Luíza
Lucca solta o ar de forma pesada, agora olhando com mais atenção posso perceber seu ar cansado. Ele está vestindo uma bermuda jeans cor bege, camiseta básica branca e tênis preto, apesar do aparente cansaço ele continua uma completa perdição.
—Posso entrar? Nós precisamos conversar — ele fala focando no meu rosto.
—Não sei Lucca, sinceramente.... Porque agora? O que mudou de ontem para hoje?
—Me deixa entrar Luíza, por favor. Eu prometo explicar tudo que você quiser saber, sempre fui sincero com você e não pretendo mudar isso agora. Só... Só me deixa falar, depois você decide o que quer fazer.
Olho bem para ele parado a minha frete, alto demais, lindo demais — como pode mesmo com raiva eu ainda o querer tão desesperadamente? — Saio da frente da porta, dando passagem para que ele passe. Emma já não está mais na sala, tenho certeza que viu quem era e já tratou de nos deixar sozinhos.
—Senta! — Mantenho o tom neutro e o mais frio que consigo. Ele se senta de um lado e eu do outro, tentando manter uma distância relativamente segura.
—Tenho muita coisa para falar, então só peço que tenha um pouco de paciência.
—Estou ouvindo! — Ele me olha por um tempo, abaixa a cabeça e assente.
—Somos em três irmãos e meu primo, como você já sabe. Desde que éramos crianças Vicenzo dizia que um dia iria ser pai, Elisa vivia andando com bonecas debaixo do braço, cuidava delas como sem fossem reais, Luigi apesar de ser marrento, sempre gostou muito de crianças e quando se reconheceu como homossexual, lembro dele dizer que um dia adotaria um bebê ou uma criança mais velha, Erick que é meu amigo a anos mesmo sendo o pior mulherengo que já conheci também sempre teve essa vontade, mesmo que não estivesse com a mãe da criança, como ele mesmo dizia — ele dá uma pausa pra puxar o ar e me olha bem nos olhos — Já eu Luíza, nunca nem falei sobre o assunto, as vezes que comentei com o meu irmão foi dizendo que um dia, num futuro distante, talvez eu fosse pai — quando ele diz isso eu já entendi que ele não vai assumir esse bebê ou vai pedir que eu aborte, o que não tem a mínima chance.
—Já entendi Sr. Bianchi, não pre... — ele rapidamente me corta.
—Só me escute Luíza, deixe eu falar tudo, antes de tirar conclusões!
—Certo.
—Sempre pensei assim porque tive exemplos muito fortes dentro de casa, meu avô, meu tio e meu pai, principalmente meu pai — nessa hora ela dá um pequeno sorriso de canto, parecendo lembrar de algo bom — Ele é meu herói, é o meu exemplo de homem forte, digno, humilde, sensato e sensível, tudo que ainda não acho que eu seja. O motivo de eu ter entrado em completo pânico ontem, de ter saído daqui sem dizer absolutamente nada, foi primeiramente porque se eu vou ser pai, quero ser o melhor, quero ser o que recebi a vida toda e em segundo lugar, porque se eu ficasse aqui do jeito que eu estava, provavelmente te magoaria mais do que sei que já magoei, eu poderia dizer coisas que não poderiam ser retiradas. Prefiro ver você me tratando friamente por eu ter fugido por um dia do que ter que ficar tentando curar feridas feitas por minhas palavras. Eu estava com medo, na verdade ainda estou.... Não tenho controle sobre nada disso. Porra, eu vou ser pai! Estou inseguro, não me acho merecedor de ser responsável pela vida de um ser, que vai depender de nós dois por anos e mesmo depois de adulto ainda vai ser nosso, ainda vai vir nos procurar para o que quer que seja — Lucca nesse momento tem os olhos vermelhos e marejados, o azul está tão claro, brilham em lágrimas não derramadas — Mas nunca, em hipótese alguma, cogitei abandoná-los, isso em nenhum momento passou pela minha cabeça. Se existe uma mulher nesse mundo que eu posso ter uma família, que eu queira ter uma família, essa mulher só pode ser você Luíza Milani! — Ele termina de falar, deixando as lágrimas que estavam presas rolarem soltas pelo seu lindo rosto e sei que se mostrar frágil não é algo que ele faça com facilidade, sei o quanto estar no controle, de ser impassível a maior parte do tempo é importante pra ele, porém ele está completamente despido nesse momento. Eu não estou muito diferente.
—Eu entendo Lucca, pode ter certeza que eu entendo tudo que você falou e agradeço por ser sempre tão claro comigo. Mas se você se sentiu assim — solto uma risada meio amargar em meio as lágrimas — saiba que senti tudo isso em dobro. Diferente de você eu só tive minha avó por mim, logo Emma e Tia Amália entraram em nossas vidas, essa é a família que eu conheço. Não preciso dizer que não tenho exemplos de homens, você já sabe disso, o Pai de Emma sempre me acolheu e talvez seja a única referência que eu tenho. Então Lucca eu senti mais do que medo! Ontem quando estávamos no consultório, quando foi confirmada a gravidez, eu não consegui proferir nenhuma palavra — falo tentando enxugar as lágrimas e negando com a cabeça - Se a Emma não estivesse comigo, provavelmente eu sairia de lá sem saber dos exames, dos remédios, de nada, eu fiquei sem ação, sem saber o que fazer, se você sentiu medo eu posso afirmar que senti o triplo e quando você saiu por aquela porta ontem... — volto a chorar sem controle e ele não está nada diferente de mim — fiquei devastada Lucca, passou pela minha cabeça o que minha mãe deve ter passado quando meu pai a deixou por não me querer, por ela estar grávida, você não imagina como fui dormir ontem, as coisas que pensei a cada segundo. Não me peça que esqueça o que senti, que te abrace, te beije e fique tudo bem, porque no momento ainda estou magoada. O que posso dizer é que te entendo — ele aperta o lábio com o indicador em quanto acena positivamente.
—Não estou em posição de pedir algo assim para você. Assim que cheguei na casa de campo — então ele estava em uma das propriedades dos Bianchi's — eu já tinha consciência das consequências da minha ação, mas como já disse, prefiro que seja isso a ter que tentar curar palavras ditas como navalhas, eu acredito que palavras ditas são difíceis de serem tiradas, então eu prefiro que seja assim — assinto entendendo o seu ponto de vista claramente e agradecendo mentalmente - Agora quero saber como você está.... Quer dizer, como vocês dois estão?
—Estamos bem. Comi bem hoje e não tive quase nada de enjoo — falo e ele se aproxima mais de mim, já fico atenta porque é perigoso estar perto demais desse homem — Comecei hoje a tomar uma vitamina e ácido fólico que são para ajudar no desenvolvimento do bebê, toda manhã tenho que tomar. Vou ter que fazer uma bateria enorme de exames, são para a prevenção, para ter certeza que estamos bem, essas coisas e quando estiver com tudo em mãos, volto lá para que a Dra. Olivia veja se está tudo em ordem.
—Nossa, quanta coisa! — Sorrio concordando. Realmente são muitas coisas — Quero ir com você na próxima consulta e nos exames. Quero participar e saber de tudo que diz respeito a vocês dois.
—Claro! Isso é bom.
—Você não deveria procurar um obstetra? — Sorrio com a pergunta.
—A Dra. Olivia é ginecologista e obstetra, então não temos que nos preocupar com isso. Inclusive, achei ótimo que seja assim. Ah, deixa eu pegar uma coisa para te mostrar — me levanto indo pegar na bolsa.
—Realmente.... Você já a conhecia, já sentia segurança com ela, então é bom que seja ela — ele fala quando volto e pega minha mão livre, na mesma hora sinto aquela eletricidade passar por todo meu corpo. A mão grande e quente dele cobrindo a minha, apertando firme, mas com certa delicadeza — Me desculpa por ter saído daqui ontem como um moleque irresponsável, medroso e completamente babaca.
—Eu já disse que está tudo bem Lucca, só... — solto um suspiro pesado — só vamos seguir, vamos pensar no que vai vir pela frente e em como vamos dar a notícia para sua família. Olha isso... — ele abre o primeiro sorriso de verdade desde que chegou aqui.
—É o bebê? Nossa, parece um feijão! — Sorrio pra ele — Sobre contar pra minha família, pensei um pouco sobre isso quando estava no campo. Hoje ainda é terça, pensei que podíamos fazer um almoço na casa dos meus pais, você só precisa dizer se prefere sábado ou domingo. Só minha família, o Erick, Emma e Adam.
—Gosto dessa ideia, você vai querer contar de algum jeito especial ou só falar? Amanhã vou ligar para a Tia Amália, mesmo longe quero que ela saiba. E sobre o tamanho do bebê, eu estou aparentemente com seis semanas de gestação, quase dois meses completos para falar de um jeito mais simples. Ainda não conseguimos ouvir o coração, mas quem sabe na próxima.
—Realmente fizemos esse bebê naquele dia louco e quero muito que chegue o dia dessa consulta, estou curioso e com dúvidas — ele fala fazendo uma careta engraçada arrancando uma risada minha — Se você tiver alguma ideia legal, podemos contar com ela e acho ótimo que diga a mãe da Emma.
—Vou pesquisar alguma ideia, você pode procurar algo também! E sim, pelo que parece o fizemos naquele dia — falo fazendo ele sorrir de lado. Esse sorrisinho.... Não sei qual sorriso me derrete mais!
—Vou procurar! O Adam já sabe também?
—Sabe sim, ele e Emma ficaram comigo o tempo todo ontem, ele até dormiu aqui.
—Sinto muito que tenha se sentido abandonada — ele nega com a cabeça como se tivesse se punindo — Você sente algo de diferente? Seu corpo, sua barriga, não sei.... Olhando pra você não consigo ver nada de diferente, só acho que seus seios estão um pouco maiores ou pelo menos é o que parece — ele fala meio incerto franzindo o cenho.
—Eles estão maiores mesmo e também estão mais sensíveis. Fora um pouco de enjoo e aquela fome que você já sabe que venho tendo de maneira absurda, não sinto nada.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu CEO Dominador
Ué, cadê o resto do livro ?...
Ué, concluido assim, 4 capitulos?...
Mas capítulo por favor...