Vê-la tão próxima de David trazia pensamentos negativos, Alexander acreditava que não era capaz de manter o relacionamento ou realizar tarefas para ajudar a família naquelas condições. O silêncio se estendia entre os dois, ele ajeitou os óculos e arrumou a coluna no encosto da cadeira de rodas.
— Por que você está com tanta raiva? — Nicole cruzou os braços. — Toda essa hostilidade para se manter no controle não vai te levar a lugar algum.
Nicole pegou a bolsa que estava em cima da mesa, parou em frente a cadeira de Alexander e encarou os olhos de uma cor azul-cobalto.
— Você vai me punir com o silêncio? — Ela insistiu; todavia, ele a ignorou.
Nicole girou os calcanhares, porém a mão comprida segurou-a pelo braço direito.
— Me perdoe! Não consigo parar de pensar que talvez eu não seja o suficiente para você. — Ele voltou o pensamento para si mesmo. — Fazer amor com você hoje de manhã foi maravilhoso, mas eu queria ter feito mais para te satisfazer — murmurou a voz um pouco mais rouca. — Tenho medo de perder você.
Alexander massageou a nuca em um gesto inconsciente, a insegurança era um sentimento tão negativo que o deixava inquieto.
O coração amoleceu diante da confissão do esposo, apesar da relutância em perdoá-lo, ela agachou-se próximo à cadeira de rodas.
— Deixe essas preocupações bobas de lado. — Tocou-lhe o joelho. — Eu não preciso de outro, você é o suficiente para mim.
O indicador acariciou a maçã saliente do rosto de Nicole.
— Eu só quero o meu homem! — Suspirou com o carinho de Alexander. — Você entendeu? — indagou, cautelosa.
O sorriso dele abriu em uma curva perfeita, pegou o rosto dela por entre as mãos e deu um beijo de leve nos lábios.
— Agora vamos! — Nicole se afastou. — Estamos atrasados para a consulta.
Na sala da fisioterapeuta, Alexander segurou no braço da cadeira enquanto a médica explicava tudo sobre os exercícios para a fase de reabilitação.
— Faremos alguns alongamentos e treino de mobilidades como deitar, rolar, transferências de peso...
— Eu sei, doutora Werneck! — Interrompeu-a com uma expressão aborrecida.
— Alexander, deixe a doutora terminar de falar.
Nicole segurou a mão dele, precisava acalmá-lo.
A fisioterapeuta abaixou a cabeça e verificou as anotações.
— Nos últimos dias, sentiu alguma dor ou dormência?
— Não! — exclamou a voz grave. — Aconteceu algo diferente esta manhã. Tive uma ereção e fiz amor com a minha esposa.
O rosto de Nicole ruborizou diante da indiscrição do marido, se pudesse, fugiria dali como uma gazela assustada. Ela franziu a testa e mirou o homem que esticou os lábios em um sorriso.
— Isso é uma boa notícia! — A médica não se intimidou.
Claire Werneck já estava acostumada com a hostilidade de alguns de seus pacientes na primeira consulta. A médica digitou algumas informações e atentou para a tela do notebook. Os cachos bem armados caíam ao lado dos acentuados traços faciais da pele morena.
Após verificar todas as queixas e evolução de Alexander, a fisioterapeuta organizou os objetivos em forma de plano de tratamento.
— Escolheu algum esporte?
— Não! — respondeu em tom seco.
— Sugiro que escolha algum esporte ou atividade que auxilie no seu equilíbrio e no desempenho — disse Claire. — Lembro que o vi algumas vezes na academia. Acredito que não terá tantas dificuldades com os exercícios.
— Então vocês já se conhecem?
Alexander e Nicole se entreolharam.
— Dra. Werneck e eu cursamos o primeiro período de medicina na mesma faculdade.
— Isso foi devido ao meu pai! — Claire sorriu. — A minha sorte foi quando eu viajei para França e encontrei com ele. Depois dos conselhos do Alexander, segui meu coração e cursei fisioterapia.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu Homem! Volume 3 da trilogia Doce Desejo.