Eu odiaria admitir o quanto estava preocupada com o que Bruno iria pensar de mim. Ele sempre me disse o quanto a achava vulgar uma mulher com marcas de chupão. Ainda que não tivesse acontecido nada ele jamais acreditaria em mim.
Eu estava numa situação em que realmente dava as pessoas o motivo para pensarem mal de mim. Não importa o que eu dissesse não tinha álibe suficiente para isso.
Ninguém saberia que eu passava as tardes na casa do meu namorado. Tia Lili vai me perguntar e vou tomar uma bronca bem grande depois de dizer a verdade, porque eu não teria coragem de mentir pra ela. Ela é melhor pra mim do que minha própria mãe.
Eu estava arrependida e magoada.
Mesmo assim tentei disfarçar o máximo possível para que meu namorado não percebesse. Talvez eu devesse descontar minhas frustração nele...
Quando entrei pela porta da sala tudo parecia calmo, a casa parecia vazia. Eu caminhei até o meu quarto e me deitei lá até dormir. A noite já havia caído e eu me sentia menos preocupada. Desci as escadas e jantei com "minha família". Eles até me fizeram rir e ninguém perguntou o porquê de eu não ter aparecido durante a semana.
Pensei que ninguém tivesse recebido a mancha que havia adquirido tons de roxo no meu pescoço. Uma ilusão que durou até o momento em que Lilian me pegou sozinha enquanto lavava as louças. Ela me olhou por um tempo sem dizer nada e depois me fez uma pergunta que fez me corpo inteiro gelar.
_Qual o nome do rapaz?
_O... O.oi? - Perguntei tentando pensar numa saída.
_Eu perguntei quem foi o rapaz que fez isso no seu pescoço. Eu sei que você anda indo para casa dele, sei que mantém um relacionamento com esse rapaz. Quero saber quem ele é. Quero falar com ele principalmente... Agora que as coisas... Andam sérias entre vocês. - Tia Lili enrugou a testa e eu me senti a pior pessoa do mundo por isso.
_Tia não tem nada sério...
_Essa marca no pescoço me diz outra coisa, aliás, isso é muito vulgar Ana.
_Tia... Foi sem querer!
_Não foi sem querer! Isso foi intencional, claro que foi. Se sua mãe ver isso... Vocês estão se protegendo!? - Ela fala de uma forma tão tranquila e casual que nem parece estar me dando uma bronca.
_Tia! -;Disse desesperada. - Não aconteceu nada! Juro. Não... Nós não... Olha. - Passei as mãos no rosto. - Eu sou virgem tia, sem sexo. Não fizemos nada. - Ele fez isso na verdade. Mas foi só isso!
_Traga ele no próximo fim de semana vamos conversar sobre as regras de conduta aqui, tudo bem?
_Tudo bem... - Respondo sabendo que não poderia dar outra resposta.
Lílian é quase como uma mãe adotiva, na maioria das vezes ela é mais minha mãe do que a de verdade.
_Eu te amo minha florzinha.
_Também te amo.
...
No dia seguinte Bruno viu minha marca e apesar de não dizer nada ele me fez aquela cara de desgosto.
Na escola eu não tive a mesma sorte, infelizmente tínhamos educação física, a blusa cavada do uniforme deixou a maldita marca, que eu até tinha me esquecido, bem exposta. Meus colegas se quer esperaram o intervalo para espalharem as fofocas e os mais variados nomes que classificavam a minha situação. Dentre as mais variadas histórias a meu respeito a pior delas foi dizerem que eu tinha ficado com dois caras.
Quanta imaginação esses adolescentes do ensino médio tinham...
Já no fim do intervalo enquanto atravessava o pátio percebi uma briga. Não sabia ao certo quem estava na briga e porque até ouvir a voz Bruno. Merda! Meu amigo havia se metido em uma briga, minha tia ia matar ele com certeza!
Foi por isso que me aproximei do bolo de gente. Para o meu espanto Bruno estava brigando com meu namorado. Me enfiei no meio dos dois com o intuito de separar. O que de certa forma deu certo. Eles pararam de se bater mas começaram os xingamentos e acusações.
No meio dos dois me senti frágil e confusa. Era estranho ver o Bruno naquela situação ele nunca foi dado a violência, sempre foi mais apaziguador...
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