviel, rolando o ovo morno sobre seu hematoma.

O seu movimento era suave, e somado ao ovo macio rolando em seu rosto, Raviel fechou os olhos de prazer.

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