Meu Delegado Obsessivo romance Capítulo 54

Cecília

Assim que meu olhos foram se abrindo, eu senti uma dor imensa na lateral da minha cabeça e logo me lembrei da presença do carinha mal encarado lá no ponto de ônibus

Pra mim aquilo era normal, de pessoas mal encaradas é que o ônibus ficava cheio, tanto na ida como na volta. Na ida era por conta das pessoas estarem ainda com a memória viva do colchão vazio e ter que passar uns bons minutos dentro de uma lata de sardinha só na disputa de quem pegava o lugar do lado na janela, só para ir o caminho todo sem se incomodar da cabeça ir batendo no vidro, tamanho era o sono. Na volta, a cara feia era por conta do desespero de querer chegar logo em casa depois de um dia de cão e não poder acelerar a velocidade do ônibus porque ela era controlada, então, nem senti frio na barriga quando mais um mal encarado parou do meu lado antes de eu subir naquele ônibus

O problema era que com aquele eu devia ter me preocupado, justo aquele carinha estava todo disposto a fazer coisa errada com a minha humilde pessoa. Eu percebi quando aquela voz rouca saiu baixa, bem próxima do meu ouvido, só para garantir a entonação certa, aquela que atiçava o meu maior medo e confirmei quando do nada, senti uma dor na lateral da minha cabeça, causada por um objeto até então desconhecido

Ali, olhando para o teto, eu comecei a ter ciência do que estava por vir. Jamais que uma pessoa pegaria a outra, na surdina, pra brincar de casinha ou fazer agrado, jamais, ainda mais eu, a mulher que todos já estavam sabendo que tinha um relacionamento com o delegado Thierry

No meio daquilo tudo eu ainda consegui pensar nas minhas alternativas, o problema é que eu não vi nenhuma que realmente pudesse me ajudar. Se eu gritasse, além de chamar a atenção de gente desnecessária, com certeza não ia ter o resultado esperado porque lógico, eu não estava num hotel cinco estrelas aonde todo mundo se preocupa com todo mundo e também nem via jeito de tentar arrombar a porta ou de abrir, no cuidado, a janela do lugar, eu não tinha essa habilidade toda, então, só me restava mesmo esperar quem quer que seja aparecer e fazer a única coisa digna diante de mim, implorar desesperadamente pela minha vida

Quanta inocência, aonde uma pessoa que correu o risco de se enfiar no meio de tanta gente, agora ia ficar com dó e devolver a minha liberdade só porque a minha carinha de boneca tinha ganhado a graça dele, claro que não né e ele me mostrou isso quando entrou igual a um furação dentro do quarto aonde eu estava, pegou um pedaço de madeira e se acabou de me bater, na real, eu nem sei quando foi que ele parou porque eu não aguentei... tentei, mas não aguentei, voltei para o meu desmaio novamente

Nem sei quanto tempo fiquei desacordada e quando acordei, não foi lá aquelas coisas. Eu me lembro de sentir braços largos me carregando, firme, como se estivesse correndo, me lembro de escutar várias vozes juntas, gritando, se xingando, dizendo muitas coisas que meu cérebro não deixava que eu entendesse muito bem, só conseguia escutar algumas palavras... "invasão, sequestro, polícia, delegado..."

Eu queria tanto responder, gritar por ajuda, como eu fiz quando estava apanhando, mesmo que a minha memória ainda me lembrasse de que nada adiantou aquele meu desespero todo, mas eu queria mesmo assim, me acabar no grito

Menor - Chefe, peguei a guria

Imperador - Leva ela pra casa da rua sete e deixa ela lá até a segunda ordem entendeu?

Menor - Tá tendo muito tiro aqui chefe, não sei se consigo chega lá não

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