Nessa hora, a campainha tocou.
Andreia foi atender a porta de bengala, e Daniel aproveitou a chance, correndo para dentro do quarto.
A porta se abriu e Gilberto entrou com uma maleta de primeiros socorros. Ia abrir a boca cumprimentar quando viu que tinha uma pessoa a mais na sala de estar.
- Sr. Raviel? O que faz aqui? - O olhar afetuoso de Gilberto se tornou muito mais cauteloso repentinamente.
Raviel percebeu que ele não parecia querer recebe-lo em sua casa, e chegava a ser um pouco precavido nas atitudes, então semicerrou seus olhos.
O que esse homem está temendo?
Vendo que Raviel não respondeu, Andreia explicou por ele:
- O presidente Raviel nos deu carona até a casa.
- Jura? - disse Gilberto com um olhar significativo. - Então muito agradecido a Sr. Raviel.
E então ele estendeu uma mão em sua direção.
Mas Raviel o contemplou e novamente não correspondeu a seu cumprimento, dizendo num tom impassível:
- De nada, eu vou indo.
Gilberto não ficou bravo com isso, abaixou a mão e sorriu:
- Sr. Raviel não quer sentar mais um pouco?
- Não, obrigado - disse ele sem emoções ao andar em direção à porta.
Quando passou ao lado de Gilberto, os dois se encararam e se atacaram com o olhar por alguns segundos.
Em apenas alguns segundos, Raviel já tinha enxergado por completo a verdadeira personalidade de Gilberto.
Ele era um homem muito bom em disfarces, mas o seu afeto e carinho eram superficiais, e seu verdadeiro ego era cruel e frio.
Como ela poderia gostar de um cara falso como esse?
Pensando nisso, ele olhou de relance para Andreia.
Ela sorriu, sem saber no que ele estava pensando. Acompanhou ele até o elevador, esperou que ele descesse, e voltou para dentro de casa.
No momento em que fechou a porta, a expressão de Andreia ficou bem feia.
- DANIEL!
Ouvindo o chamado de sua mãe, ele saiu com um sorriso amarelo do quarto.
- Mamãe...
Andreia foi de cara feia até seu filho.
- Diga pra mamãe, por que você está com o lego nas mãos de novo? Da última vez que você arrancou os cabelos da Vanna, mamãe já tinha dito para não brincar com isso, por que você...
- Mamãe, eu sei que estou errado, me desculpa, não vou mais fazer isso - disse Daniel a interrompendo, segurando o canto de sua roupa e o balançando com cara de coitado.
Vendo o filho sendo mimoso, ela engoliu todas as broncas para dentro da barriga. Era difícil vê-lo desse jeito, fazendo-a amolecer, e toda raiva que estava no peito se afrouxou.
Depois de alguns momentos, ela suspirou e cutucou a testa de Daniel ao dizer:
- Que demônio!
Daniel abraçou seu braço, e um brilho esperto passou em seus olhos, ele sabia que seu plano tinha sido um sucesso.
- Andy, aconteceu alguma coisa? - perguntou Gilberto sem entender a situação.
- Essa criança aprontou e quase fez Sr. Raviel ficar bravo, ainda bem que ele não se importou muito, senão eu nem sei com que cara eu iria trabalhar na empresa - explicou Andreia. E então ela se virou para Daniel e apertou sua bochecha. - Agora arruma seu lego direito, se tiver a próxima vez, mamãe vai confiscar seu lego, entendeu?
Ele sabia que sua mamãe não estava de brincadeira, apressando-se em concordar:
- Entendi, entendi.
- Então tá. Vá brincar, mamãe tem que fazer a janta.
Andreia voltou para a cozinha.
Depois do jantar, Andreia levou Giovana para tomar banho no quarto, deixando na sala Daniel sozinho com Gilberto.
Daniel estava debruçado ao lado de Gilberto quando disse:
- Padrinho, pode me ajudar com uma coisa?
- Que coisa? - Gilberto estava misturando o remédio que usaria daqui a pouco quando trocaria as bandagens de Andreia, e se voltou para o pequeno ao ouvir suas palavras.
Daniel olhou com receio na direção do quarto e lhe entregou duas sacolas zipadas.
Gilberto pegou as sacolinhas e olhou, cerrando os olhos de estranheza.
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